Capítulo 55

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Eu sei que é repentino mas, casaria comigo? - Príncipe, Cinderella III, Uma volta no tempo

— Tudo está da forma que me ordenou, meu Senhor. 

Ergon se pronunciou, enquanto caminhava com a figura imponente do lorde de Narciso ao seu lado, mais conhecido pelos outros como Lorde de Aço. O homem observava cada canto do campo de treinamento com atenção, como se buscasse por algo que não estivesse de seu agrado, porém, nada encontrou. 

Os mais velhos estavam treinando, esparramados pelo campo, enquanto os mais novos conversavam em um tom extremamente baixo, da forma que ele apreciava quando estavam em sua presença. 

— Está fazendo um bom trabalho, Ergon — elogiou, arrancando um suspiro de alívio do daemon de cabelos ruivos. — Tem algo para me informar? 

Ergon viu o lorde desviar a atenção dos outros daemons, voltando-a exclusivamente para si.

— Um morreu essa semana — ele contou. — Quando tentou ir além da área demarcada.

Essa era a função daqueles estranhos braceletes prateados que tinham em seus braços. Controle; Com aqueles objetos, por algum motivo que estava além do conhecimento de Ergon, Gordon tinha o total controle sobre eles. Era aquilo que mantinha os daemons em total submissão. 

Uma ordem foi dada a todos quando ainda eram meninos, em seus primeiros dias no lugar desconhecido: "Não ultrapassem a área demarcada, ou morrerão" Dito e feito, alguns até tentaram, mas serviram de exemplos para os outros ao se contorcerem e gritarem no chão, até a morte. 

Ergon não entendia como aquilo tudo funcionava, no entanto, seja como fosse, respondia a qualquer ordem de Gordon, esse era o motivo pelo qual ele e Slyter conseguiam passar pela linha pintada no chão pelos guardas, que cobria as celas, uma parte da floresta e o campo de treinamento em um enorme círculo. Gordon havia autorizado a saída de ambos. Não podiam sair de Alexandrita, apenas em casos que solicitassem, e mesmo tendo acesso para deixar Narciso, não era permitido que fosse feito sem alguém como companhia, sendo quase sempre: Gordon, Phillipe ou algum guarda. 

Esse estranho controle mágico que Gordon possuía sobre eles, não era apenas utilizado quando se rebelavam e tentavam passar pela linha, em alguns momentos, quando algum deles o irritava, era motivo suficiente para que uma dor desumana tomasse conta de seus corpos. Claro que Ergon nunca sentiu algo semelhante, afinal, ele era da confiança de Gordon, o seu favorito, aquele em quem ele confiava para lhe informar sobre todos e também prestar alguns serviços. 

— Tem algo mais a me informar?  — Gordon indagou, com um olhar desinteressado em seu rosto, devido ao assunto anterior. 

— Não, creio que não.  

Diferentemente de Gordon, Ergon não conseguia deixar de pensar no daemon gritando, enquanto rolava desesperadamente pelo chão. Não que se importasse com o outro, na verdade achava bem merecido, um imbecil que morreu acometido pela própria imbecilidade. Entretanto, não podia negar que a dor parecia insana, até mesmo o enjoou. 

Assim que se lembrou de outro assunto, ele voltou a dizer: — Na verdade senhor, o daemon que fugiu voltou a ser comentado entre os outros. 

— Mande que castiguem de maneira severa qualquer um que ousar falar sobre isso — decretou Gordon, correndo os dedos despretensiosamente em sua capa. 

— Eu irei, meu senhor — Ergon garantiu, seu tom repleto de orgulho por mais uma ordem recebida, a qual ele mal podia esperar para exercer. 

— Você é um bom rapaz, Ergon — disse Gordon, um sorriso discreto nascendo em seu rosto por trás da barba loira escura. — E é como um filho para mim.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOnde histórias criam vida. Descubra agora