Capítulo 7

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Mas se seguir os passos de um estranho, você aprenderá coisas que você nunca viu - Pocahontas.

Aura caminhava ao lado da guerreira de volta a pequena casinha dentro da grande árvore que agora era seu lar, em um silêncio opressor. Elas passaram pelo jardim de flores gigantes que ficava a poucos metros do centro da Corte de Papoula e de sua moradia. O som dos passos quase não se era ouvido diante do barulho das pessoas que permaneciam no festival, e ficariam lá até o nascer do sol, algo que não demoraria muito a acontecer.

Ao chegar em seu destino, Yanna abriu a pequena porta de madeira, e assim que Aura passou por ela, a guerreira trancou, pronunciando um feitiço para garantir que ninguém conseguiria entrar ali, sussurrando a palavra "Trancárium". Afinal não se sabia se algum maluco que havia bebido muito Hidromel seria capaz de invadir o espaço das duas com alguma má intenção. Por precaução, a guerreira também conferiu as trancas da janela.

Yanna voltou sua atenção para Aura, que estava sentada sobre a cama com um sorriso aéreo.

- Pode ir tirando esse sorrisinho do rosto - disse Yana, colocando as mãos nos quadris.

- Ah Yanna, você viu como ele olhou para mim? - Aura riu, sentindo suas bochechas corarem.

- Oh, não Aura! - Yanna exclamou, sentando-se ao lado da princesa. -Diga que não se apaixonou por aquele homem! Ele não é daqui! Pensei ter te ensinado a detectar essas coisas.

- Ninguém se apaixona tão rápido! - Disse Aura, seu sorriso morrendo lentamente. - Mas você não pode sair por ai julgando as pessoas pelo lugar de onde elas vieram.

- Você sabe muito bem o que aconteceu da última vez que alguém de Ametista esteve aqui - Yanna rangeu os dentes, mas no fundo sabendo que a princesa não a ouviria.

- Oh...não diga bobagens - Aura suspirou pesadamente, sentindo-se frustrada - Não é como se todos que vieram de Ametista, fariam o mesmo que Male. - Lembrava-se bem dos comentários dos cidadãos de Alexandrita sobre male. Cruel, monstruoso, com chifres e garras enormes, um terror em forma de ser.

- Tá, sei...sei... - Yanna murmurou. - É melhor dormimos, o dia será longo.

Aura assentiu deitando-se ao lado de Yanna na cama. Ela tinha razão, o dia seria longo. A bagunça causada pelo festival não se limparia sozinha. E de qualquer forma, estava morrendo. O que menos precisava era de outra vítima de seu cruel destino, outra pessoa sofrendo sua perda.

Morgan corria os olhos pela multidão que mesmo com os primeiros e tímidos raios de sol que surgiam no horizonte, ainda dançavam e bebiam, alegres demais para serem interrompidos.

Ele estava a beira de entrar em pânico. Andará pela maior parte da madrugada e nenhum sinal dos gêmeos.

- Eu vou matá-los - sibilou Eileen, agarrada ao braço de Lyones. - Aqueles irresponsáveis.

Morgan assentiu, embora estivesse levemente aliviado da raiva e preocupação da amiga estarem agora direcionadas à Ezra e Eden, e não a ele.

- Como a gente pôde perdê-los? - Gemeu Lyones que parecia meio curvado pelo peso de seus ombros, seus olhos azuis inchados de sono.

Morgan resmungou de frustração quando uma Dríade meio bêbada derramou um pouco de sua bebida sobre ele, enquanto cambaleava na direção oposta.

- Por todos os deuses... - ele murmurou irritado. - Eu juro que vou...

Mas seja lá o que Morgan pretendia dizer, foi interrompido quando uma mão pesada agarrou seu ombro, forçando-o a se virar.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaWhere stories live. Discover now