Capítulo 32

509 97 2K
                                    

“Nós, mulheres, temos que nos ajudar.”
— Cinderela, 2015


Aura acordou com um sorriso nos lábios. O calor confortável do corpo de Morgan contra o seu, que a abraçava com firmeza mesmo enquanto dormia, além de sonhos agradáveis dos quais ela não se lembrava bem, haviam embalado seu sono com maestria invejável. Se espreguiçando, Aura se sentia elétrica demais para continuar na cama.

O ocorrido da noite passada martelava em sua cabeça com insistência e ela precisava conversar sobre aquilo com alguém. Havia sido arrebatadoramente maravilhoso? Com certeza! Mas ainda sim, Aura se sentia um tanto confusa por entrar em um solo tão desconhecido sem nenhum preparo.

A verdade era que Aura, por mais que vez ou outra roubasse algum livro de seus irmãos sobre o assunto, nunca havia tido uma conversa real. Ela não conseguia, se fosse sincera, sequer imaginar ela tendo uma conversa com seus irmãos sobre tais coisas e a ideia de ter uma conversa longa com seu pai, sobre qualquer assunto, era até mesmo divertida.

Com todo o cuidado do mundo para não acordá-lo, Aura retirou o braço de Morgan de sua cintura e o colocou com suavidade no colchão e se levantou.

Aura não tirou o pijama, apenas pegou uma grossa coberta do armário de Morgan e se enrolou contra ela, saindo rapidamente do quarto.

Caminhou com os pés descalços contra a pedra fria que compunha o chão da caverna, em direção ao quarto de Eileen. Com os nós dos dedos, Aura bateu algumas vezes contra a porta de mogno e não demorou muito para que Eileen a atendesse.

Os cabelos cacheados de Eileen apontavam para todos os lados em uma bagunça escura, cobrindo parcialmente seus olhos verdes. Ela vestia um pijama vermelho, que deixava muito de sua pele negra exposta e era óbvio que ela havia acabado de acordar, ainda parecendo meio tonta de sono.

— Olha o que temos aqui, um pacotinho de Anne — Disse a bruxa com diversão, ao ver Aura toda enrolada na coberta, como um casulo.

— Você estava dormindo? — Perguntou Aura, tirando alguns fios do cabelo de Eileen dos olhos, com os dedos.

— Na verdade, eu acabei de deitar — Eileen deu de ombros, enquanto dava espaço para Aura entrar no quarto. — Eu estava...

— ... Na biblioteca — completou Aura, rindo. — Eu gostaria de saber o que você tanto lê.

— Conhecimento nunca é demais, loirinha — disse Eileen esfregando os olhos e fechando a porta atrás de si. — Canalizar a magia das palavras é uma arte sutil e muito...

— Ah, fala sério! — Gritou uma voz do outro canto do quarto. Aura olhou surpresa para a direção, percebendo que vinha de um grande amontoado de cobertores. — Quanta tagarelice!

Eileen e Aura se entreolharam antes de caírem na risada diante do mau humor rotineiro de Yanna.

— Ela sempre foi assim quando acorda? — Eileen perguntou.

— Só quando não a deixamos dormir o suficiente — respondeu Aura, dando de ombros.

Ainda rindo, Aura se jogou sobre os cobertores que cobriam Yanna, deitando-se ao lado da ruiva.

— Oi! — cumprimentou Aura, sorrindo para a amiga.

— Oi... — resmungou Yanna, cobrindo o rosto. — O que há tão cedo?

Aura observou Eileen caminhar de volta para a própria cama, com um olhar divertido para as duas.

— Eu queria conversar com vocês duas — disse Aura, descobrindo o rosto de Yanna que, a contragosto, sentou-se sobre o acolchoado de pena.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum