Prólogo

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"O mundo lá fora é cruel, qualquer sinal de alegria que ele encontra, ele destrói. "- Gothel, Enrolados.


Muito além das terras mortais, ao adentrar o mais profundo das Florestas humanas de maneira divina e inimaginável, existe um mundo mágico; as Terras de Feeryan. Dizem as lendas que esse mundo é coberto por um véu e que apenas aqueles que possuem magia em seu sangue, são capazes de transpassá-lo.

Esse mundo é dividido em cinco reinos. Cada um desses reinos possui suas características particulares, no entanto, nenhum é tão belo como o alegre reino de Alexandrita. Um reino de terras férteis, onde tudo floresce com vigor em uma eterna primavera. O maior dos cinco reinos. As mais diversas criaturas feéricas vivem em harmonia em seus vilarejos floridos, onde as mais alegres canções ecoam por toda parte.

Nesse dia em especial, o encantado Reino de Alexandrita estava em festa, todas as cortes se reuniram em um só propósito, celebrar os primeiros anos da princesa Aura, e esse evento importante contava com a presença de todos os seres mágicos, desde as Nixies dos rios aos elfos da floresta da Primavera.

Alexandrita, que havia perdido boa parte de seu brilho e tinha se mantido presa no mais profundo luto desde a morte da Rainha Arabella, enfim havia se erguido em toda sua glória dourada. Aura completará um pouco mais que dois anos e seria o raio de Sol que o reino precisava, trazendo de volta a alegria que lhes fora tomada, nascida no festival do Florescer, uma benção mágica que acontecia a cada 20 anos. A bela princesa era uma dádiva, um presente do Deus da Floresta para os moradores de Alexandrita. A rainha sempre quis uma menina, Aura foi aguardada por décadas.

Nada poderia dar errado.

O gigantesco salão de baile do Castelo estava decorado com as mais diversas flores, as paredes eram ornamentadas por ramos que decoravam cada canto daquele imenso cômodo. Os músicos tocavam melodias alegres que mal abafavam o falatório animado das dezenas de lordes e ladys que riam, dançavam e comiam. A família real, composta exclusivamente por fadas, parecia brilhar de felicidade, o Rei Florence sequer parecia incomodado com as discussões acaloradas dos príncipes trigêmeos ao seu lado - ambos no auge de seus 83 anos e feição de 20, contudo, ainda brigavam feito crianças - incapaz de tirar os olhos do bebê encantador.

A criança observava o ambiente com seus pequenos olhos âmbar, repousando em um berço ornado com diamantes em formato de rosas, um presente enviado pela própria rainha de Turmalina; uma mulher com uma estranha fixação por espelhos mágicos.

Fora dos portões do castelo, centenas de feéricos dos mais diversos tipos aproveitavam o alegre festival em homenagem a princesa. Haviam várias barracas de alimentos e flores, ninfas e fadas dançavam em círculos pelo gramado ao som de bardos e cantores, arrastando uma multidão de feéricos para uma festiva bagunça alegre.

Um sino ressou, tirando-os de sua antecipada comemoração, era chegada à hora, Aura seria devidamente apresentada para todo reino e suas cortes, uma comemoração que havia sido adiada depois que Arabela morreu ao dar a luz, mas nunca esquecida. A apresentação era designada ao rei e posteriormente Florean, Primrose e Fault abençoaria a pequena princesa. Qualquer feérico, seja ele das águas, terras ou florestas, sabia que tamanha era a honra em ser abençoada pelos príncipes da primavera, e isso era um luxo que nenhum deles estavam dispostos a perder, e por isso, o som cessou, as danças pararam e todos se dirigiram ao salão de baile, passando pelo enorme arco de flores que marcava a entrada.

O rei se ergueu lentamente de seu trono, esculpido pelas raízes antigas da árvore da vida, coberto pelas mais diversas floras existentes no reino. Caminhou até o berço e pegou a pequena princesa em seus braços. A túnica branca que a embalava quase chegava ao chão, os fios loiros do cabelo curto da princesa se destacavam devido ao sol que se punha e refletia pela janela. Florence sorriu com tamanho carinho ao ouvir sua criança balbuciar algumas palavras e com suas mãos gordinhas tocar o cabelo castanho avermelhado dele.

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaWhere stories live. Discover now