Capítulo 27

599 114 1.8K
                                    


"É Uma imensidão
De calor e exaustão
Como é bárbaro o nosso lar" - Aladdin

Morgan se esgueirou pelas paredes dos corredores, em passos quase silenciosos. Assim que se aproximou da porta do quarto da amiga bruxa, girou a maçaneta lentamente, abrindo-a de forma sutil, para que esta não rangesse.

O sol começava a se pôr no céu, trazendo ao quarto, por uma das janelas mágicas, uma pálida iluminação alaranjada, cortada pelas grossas cortinas púrpuras. Morgan reparou atentamente no cômodo, continuava da mesma forma que Eileen o deixou. Grimórios, livros e poções, organizados metodicamente em estantes por todos os lados. Haviam frascos repletos de líquidos coloridos, brilhando com os mais fortes tons, causando pequenas iluminações coloridas pelo chão.

A cama estava vazia, sinal de que Eileen já havia despertado. Morgan mentiria se dissesse que não esperava por isso. Ele tinha a certeza de que Eileen já estava em algum lugar daquela caverna, com o rosto enfiado nos livros, enquanto procurava uma forma de ajudá-lo.

Ele suspirou, passando pelo colchão onde Yanna estava dormindo de forma desajeitada, em seguida passou por outro, que estava ao lado da ruiva. Nesse, Aura estava dormindo profundamente. Os longos cabelos loiros esparramados sobre o colchão, em uma bela bagunça dourada. Morgan sentiu seu peito se apertar enquanto observava o rosto delicado de seu sol. Havia serenidade ali, nem mesmo parecia carregar a dor da morte sobre eles. Os lábios entreabertos eram um constante convite para que o rapaz juntasse ele aos seus. Mas não podia, tudo o que mais queria era deitar ao lado dela, aninhar seu corpo contra o seu e lhe entregar todo o amor que merecia. Infelizmente não era o momento propício, ele precisava desesperadamente encontrar alguma luz.

Morgan lutou bravamente para tirar seus olhos da frágil figura deitada sobre o colchão de penas. É claro que estava sendo doloroso para ele, além de terem passado a noite em cômodos separados, ele ainda não veria seu raio de sol pelo resto da noite.

Voltando a si, Morgan caminhou até a bolsa dela, lembrando-se do motivo pelo qual estava ali.

Um objeto de Aura, eu preciso de um objeto utilizado por ela. Ele pensou, pegando a bolsa entre as mãos, o mais silenciosamente que pôde.

Abriu a bolsa, procurando qualquer objeto que julgasse ser importante para ela. Até que suas mãos tocaram um antigo papel dobrado, e Morgan rapidamente o pegou. Assim que o abriu, o rapaz se deparou com um mapa. Um mapa do reino de Feeryan, com Alexandrita e Pérola circulados, além de algumas breves anotações, espremidas perto da margem.

Mas o que lhe prendeu a atenção, foi o belo desenho. Era um mapa todo feito a mão, com todos os detalhes desenhados. Ilha por ilha, pedra por pedra e mar por mar. A tinta escura dançava suavemente por toda a extensão do papel. Os olhos de Morgan percorreu todo o mapa, encontrando o pequeno nome do autor escrito na ponta esquerda do papel. Um nome que não queria ter notado.

Phillipe... O ser de Ametista sentiu seu corpo tensionar, algo em si travou de forma involuntária. Sons de gritos invadiram sua mente, acompanhados por choro, sangue e um sentimento alastrante de dor e perda.

- Escória, está tudo bem? - ele ouviu a voz de Yanna. Que a essa altura estava sentada sobre o colchão e o olhava com atenção. Ela podia ver a dor em seus olhos, que assumiu um tom escuro, cruel e brutal.

Morgan piscou algumas vezes, dobrando o mapa e guardando-o dentro da bolsa da princesa. Em seguida procurou por mais alguns segundos, até que se deparasse com a flor que Aura havia usado no festival Flor da Lua, uma flor que até no momento, Morgan não sabia quem a havia presenteado, apenas que estava no pulso dela quando se beijaram pela primeira vez.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang