51

1.7K 178 44
                                    

Naquela manhã Stephani acordou sentindo um peso esmagar seu peito, sabendo no exato momento que despertou que havia algo de errado com seu melhor amigo, piorando mais ainda seu sentimento por saber que não teria muito o que fazer tendo consciência de não saber o paradeiro do mesmo. 

Aquela manhã estava chuvosa, o dia em si estava estranho, sua mãe inquieta pela casa. Ela se esforçava em não ir até a sede da Ordem tentando arduamente seguir a última ordem que seu pai a havia dado, ficar em casa pelo menos naquele dia. Mas a cada segundo que se passava ela sentia que algo estava errado. 

O sol já estava se pondo. Stephani rolava impacientemente de um lado para o outro em sua cama tentando buscar alguma posição confortável para que relaxasse apenas um pouco, mas não importava para que lado ela virasse, nada adiantava. Um barulho de vidro se quebrando veio do andar de baixo, no mesmo instante Stephani se levantou correndo na direção do barulho se deparando com sua mãe estática olhando para o nada com o bule de chá espatifado no chão.

- Mãe!! - correu na direção da mais velha a segurando - Mãe o que aconteceu??

A mulher permanecia da mesma forma enquanto lágrimas começavam a escorrer de seus olhos. Mesmo não entendendo o que estava acontecendo, a garota levou a mãe até o sofá a sentando delicadamente, correndo na direção da cozinha e voltando na mesma velocidade que tinha se afastado com um copo de água em suas mãos. Aos poucos Jessie começou a beber a água tentando se acalmar, conseguindo começar a controlar sua respiração. 

- O que houve? - a garota disse baixo passando as mãos pelo braço da mãe 

- Eu não sei - Jessie suspirou - Seu pai disse onde ele estaria hoje? 

- Com os Longbottom, eu acho - disse preocupada - Você acha que... 

- Eu não sei, querida! - a interrompeu - Vamos esperar ele voltar, deve ser só coisa minha 

- Eu vou até a... - se levantou caminhando em direção as escadas

- Stephani, não! - a mais velha se levantou falando firme - Já basta eu estar preocupada com seu pai, você ficará em casa junto comigo até ele voltar. 

- Mas mãe...

- Não tem "mas"!! Eu vivo constantemente preocupada com vocês dois sabe-se lá aonde, fazendo sabe-se lá o que - a voz de Jessie começava a se alterar aos poucos - Sabe quantos pacientes deram entrada no St. Mungus desde que isso tudo começou?? Eu já perdi as contas, Stephani!! Praticamente todos os dias, todos os dias alguém aparece gravemente ferido ou louco por conta dos ataques de Comensais - a essa altura a mulher praticamente gritava enquanto Stephani permanecia parada ao pé da escada - Então faça o favor de não sair daqui como uma louca atrás do seu pai porque eu não sou capaz de suportar ver os dois dando entrada no hospital quase mortos, ou pior, mortos!! 

Sem dizer nada a garota correu na direção de sua mãe a abraçando apertado. Por conta do alto cargo de Jessie no hospital, a presença da mulher não era exigida constantemente ou por longos períodos, Stephani já estava acostumada com isso, seu pai saía pela manhã para o Ministério e um pouco antes do horário de almoço sua mãe saía. Ambos voltando praticamente juntos para casa. Sempre foi assim, até a guerra se iniciar. Além dela passar mais tempo fora de casa, mas ao lado de seu pai quase sempre, ela mal estava vendo sua mãe, as vezes que voltava para casa a mais velha estava no hospital, aparecendo apenas na tarde do dia seguinte, e normalmente apenas para trocar de roupa e comer algo antes de retornar ao seu trabalho. Com o fato de estar tão distante de casa e tão sufocada com os problemas discutidos na Ordem, ou sua preocupação constante com o estado de seu melhor amigo, a garota mal havia notado o quão sobrecarregada sua mãe poderia estar, Jessie além de ver todos os dias o hospital se tornar mais cheio de pacientes afetados pela guerra, sabia que seu marido e sua filha estavam literalmente na linha de frente daquilo tudo, sendo consumida pelo terror de um dia encontrar aqueles rostos em alguma maca. 

Depois de muita insistência a garota conseguiu convencer sua mãe de tomar um pouco de poção para dormir, notando que a mais velha já estava dormindo, Stephani desceu de volta para a sala se sentando no sofá encarando o nada. A casa praticamente toda estava escura mas ela não sentia vontade nem via necessidade em iluminar os cômodos, sua mãe estava dormindo e ela apenas queria tentar absorver tudo que vinha acontecendo naquele dia. 

Sua mente não parava um segundo de pensar em seu pai, o incômodo em seu peito apenas a esmagava cada vez mais intensamente, um nervosismo a consumia aos poucos, seu coração estava disparado e sua respiração começava a se desregular. Uma coruja adentrou no cômodo fazendo a garota pular de susto mas se recompondo rapidamente enquanto tirava a carta da pata do animal, ela não reconhecia aquela coruja então não fazia ideia de quem poderia ser. Suas mãos tremiam e ao ler seu nome no verso do papel seu coração começou a bater mais rápido que antes. Era a caligrafia dele. 

A tentativa de controlar sua respiração ou o tremor de suas mãos era quase que inútil, nas primeiras linhas seu olhos já transbordavam de lágrimas. Não havia mais nada que ela pudesse fazer, a essa altura ele já teria colocado em prática seu plano insano e um tanto quanto suicida. 

Antes mesmo de chegar ao final da carta, uma sensação de desespero e medo a engolia cada vez mais, ela não sabia dizer se aquelas eram as emoções dela se fundindo com a de seu melhor amigo ou se era algo que partia diretamente dele, no estado que ela estava era quase que incapaz de conseguir distinguir alguma coisa. A garota se sentou no sofá ainda com a carta em mãos, era basicamente uma despedida e ela não aceitava ser realmente isso, ele havia prometido a ela que tudo ficaria bem, Régulos nunca havia quebrado uma promessa antes e ela implorava com toda força que aquela não fosse a primeira. 

Soulmates || Sirius BlackWhere stories live. Discover now