Capítulo 17

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"É frio quando você não está aqui."- A Pequena Sereia

Assim que seus olhos se acostumaram com a visão, Aura não pode deixar de suspirar.

Alexandrita era conhecida por suas florestas serem donas da flora mais diversificada de Feeryan, por suas cores belas e vívidas, além da fauna mais protegida de todas. Encantadora sim, é claro, mas Aura nunca tinha visto nada tão eufórico quanto a Corte Amarílis.

Diferentemente das outras cortes de Alexandrita, Amarílis tinha casas construídas em pedra, madeira, ou até mesmo feitas de plantas erguidas do chão e magicamente reforçadas, sem um padrão a ser seguido, ou ordens a serem obedecidas.

Aparentemente, a única ordem exigida para as construções de Amarílis, era que o dono deveria se expressar através delas. Haviam pinturas excepcionalmente detalhadas cobrindo todas as paredes, contando sua história. Haviam sinos pendurados nos telhados, tilintando ao vento. Haviam esculturas, erguidas pelos mais diversos materiais, na porta das casas. Além de fontes, flores e pedras decoradas, enfeitando os quintais de cada lar.

Para cada canto que Aura olhasse, havia rodas de cantoria, onde cada ser tinha seu próprio instrumento e soltavam a voz com alegria, enquanto outras criaturas dançavam ao redor ou faziam belas acrobacias e até mesmo malabarismo.

Aura olhou com encanto para uma garotinha, que não devia ter mais que seis anos, rodopiando ao redor de si mesma com tanta graça que parecia flutuar.

- O festival aqui começou mais cedo? - Perguntou Aura, franzindo as sobrancelhas em direção à um agrupamento de barraquinhas, um pouco mais longe.

- Não, aqui é sempre assim - explicou Yanna, olhando com irritação para um homem parrudo que passou cantarolando com um alaúde nos braços. - Ugh, nunca estive em um lugar tão barulhento.

Só então Aura notou que as barraquinhas não ofereciam comida e sim todo o tipo de arte, sejam artesanatos, pinturas feitas na hora e algumas até ofereciam poesias.

As duas continuaram andando, até se aproximarem de uma praça, onde um enorme palco circular havia sido erguido.

- E aquele palco? - Aura perguntou, com curiosidade.

- São para apresentações teatrais - as duas se viraram diante da voz desconhecida, deparando-se com uma mulher de longos cabelos tão brancos quanto as nuvens acima delas, contidos em uma bela trança que chegava até abaixo dos quadris.

- Lady Eweline! - Exclamou Aura, rapidamente reconhecendo a ninfa. - Como é bom revê-la.

Ninfas eram criaturas belíssimas, se assemelhavam mais a humanos pela falta de asas, orelhas pontudas, ou qualquer característica gritante, mas havia algo que as diferenciava, e esse algo era a coloração de sua pele. Algumas em tons rose, azul céu, ou extremamente pálido luminoso, quase branco, assim como Lady Eweline.

Elas eram muito talentosas, habilidosas e extremamente férteis.

- É bom ver você também, querida - Eweline se aproximou, tocando o rosto de Aura com gentileza. - Peço mil perdões por não tê-la reconhecido, a última vez que a vi, você não passava de uma menininha cheia de energia. Agora olhe pra você! É uma mulher.

Aura riu, sentindo-se um pouco corada diante das palavras da lady.

- Obrigada por nos receber, Lady Eweline - disse Yanna, um pouco formal dessa vez.

- Sim, foi muita gentileza - apoiou Aura.

- Gentileza alguma, meninas - Eweline enlaçou os braços de ambas as garotas e as três começaram a caminhar juntas. - Venham, vou lhes mostrar onde irão ficar.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant