Capítulo 74

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"Eu fiz isso com você. Conosco." — Merida, Valente

Quando Aura sugeriu que jogassem um jogo que ela aprendeu em Ametista, ela genuinamente não esperava que Phillipe fosse concordar.

Mas, para a total surpresa da princesa, o lorde passou boa parte da manhã andando pelos jardins do palácio, se ocupando em conseguir o número necessário de folhas, o mais idênticas possíveis, para que pudessem fazer as cartas do jogo. Afinal, não existiam jogos de cartas em Alexandrita, então o jeito seria improvisar.

Quando Phillipe retornou, reclamando audivelmente sobre folhas estúpidas que nunca eram iguais o suficiente, a princesa teve certeza de que ele teria desistido, mas então o rapaz tirou de dentro do casaco três dezenas completas de folhas assustadoramente idênticas, depois de confessar que ele mesmo havia usado sua magia da primavera para criá-las, após não ter achado folhas idênticas naturalmente. Os dois então se ocuparam em pintar símbolos e números nas cartas, para orquestrar o jogo.

Em determinado momento, Phillipe reclamou sobre como as estrelas pintadas por Aura mais pareciam insetos esmagados e, em retaliação, a fada passou o pincel sujo de tinta na bochecha do lorde, iniciando uma guerra colorida.

Então, qual não foi a surpresa de Primrose ao entrar no quarto de sua irmã, encontrando-a caída no chão, ao lado de Phillipe, com um líquido vermelho escorrendo em sua bochecha.

Quando Aura finalmente conseguiu fazer com que seu irmão visse que aquilo não era sangue, Phillipe já estava encolhido atrás da penteadeira, usando a cadeira como escudo e tentando evitar todas as coisas que Primrose atirava contra ele.

— Um ultraje, atacar um homem inocente! — Phillipe resmungava, enquanto Aura colocava um pano úmido sobre o grande hematoma em sua testa, causado por uma escova de cabelo de prata particularmente pesada.

— Me desculpe! — Primrose bufou, sem parecer nada arrependido. — Por um momento, eu pensei que você estivesse matando minha irmã!

— Se eu fosse realmente matá-la, eu teria a decência de trancar a porta! — Berrou Phillipe de volta, fazendo uma careta quando o pano gelado tocou a área dolorida. — Não que eu queira matá-la, mas se eu quisesse, faria isso com mais elegância.

— Não faria diferença. — Resmungou Aura sombriamente. — Eu já vou morrer, de qualquer maneira.

Como se uma corrente de ar gelado invadisse o ambiente, tanto Phillipe quanto Primrose calaram imediatamente a boca, lançando olhares constrangidos à menina.

— O que você está fazendo aqui, afinal? — Bufou Prim, tentando mudar de assunto.

— Não lhe interessa. — Phillipe resmungou, antes de acrescentar, meio relutante: — Majestade.

— Estávamos tentando jogar cartas. — Disse Aura, apontando para a pilha de folhas.

— Fazendo o quê? — Prim franziu as sobrancelhas.

— Um jogo que aprendi em Ametista. — Aura completou. — Você quer jogar conosco?

— Oh, não... — Phillipe resmungou.

— Eu não queria... — Prim murmurou, lançando um olhar cheio de zombaria para Phillipe. — Mas me deu uma vontade repentina.

É como Yanna e Morgan novamente. Pensou Aura com um sorriso, mas seu coração sofreu uma pontada de dor ao pensar em Morgan e ela rapidamente expulsou o pensamento. Ela não queria pensar nisso, não queria pensar nele.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaWhere stories live. Discover now