Capítulo 53

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- "Escute o seu coração e você o entenderá." - Pocahontas

Morgan não pôde deixar de rir ao ver Eileen enrolada em seu chale como uma lagarta em seu casulo. A Floresta estava fria naquela manhã, a brisa gélida parecia queimar a pele, tomando a força seu calor, mas Morgan se sentia bastante confortável com seu casaco, o qual Eileen havia esquentado de forma mágica.

A bruxa havia feito o mesmo com o próprio chale, mas a magia só funcionava nas regiões cobertas pelo tecido, então lá estava ela, enrolando-se no tecido macio como uma múmia.

A dupla esperava pacientemente, ou nem tanto no caso de Morgan, pelo príncipe Serpens. Mais cedo, naquele mesmo dia, Morgan havia enviado para o príncipe uma carta, avisando que iria até a Corte Geminius, e gostaria que ele os acompanhasse e o príncipe respondeu que iria com prazer, afinal, tinha algo a discutir com Alhena.

Eileen não podia negar que, em um primeiro momento, havia achado a escolha de companhia de Morgan um tanto surpreendente. Afinal, desde quando Morgan era tão... Solto, com desconhecidos? Mas Eileen havia gostado. Era tão bom, para ela, ver alguém tão fechado como Morgan conhecendo feéricos diferentes, e se sentindo bem ao redor de outras pessoas que já haviam provado serem confiáveis.

Quando ambos finalmente avistaram Serpens, o príncipe se deslocava por entre as árvores com elegância. Suas longas asas acinzentadas estavam erguidas, causando uma grande sombra pela grama violeta abaixo de si.

- Desculpem pelo atraso - pediu ele, beijando a mão de Eileen e apertando a de Morgan como sempre fazia. - Tive umas complicações pelo caminho.

- Não faz mal, devemos estar lá em poucos minutos - respondeu Morgan, tirando a ametista dada por Maegi do bolso. Ele a apertou, girando-a nos dedos e fechou os olhos, esperando pela desagradável sensação de deslocamento.

Nada.

- Ahn... Era para acontecer alguma coisa? - Perguntou Serpens, diante do silêncio prolongado.

- Bem, sim - Morgan ergueu a pedra acima da cabeça, vendo-a sob a luz pálida do sol. - Essa pedra deveria nos levar para Geminius.

- Ela não parece muito mágica pra mim - Serpens observou a pedra sob o ombro de Morgan.

Eileen ergueu-se na ponta dos pés para tomar das mãos de Morgan a pedra que ele erguia e a girou nas mãos, atentamente.

- Não há qualquer sinal de magia recente nesta pedra - esclareceu Eileen, após sua avaliação. - Maegi deve ter interrompido o portal.

- Ela é mesmo rancorosa - Serpens comentou, contendo uma risada. - Vamos andando, então?

Morgan suspirou, guardando a pedra no bolso e tentando não se sentir culpado. Ele correu seus olhos, encontrando os verdes de Eileen e quase pôde ouvi-la dizer: "Bem, aqui se faz, aqui se paga." em alto e bom som.

O trio começou a caminhar pela floresta em um silêncio tranquilo. Eileen cantarolava alguma música com os lábios fechados e Morgan pensava no que dizer.

- E então, como está sua garota? - Foi Serpens quem indagou.

- Anne está bem - ele disse em retorno.

- Ela é divertida. Vocês fazem um casal adorável. Dá pra sentir o amor de longe!

- Nunca vi um casal igual - Eileen concordou, cutucando o ombro de Morgan com a ponta dos dedos, rindo enquanto o daemon lutava para conter o sorriso, empurrando-a para longe.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu