Capítulo 12

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"Não é o exterior que conta, mas sim o interior" —  Aladdin


Eredor observava com atenção a plantação de ervas, que crescia no meio da Floresta da Primavera. Sua localização era um pouco mais afastada das casinhas, porém, não longe o bastante, como o jardim de flores gigantes.

O canteiro extenso era composto por várias ervas, de diversas cores, formatos, e, algumas com um crescimento um tanto peculiar. Cada uma tinha sua sutil característica. Algumas cresciam apoiadas nas plantas maiores, outras brilhavam, emitiam sons e até flutuavam discretamente. 

Naquela parte da floresta, a magia era visível, brilhos dourados rodeavam o canteiro e o som que cercava aquele ambiente, era como o barulho de fogo crepitando, precisamente, se tratava da magia rondando entre as ervas. Aquelas eram raras, raríssimas... Algumas transportadas com todo o cuidado de outro reino por Eredor, em algumas de suas viagens.

Aquela magia que cercava o local, se tornou a responsável por permitir que as ervas crescessem em temperatura ambiente, ou no caso de outras, longe de seu verdadeiro lar e de qualquer praga ou animais que ousasse se aproximar. 

O Lorde de Papoula quase nunca permitia que alguém se aproximasse daquela área, exceto os melhores elfos de alquimia daquela corte, que colhiam as ervas e levavam para que todos os feericos fizessem o melhor uso depois, diferente das ervas comuns que podiam ser encontradas pela floresta e colhida por quem precisasse. 

Aquela seria a primeira vez em séculos que trazia uma pessoa sem os mínimos conhecimentos de alquimia até ali. E Aura parecia pressentir isso, pois não ousou encostar um dedo no canteiro mágico quando Eredor se agachou para colher algumas delas, mesmo que vontade não lhe faltasse.

— Deve estar se perguntando porque te trouxe até aqui, princesa — ele começou a falar. Aura rapidamente assentiu, mesmo que ele não fosse capaz de vê-la, por ainda ter seus olhos fixos nas ervas. 

— Sim... — a princesa respondeu, hesitante. Enquanto trocava o peso de um pé para o outro, ela observou o elfo guardar uma pequena e levemente brilhante folha azul em uma frasco, antes de enfiá-lo no bolso das vestes. 

— Bom... Ninguém vem até aqui sem minha permissão. Então acredito que seja um local seguro para conversamos — o elfo levantou-se, entregando o restante das ervas colhidas a Aura e batendo as roupas cobertas por terra. — Recebi uma carta de seu pai. 

— De meu pai?! — Ela exclamou, engolindo em seco.

— Eles estão em pérola, à sua procura.  A senhorita cogitou ir para pérola quando planejou sua fuga? — o Lord perguntou, arqueando as sobrancelhas e seu tom soou um pouco acusatório. 

Eredor estava confuso, quando a mensagem mágica de Florence apareceu em sua frente, pensou seriamente que haviam sido descobertos. E de certa forma, não entendia o porquê do rei não comunicar a ele ou a todo reino, o desaparecimento de sua filha. Mas aquela carta havia lhe esclarecido muitas dúvidas.

Florence acreditava piamente que Aura estava em Pérola e que se ninguém soubesse do desaparecimento da princesa, ela estaria mais segura.

— Faz sentido — pensou Eredor, aliviado em finalmente receber alguma informação do que acontecia fora de Papoula.

— Em pérola? — Questionou Aura, lembrando-se que por coincidência, era exatamente o antigo local em que se destinaria.

— Sim. E o rei parece ter a certeza de que a senhorita está lá... — Eredor voltou a falar, seu semblante se tornava cada vez mais pensativo, até que o silêncio o fez continuar — Isso te dará mais tempo, mas não deixa de ser confuso.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum