Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de Alexandrita

Prévia - Crônicas de Luz e Trevas

"Nem todo aliado é realmente um aliado, se não, não existiriam as traições" - Crônicas de Luz e Trevas: A Rebelião de Ametista

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— Sangue! Sangue! Sangue! Sangue!

O grito da multidão eufórica causava tremores na arena, que nunca havia estado tão cheia, nem mesmo em lutas sangrentas. E tudo isso acontecia devido ao evento organizado pela família real de Ametista. Todos os anos em uma data específica, durante três longos dias, daemons de todas as idades arriscavam suas vidas naquela Arena em troca de um valor excepcionalmente alto de moedas. Durante três dias, daemons lutavam entre si, desafiando a própria morte, atrás de um único vencedor, que no último dia enfrentaria um oponente representante da família real, um oponente escolhido a dedo pelo general, um oponente a altura.

Para os nobres e para o rei, aquilo era uma diversão, para o general de guerra, aquilo era uma forma de testar seus homens e para os feéricos comuns, aquela era a única alternativa de mudar de vida.

Para Eden, aquilo era uma perda de tempo.

O daemon sempre apreciou uma boa luta, mas nunca se prestaria ao papel de servir de diversão para a família real. Era estúpido a forma como tronos improvisados foram colocados em uma área isolada, para o aconchego do rei Hyperion, rainha Zaniah, o herdeiro Draconis e o príncipe Serpens. O que mais lhe embrulhava o estômago era ver como as paredes, antes cobertas de vermelho pelo sangue, haviam sido rapidamente pintadas e como todos os daemons pareciam eufóricos mesmo diante da situação em que estavam.

Aquilo era uma distração, e eles estavam se permitindo ser distraídos.

Eileen quis estar ali, era importante que ela observasse a situação de perto. E todos eles acompanharam, ou pelo menos o que restou deles.

Morgan e Florean pareciam estar perdidos entre caçoar Serpens e sentir pena dele, que parecia patético e triste em seu trono. Enquanto Ezra e Eileen conversavam sobre problemas realmente sérios, e ele, bom... Ele estava mais interessado nas bebidas gratuitas que Serpens ofereceu.

Aquele era o último dia, o vencedor lutaria com alguém escolhido pelo general. Não que Eden se lembrasse de quem havia ganhado as disputas. Se fosse sincero, só havia alguém ali mais desinteressado que ele: O príncipe Draconis.

Ele passou todas as disputas sentado imóvel em seu trono, não fazendo nem mesmo questão de ser educado, olhando cada luta com apatia, os olhos gélidos como pedra de mármore, diferente de Serpens que não perdia um movimento sequer, mesmo que fosse sangrento.

Isso até que o General de Guerra subisse na arena, chamando um dos seus para a última disputa. Aquela foi a primeira vez que Eden viu alguma reação do príncipe herdeiro: Uma expressão confusa, de quem não esperava por aquilo, enquanto acompanhava o campeão do General com seus olhos.

Mas pelo visto, o inabalável príncipe não era o único surpreso. Logo um murmúrio se formou, e toda multidão gritava coisas inaudíveis. Um grito em particular chamou a atenção de Eden, fazendo ele olhar para a Arena.

— É uma mulher?!

Isso nunca ocorreu. Mas ninguém podia negar, estava ali, diante de todos, e o que Eden viu o chocou além de qualquer possibilidade.

Porque ali, na arena, estava Yanna.

Vestindo os trajes pretos e roxos da guarda real de Ametista, com um medalhão com o símbolo do reino brilhando em seu peito. Seu cabelo havia crescido um pouco, passando dos ombros, mas era impossível não reconhecê-la.