Capítulo 19

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" Eu reparei no seu olhar

E não tremeu quando chegou a me tocar

Não pode ser, que insensatez

Jamais alguém me olhou assim alguma vez " - Fera, A Bela ea Fera

O barulho dos passos era o único som cortando o silêncio durante aquela manhãzinha amena em Alexandrita. Aura, Yanna, Morgan e seu grupo trilhavam o caminho de volta a Papoula, todos pareciam extremamentes cansados com a longa semana em Amarílis.

Durante os sete dias em que ficaram lá, a vida deles se resumia a pular de festejo em festejo, dentre festas, rodas de dança, luau à meia luz, peças teatrais, orquestras e corais. Até mesmo Aura, que se mostrava sempre animada para todo tipo de atividade, no momento queria jogar-se sobre sua confortável cama na Corte de Lord Eredor e, dormir por dois dias seguidos no mínimo.

Morgan então, não aguentava mais ver tanta cores, festas e roupas vergonhosas. Teve de admitir a si mesmo que estava louco para voltar a Papoula, e que agora a corte do elfo não lhe parecia mais tão ruim assim.

Já Yanna tinha o semblante retorcido em confusão, estava imersa em seus pensamentos que no momento estavam voltados a Aura. A garota havia passado a semana correndo para todos os lados e seu corpo, não havia demonstrado nenhum sinal óbvio de fraqueza, além das dores de cabeça constantes, mas isso a guerreira não tinha certeza se podia atribuir a maldição. A corte era estupidamente barulhenta, até ela mesma sentiu que seu cérebro em alguns momentos fosse explodir. Seria isso um bom sinal? Talvez a maldição tivesse enfraquecido depois de tantos remédios testados por Eredor em Aura desde a infância.

Ela olhou para Aura que caminhava à sua frente com Morgan ao lado, o que já não lhe surpreendia mais. Os dois passaram a semana toda dessa forma, colados, quase como se fossem uma espécie estranha de casal em época de acasalamento. Estalou a língua e bufou de irritação, se aproximando um pouco mais para escutar a conversa que havia acabado de se iniciar.

- Estou morta de cansaço... - a loirinha murmurou, e Morgan deu uma risada preguiçosa.

- Por que será, raio de sol? - A voz dele continha uma ironia divertida.

- Ei, eu não aproveitei tanto assim! - Ela exclamou em uma falsa irritação.

E outra vez ele riu. Yanna revirou os olhos em descontentamento. Era sempre assim, ela falava e ele sorria, como se fosse o ser mais simpático do mundo.

- Claro, vamos fingir que a senhorita se comportou direitinho - Morgan gracejou, arrancando risadas da princesa que o empurrou com o ombro.

Pelo Deus da Floresta! Pensou Yanna irritada. Os dois nem mesmo faziam questão de esconder o terrível e inconveniente clima que crescia entre eles.

- E vamos fingir que você não reclamou nem por um segundo, Senhor Rabugento! - Aura cruzou os braços com um sorriso divertido em seus lábios.

- Eu não reclamei tanto assim - o daemon franziu as sobrancelhas, mostrando-se indignado.

- Jura? - Aura questionou. - Oh! Tem cores demais Anne, ficarei cego. Por que aqui é sempre tão feliz? Se eu me transformar em dragão e assustá-los será que consigo dois minutos a sós com você?! - ela o imitava, não só pela voz grossa que forçava, mas a postura ereta e o olhar superior.

Morgan tentou contrair os lábios para segurar o riso mas foi em vão, segundos depois ele ria alto da imitação proporcionada por ela.

- Devo admitir, você tem talento! - o ser sombrio respondeu, dando um peteleco no nariz dela. E outra vez os dois caíram na risada.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt