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Foi como se alguém tivesse acertado em cheio o peito da garota com uma faca. Instantaneamente um nó se formou na garganta de Stephani, e o semblante choroso e desesperado de Régulos apenas a quebrava mais do que ela se sentia quebrada, mas ela não podia evitar sentir aquilo. Era quase como se ela tivesse sido traída. 

Durante o natal, uma das cartas que Stephani enviou para Régulos era dizendo exatamente sobre a situação em que ambos estavam, mas ela como mais velha queria que ele conversasse com ela antes que tomasse qualquer decisão, antes que escolhesse um lado. Os dois discordavam em muitas coisas, e ele sabia que ela nunca tentou o persuadir para ter a mesma opinião que ela, não seria naquele momento que ela tomaria essa postura. 

Ele tentou a impedir de sair de seu quarto, a seguiu até o final das escadas do dormitório masculino pedindo diversas vezes que ela não o deixasse ali, apenas parou quando ela virou apontando a varinha em seu rosto. A expressão de Stephani era a mesma, mas ele sabia que ela estava tão quebrada quanto ele, ele sentia a dor dilacerante em seu peito, a frustração. Estar sentindo o mesmo que ela apenas intensificava tudo quebrando ainda mais o que já estava quebrado. 

Quando Stephani finalmente conseguiu se afastar da comunal, a garota apenas se escondeu em uma das pilastras e desabou. Tudo o que ela segurou na frente de Régulos estava sendo colocado pra fora, seus soluços ecoavam pelo corredor escuro, sua vontade era de gritar, mas ela sabia que seus soluços já estavam a entregando o suficiente. O toque de recolher já havia tocado e se ela fosse pega ali com toda certeza tomaria uma detenção. 

O tempo passou e ela permaneceu ali abraçada em suas pernas tentando controlar sua respiração, seu peito doía como nunca havia doído antes, por mais que ela se esforçasse seus olhos não paravam de derrubar mais e mais lágrimas. A garota sentiu uma mão em seu ombro mas nem ao menos se deu o trabalho de levantar o rosto para ver quem era, que diferença faria se ela estava encrencada de qualquer forma?! 

Ela levantou mantendo seu olhar fixo ao chão, até observar que aquele par de sapatos jamais seriam de um professor ou monitor. Seu olhar encontrou os olhos cinzentos de Sirius, que a encaravam confusos.

Para ele, foi como um soco na boca do estômago. Os olhos castanhos que ele descobriu gostar tanto estavam terrivelmente vermelhos, carregando uma expressão terrível de dor, ele nunca imaginou que um dia ele veria Stephani Laufeyson tão acabada como estava vendo naquele momento. E novamente ele teve a sensação de sentir exatamente o que ela estava sentindo. 

Sem ao menos pensar, Sirius a puxou para um abraço apertado que foi um gatilho para que ela desabasse mais uma vez. Um pânico o dominava enquanto ele tentava pensar desesperadamente em algo que a fizesse melhorar, a fizesse sorrir de novo, ou até mesmo fazer voltar a mesma expressão irônica e debochada que ela sempre carregava enquanto o xingava. 

Depois de lutar muito, ele se afastou um pouco enxugando as lágrimas que permaneciam escorrendo dos olhos da garota a sua frente, enquanto colocava a capa da invisibilidade entre os dois. Ele nem ao menos se lembrava que estava indo até a cozinha, sua mente apenas tentava encontrar uma forma de acalmar a garota ao seu lado. 

Ela mantinha seu rosto enterrado no peitoral do mais alto ainda tentando controlar seu choro e respiração. Conforme ambos começaram a andar, Stephani olhou pra frente tentando identificar para onde Sirius estava a levando, sua respiração já estava um pouco mais calma mas ela havia desistido de tentar controlar as lágrimas. Assim que percebeu que o garoto estava indo em direção a comunal da Sonserina, ela apenas apertou mais os braços ao redor do mais alto e balançou a cabeça negativamente voltando a soluçar. 

Sem questionar nada, Sirius deu meia volta e seguiu o caminho direto para a comunal da Grifinória se livrando da capa assim que entrou no local. A garota permaneceu na mesma posição por todo o caminho, com os braços ao redor do corpo do moreno enquanto seu rosto repousava em seu peitoral. 

Ele voltou a envolvê-la em seus braços com mais facilidade, já que agora não precisava mais manter a capa cobrindo os dois, e começou a subir as escadas em direção ao seu quarto. Ao abrir a porta, antes que os outros garotos falassem qualquer coisa, ele fez um gesto rápido para que eles ficassem em silêncio. 

Os três garotos observavam a situação assustados e confusos, mas respeitaram a sinalização de Sirius e permaneceram em silêncio. Stephani sabia que os outros estavam ali, mas simplesmente não tinha forças para fingir nada, então apenas continuou agarrada ao garoto que caminhou lentamente na direção de sua cama e sem soltá-la começou a tentar puxar a cortina. 

Remus se levantou e colocou a mão no ombro de Sirius como se falasse silenciosamente para que ele deixasse que ele terminasse de fechar a cortina ao redor da cama. O moreno se afastou e voltou a apertar a garota contra seu corpo que ainda chorava baixinho. 

Como sua cama era a da ponta, Remus deixou apenas a cortina que ficava voltada na direção da parede aberta para que Sirius colocasse Stephani. O garoto colocou a garota sentada na ponta e foi até a cabeceira da cama arrumando os travesseiros e puxando o edredom para baixo, voltando logo em seguida na direção da morena pegando em sua mão e a guiando para que se deitasse, a cobrindo em seguida. 

Antes de se afastar Sirius se aproximou da garota tentando inutilmente enxugar as lágrimas que ainda teimavam em escorrer dos olhos dela, dando um beijo longo em sua testa. 

- Sirius - ele voltou a olhá-la - Fica comigo 

A voz dela estava terrivelmente baixa e fraca. E novamente aquela mesma sensação de pânico o abraçou, querendo apenas encontrar uma solução para fazê-la voltar a sorrir e falar com tanta segurança que só ela sabia ter. 

Ela estava quebrada e ele se sentia quebrando junto.

Soulmates || Sirius BlackWhere stories live. Discover now