Capítulo 33

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"Nós vamos estar juntos em todo lugar
Quando não há caminho algum
Você vai nos seguir
Então vamos descobrir
Somos mais do que mil
Somos um."-Simba, Rei Leão 2"

Ali, na biblioteca parcialmente iluminada pelas mágicas bolas de luz, Morgan sentia seus olhos ardendo. Ele não tinha certeza de quanto tempo havia se passado desde que havia se sentado, mas ao sentir seus músculos protestando ardentemente quando mudou de posição, ele supôs que muito tempo. As pequenas letras do velho livro em suas mãos se misturavam, como se fossem pequenas cobrinhas se arrastando pelo papel, e ele piscou com força para afastar a sensação. 

Resignado, Morgan ergueu os braços para se espreguiçar e ouviu alguns ossos estalando. Ótimo, ele pensou mal-humorado, ficaria com dores nas costas e teria que pegar alguma poção com Eileen. 

Ele olhou com frustração para a pilha de pergaminhos na escrivaninha ao seu lado, como se estes fossem os culpados de todos os seus problemas. Maegi ainda não havia lhe mandado nenhuma resposta e aquilo o incomodava como um espinho, alojado dolorosamente entre suas costelas, causando-lhe pontadas de dor para garantir que não seria esquecido. Quando ela entraria em contato? Ela chegaria a entrar em contato? A incerteza fazia a cabeça do daemon girar em pura agonia. 

Morgan fechou os olhos e balançou a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos de si, em vão, é claro. Não podia se fixar naquilo, ou iria enlouquecer. Ele pensou que seria bom dormir um pouco, apesar de não ter certeza de quanto tempo passara lendo, o rapaz sentia que era muito e que provavelmente todos já estavam submersos em seus sonos. 

Quando estava prestes a se levantar para ir para cama, a porta da biblioteca se abriu, revelando Lyones, com os cabelos prateados mal presos e um sorriso no rosto. 

— Venha comer, Morgan — disse ele, com empolgação. — Eileen fez o desjejum hoje, não os gêmeos, então é seguro. 

Diferente do amigo, Morgan não riu. Desjejum? Ele passou tanto tempo assim enfurnado naquela biblioteca?

— Anne já está lá — completou Lyones, para incentivar o amigo. Não foi preciso dizer mais nada.

Morgan seguiu Lyones em direção a cozinha. A pedra maciça que compunha o chão parecia mais brilhante e polida, Morgan supôs que, depois do fiasco do desjejum dos gêmeos no dia anterior, Eileen deve ter atiçado alguns fortes feitiços de limpeza. 

— Olha só quem apareceu — a voz debochada de Yanna tirou Morgan de seus pensamentos. 

Todos já estavam presentes. Ezra não parecia totalmente acordado, com a cabeça deitada sobre o ombro de Eileen, que acariciava os cabelos prateados do daemon enquanto ria de algo dito por Eden. Seu raio de sol também estava lá, radiante como sempre e também ria de Eden. A risada da loira ecoou pelo interior de Morgan, aquecendo-o e fazendo-o estremecer, fazendo sua dor parecer insignificante. Pelos Deuses, nunca ia se cansar de achá-la incrível. 

— Oi, Mor — ela o cumprimentou, voltando seu sorriso para ele. Morgan tentou sorrir, mas não se sentia no estado de espírito para que parecesse verdadeiro. — Você está bem? 

— Estou — Ele respondeu, queria se sentar ao lado dela, mas a garota estava entre Ezra e Yanna. 

A conversa na mesa seguiu animada, e Morgan foi o único a não participar verdadeiramente, mantendo seus olhos fixos na comida que ele forçava para dentro sem verdadeiramente querer.

— Mor, você está mesmo bem? — Perguntou Aura outra vez, gentilmente. 

Antes que Morgan pudesse formular uma resposta, Eden soltou uma risada. 

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOnde histórias criam vida. Descubra agora