Capítulo 64

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"Tantas luas no céu
Quem se distrair
Talvez vá cair
O escuro é cruel" — Aladdin 

Desde que conseguiu sair do palácio, Aura visitou diversos lugares, viveu diversas situações e viu mais belezas do que jamais sequer imaginou. Mas nada, em nenhum dos lugares que esteve, a preparou para Sagittarius.

A corte habitada por, principalmente, filhos da noite era um dos lugares mais exóticos que Aura já pôs seus olhos.

Morgan segurou sua mão durante todo o caminho, mas manteve uma animada conversa com Serpens, a qual Aura não participou, sua atenção estava toda ocupada com a paisagem. Mesmo que não houvesse nada indicando onde Sagittarius começava, Aura pôde notar a diferença enquanto andavam em meio a floresta.

Pequenos cristais haviam sido inseridos nas copas das árvores, deixando seus troncos negros cheias de pontos coloridos. Aura pôde ver várias runas pintadas em prateado nas folhas vermelhas e não pôde deixar de se perguntar se elas haviam aparecido ali magicamente, ou se alguém havia se dado o trabalho de pintar uma por uma. Mesmo o ar parecia diferente, havia um certo brilho, como se pequenas partículas brilhantes dançassem pelo vento.

Quando finalmente chegaram ao centro da corte, Aura soltou uma exclamação mais alta do que pretendia e quase pôde ouvir Serpens rindo atrás de si.

Não havia casas, nem qualquer tipo de edificação. Para todos os lados que Aura olhasse, só haviam tendas. Fileiras e fileiras de tendas, dos mais diversos tamanhos e cores, todas ricamente ornadas com pinturas, bordados e pingentes de cristal. Grandes lanternas de papel flutuavam ao redor das tendas, brilhando suavemente.

Filhos da noite estavam em toda parte, com suas peles brilhantes e cabelos de nuvem. Mesmo vendo tantos, Aura ainda se perdeu olhando para cada um. Eram belos demais para serem reais. Ela viu alguns daemons, serpes e até uma ou outra bruxa, mas no geral havia apenas filhos da noite.

A grande maioria das tendas, naquela parte da corte, estavam voltadas para o comércio. Aura rapidamente agarrou sua bolsa de moedas e se aproximou das tendas, arrastando Morgan atrás de si.

Não haviam tendas de poções e ervas como as que Aura viu antes, mas diversas das tendas voltadas para ler o futuro em cartas, mãos e cristais, como a que Eileen costumava montar. Mas havia outras também.

Tendas de livros, de roupas e alguns utensílios, mas Aura não se prendeu muito nelas quando outra coisa a chamou atenção: Tendas de jogos de dados, cartas e até jogos mais hábeis, como acertar pedras em buracos a distância ou atirar com pequenas bestas em pequenos objetos.

— Você quer tentar? — Morgan perguntou, observando seu olhar curioso.

— Venha! — Exclamou Serpens, antes que Aura pudesse responder. — Aposto um doce que acabo com você!

Aura riu alto, prontamente aceitando a aposta de Serpens, mas não tardou a se arrepender. O príncipe não mostrou misericórdia nenhuma quando massacrou Aura nos jogos de mira e cartas. Em compensação, Aura o derrotou com grande margem nos jogos de dados.

— Eu ganhei!! — Ela gritou feliz, vendo seu dado de cem lados exibir um brilhante 99, ao lado do de serpens, que possuía um humilde 68. Sua empolgação a fez puxar Morgan para um beijo.

— Você foi bem, garota. — Serpens a aprovou, rindo. — Mas eu acabei com você nos alvos.

— Então deixe-me vingá-la. — Morgan se ofereceu, sorrindo. Aura o olhou com surpresa, mas Serpens rapidamente o puxou de volta para a tenda de alvos.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaWhere stories live. Discover now