Capítulo 24

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O horizonte me pede pra ir tão longe
Será que eu vou?
Ninguém tentou
Se as ondas se abrirem pra mim de verdade
Com o vento eu vou
Se eu for não sei ao certo quão longe eu vou
— Moana, Um mar de aventuras

O Rei Florence já havia reunido a guarda de Alexandrita, que havia se posicionado do lado de fora do Palácio afogado. O alívio de muitos deles em voltar para casa era nítido, principalmente depois de tantas buscas infrutíferas. O rei despedia-se de seu antigo amigo com um abraço caloroso.

— Agradeço a ajuda, meu amigo — o rei da primavera sorriu — E peço desculpas por qualquer constrangimento.

Florence se referia a confusão causada por Florean durante o evento realizado a alguns dias atrás, mas o filho estava aéreo a conversa, despedindo-se da pequena Airissa que o olhava com enormes olhos cobertos por lágrimas.

— Ei Querida! Não chore — seu tom de voz era gentil — O que combinamos?

Ele perguntou e a garota prontamente respondeu:

 — Se eu me comportar direitinho, você voltará mais rápido do que uma correnteza — a ruivinha agora agitava a cauda na água, um sorriso espontâneo surgindo em seu rosto inchado pelo choro. 

— Exatamente — Florean disse, bagunçando os cabelos dela com os dedos. 

Atrás da dupla, Siren, acompanhada de suas irmãs, Delphine, Melina e Dione, observavam a interação do príncipe de Alexandrita com Airissa. Aninhada no colo de Delphine, a pequena Nerissa fazia caretas de nojo ao ver sua irmã grudada naquele rapaz engomadinho, mas Siren sorria. 

— Você vai sentir minha falta, Rose? — Perguntou Cassiope, envolvendo Primrose com seu rabo. 

— Na verdade, eu acho que não — disse Prim, esquivando-se da garota, enquanto fingia não ouvir as risadas de Fault. — E, por favor, não me chame de "Rose".

— Mas você não gosta de "Prim-Prim"! — Resmungou a sereia, sendo prontamente ignorada pelo príncipe. 

Sob o comando do rei dos mares, as sete princesas se enfileiraram por ordem de idade para se despedirem adequadamente do rei da primavera e seus filhos, com breves cumprimentos e reverências respeitosas. Um por um, os quatro seres da terra se despediram, mas quando chegou a vez de Florean se despedir de Siren, a garota lhe ofereceu um pequeno sorriso. 

— Eu te perdôo, Florean — ela sussurrou agora com seriedade. — Bom, eu me sentirei em paz por colocar um ponto nisso.

Florean arregalou os olhos, tentando dizer algo mas, sob a mira daqueles olhos de ouro tão intensos, tudo que ele pôde fazer foi gaguejar. Perdoado? Depois de tudo o que havia feito ele estava perdoado? Ele olhou para Siren, esperando uma risada desdenhosa ou ironia, mas encontrou apenas uma expressão amena. 

Siren olhava para o príncipe, sempre visto como extremamente centrado e certinho, agora corado e sem saber o que dizer com um pouquinho de satisfação. Ela não podia negar que o namoro dos dois havia sido um erro e que nem ela e nem ele conheciam um ao outro de verdade, mas aqueles dias a fizeram ver novas facetas de Florean, e ela era incapaz de dizer que não havia gostado do que viu. Mas, naquele momento, tudo que queria era ficar em paz consigo mesmo.

— Florean, anda! — Ele ouviu a voz sibilada de Primrose em seu ouvido e se virou, vendo que ele e Fault estavam esperando-o para dar continuidade as despedidas. 

Tentando voltar ao modo monárquico de ser, Florean ofereceu à princesa uma educada reverência, antes de se aproximar da irmã seguinte para se despedir. 

Crônicas de Flora e Fauna: A Maldição de AlexandritaOnde histórias criam vida. Descubra agora