Capítulo 81

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"Essa é sua chance de ajudar!" — Fada madrinha, Cinderela 2

Aura amava a suavidade de Papoula. Tudo sobre o lugar, de seu cheiro até o delicioso sol da tarde lhe eram tão queridos e familiares, que Aura não podia deixar de se sentir em casa, muito mais em casa que no Palácio de Cristal.

Mas nem mesmo Papoula a fazia se sentir como antes. A maldição estava cobrando seu preço cada vez mais alto e Aura se via impossibilitada de correr pela corte, participando de tudo que podia, como havia feito meses atrás. Mas isso não significava que ela não estava se divertindo.

Ela havia trazido consigo o jogo de cartas feito de folhas por ela e Phillipe e agora estava sentada no chão do quarto de Ivyna, jogando com Adda. A pequena elfinha era surpreendentemente habilidosa e aprendia rápido, embora Aura certamente a deixasse ganhar.

Logo ao lado da dupla, um emaranhado de raízes emergiam do chão, enrolando-se umas sobre as outras e erguendo-se para formar um belo berço. Algumas raízes se erguiam ainda mais, formando um arco por onde uma delicada cortina de flores trançadas caía suavemente, cobrindo o bebê que dormia confortavelmente, embrulhado em cobertas fofas. Ivyna estava sentada em uma cadeira de balanço logo ao lado, observando seu pequeno Eren dormir, com os olhos cobertos de amor.

Quando Adda havia ganhado sua terceira partida seguida, Aura entregou as cartas para que a pequena elfa as embaralhasse e voltou sua atenção para Ivyna.

— Você parece cansada. — Aura comentou, vendo leves olheiras abaixo dos olhos cor de folha de Ivyna. — Mas feliz

— Oh, e eu estou. — A elfa riu, suave. — Mal posso acreditar que estou olhando para ele... Quando acordei hoje de manhã, eu esperava estar com uma barriga enorme e meu bebê ainda dentro dela, mas ele está bem ali. Diante de mim! Eu só queria...

A voz de Ivyna quebrou, mas Aura entendia o que ela iria dizer. Ela queria Eredor ali com ela, dando todo seu amor para o pequeno Eren.

— Eu estava com medo. — Aura confidenciou.

— Medo, querida?

— É que... Minha mãe morreu quando eu nasci, você sabe. — Aura começou, torcendo seus dedos nervosamente. — E quando eu te ouvi gritando, eu pensei... Pensei...

— Oh, eu... — Ivyna pareceu perdida, sem saber o que dizer por alguns instantes antes de se virar para Adda. — Meu amor, você pode perguntar às ninfas se os príncipes já estão de pé?

— Mas mamãe, eu e Aura estamos jogando. — Pediu Adda, projetando seus lábios para frente como um beicinho.

— Então leve as cartas, Aura não vai se importar. — Ivyna olhou interrogativamente para Aura, que concordou com a cabeça. — Tenho certeza que príncipe Fault e príncipe Primrose vão adorar jogar com você, mas pergunte com educação.

— Sim, mamãe. — A menina se esticou para frente, depositando um beijo molhado na bochecha de Aura, antes de pular de pé e correr até sua mãe para fazer o mesmo. — Tchau, Aura!

— Até logo, Adda. — A princesa riu ao ver a jovem lady correr para fora com o monte de cartas de folha nas mãos.

— Aura, eu sei o que seu pai disse a você sobre as... Circunstâncias da morte da rainha Arabella, mas... — A lady se levantou de sua cadeira, ainda bastante dolorida pela noite anterior, e caminhou até a princesa, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar. — Eu acho que você precisa saber que não te disseram a verdade.

— Como? — aura indagou, confusa.

— Não foram complicações de parto que levaram sua mãe... — Ivyna fechou os olhos, antes de confessar. — Foi decepção.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOnde histórias criam vida. Descubra agora