71. Café da Manhã

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Para VivianTemb , que sempre está presente ♡

Acordei com alguém esmurrando minha porta quase a ponto de derrubá-la. Abri os olhos num rompante e girei nos cobertores, assustada, caindo no chão como uma fruta madura.
— Aiii — gemi, tentando me livrar das cobertas e me colocar de pé ainda grogue de sono — Já vai, já vai...
Desci as escadas em um átimo de segundo. Raizo estava parado em frente a porta latindo agitado.
— Fica quieto, pulguento — resmunguei, passando por ele que rosnou para mim e abri a porta.
A garota alta e loira encarava a mim com tanta raiva no olhar, que pensei que ela fosse me trucidar na porta da minha casa naquele instante.
— O que foi...? — tentei dizer.
— Cala a boca — Caroline rosnou e apontou para o fundo do corredor — Para a sala de estar!
— Mas... — abri a boca novamente.
— Bonnie Sheila Bennett — me fulminou com a expressão de quem ia cometer um homicídio — Não me faça arrastá-la pelos cabelos até lá.
Ergui as mãos em sinal de rendição e fui para a sala de estar com a vampira em meu encalço. Sentei-me de pernas e braços cruzados em uma das poltronas e fiquei observando uma Caroline furiosa. A luz entrava pelas janelas, filtradas pelas cortinas claras. Estava um dia lindo demais para seja lá  o que ela fosse aprontar comigo.
Ela andava de um lado para o outro ainda revoltada.
— Você vai abrir um buraco no piso assim — comentei, inocentemente.
— Kai Parker! — ela surtou, batendo o salto alto no chão — O maldito Malachai Parker!
Empalideci na mesma hora. Então, ela sabia.
— Care...
— Quando pretendia me contar que aquele desgraçado está vivo?! — ela questionou, colocando as mãos na cintura de uma maneira bem intimidadora — Eu sou sua melhor amiga ou não sou?!
Revirei os olhos.
— O Damon deu com a língua nos dentes.
— E graças à Deus ele me contou — ela ergueu as mãos para o alto em uma atitude exagerada — Porque eu pensava que podia confiar em você, Bonnie, mas vejo que me enganei.
Franzi o cenho.
— Espera, você está brava porque eu estou cuidando dos meus próprios assuntos pessoais?
Seus olhos azuis me fuzilaram.
— Não é pessoal se o pai da sua filha é o único parente vivo das minhas meninas, que por sinal, tentou matá-las ainda na barriga da irmã dele!
Eu me perdi  um pouco naquela declaração, mas entendi o contexto geral. Ela não estava nada feliz.
Suspirei, tentando ser paciente com minha amiga.
— Caroline — falei — Eu sei que está com medo do que ele pode fazer contra suas filhas...
— Com medo? — ela surtou — Eu estou apavorada, Bonnie! E se ele vier atrás delas? Você sabe que sociopatas não se dão bem com assuntos inacabados. Ele pode querer concretizar o que começou anos atrás ou quiser reavivar o droga da  Convenção Gemini?!
Sacudi a cabeça em negativa.
— Kai não está atrás disso. Pelo menos, eu acho que não.
— Como você pode saber? — ela estava tão aflita que começou a roer uma unha — Por que você deixou ele voltar para sua vida, Bonnie?
— Você sabe que eu nunca deixei ele entrar — expliquei — Kai sempre impôs a presença dele.
— Mas... o que ele está fazendo? Está ameaçando você e a Eve, porquê se estiver eu quebro as pernas dele e as enfio bem no...
— Ele está com a Amy — falei subitamente.
— O quê? — ela se engasgou — Como disse?
— Ele está com a minha filha, Caroline — expliquei calmamente — Amy está viva.
— Mas... Mas... — a vampira sentou-se no sofá atrás de si — Ela havia morrido no parto... Ela estava morta. Eu ajudei a organizar o funeral, eu a vi... N-Não faz sentido...
— Ele usou a pedra da ressurreição para trazê-la de volta.
Caroline ergueu os olhos perdidos na minha direção.
— Aquela que trouxe com você quando escapou dele? — questionou — Aquela que sumiu subitamente?
— Aparentemente, ela o encontrou e o trouxe de volta dos mortos e Kai fez o mesmo com a nossa filha.
Caroline precisou de um resumo muito mais detalhado da história. Meia hora depois ela ainda estava estupefata.
— O Damon não me contou isso — disse — Apenas entrou na mansão falando vários palavrões cabeludos em italiano, dizendo que o Kai havia voltado e algo sobre "castrar o porco com uma tesoura cega."
Ele estava realmente revoltado, mas não o culpava por isso, pois, por causa de Kai, ele estava a quase uma década sem sua alma gêmea.
— Ele estava fora de si, porquê está preocupado comigo — murmurei, olhando-a seriamente — E porquê Kai lhe deu esperanças de novo.
— Esperanças?
— Elena — disse apenas — Eu entrei em um acordo com Kai. Eu vou deixá-lo se aproximar de Eve, se ele quebrar o feitiço que liga minha vida à dela.
Caroline levou um tempo para absorver aquilo também.
— Você não pode deixar ele chegar perto da sua filha, Bonnie — avisou — Acha que um psicopata que matou toda a família vai ser o melhor exemplo de pai para Eve nesse momento? Se a Elena estivesse aqui, ela também concordaria comigo.
— Eu sei, Care — assenti com a cabeça — Mas é o único modo de poder estar perto da Amy também. Ele tem tanto ciúmes dela, a protege como se fosse uma propriedade, você precisa ver. E eu quero tanto poder ficar com a minha filha.
Ela ergueu as mãos para o alto.
— Então, vamos matar ele, caramba! — disse, como se fosse a coisa mais óbvia de todas — Assim pegamos sua filha de volta e não teremos que lidar com essa maluco mais uma vez.
A olhei enviesado.
— Como se eu já não tivesse pensado nisso.
— Então, por que não colocou em prática? — e apontou para mim — Você é tão forte quanto ele, agora. O que a impede?
Ergui um dedo no ar.
— Primeiro: ele é o único que pode libertar nossa amiga desse feitiço maldito. Segundo: apenas ele consegue manter Amy viva por tanto tempo.
— Como assim? Mas ela não está viva?
— Sim — assenti, ainda séria — Mas, alguma coisa deu errado na ressurreição dela. A pedra está sugando a vida dela de volta aos poucos. Kai é o único que sabe os feitiços certos e possui magia o suficiente para alimentar essa coisa, enquanto, procura uma forma de quebrar esse laço entre Amy e a pedra.
— Basicamente — ela suspirou — Você está presa ao seu ex.
Ergui uma sobrancelha.
— Ela não é meu ex.
— Você se odeiam e dividem a guarda de suas filhas. — citou categoricamente — Então, sim, minha cara amiga, você tem um ex.
Bufei, odiando pensar naquele desgraçado dessa maneira.
— Como ela é? — Caroline perguntou subitamente com um sorriso gentil  — A Amy?
— Idêntica à Eve, afinal, são gêmeas — expliquei com um sorriso se abrindo no meu rosto — Um pouquinho pequena por causa da doença respiratória e outras coisas — Caroline se compadeceu da minha dor, mas continuei sorrindo e relatando — E ela é tímida e tão fofa, Care, você tem que ver! Ah, e ela fala espanhol fluentemente.
— Espanhol? — suas sobrancelhas loiras se ergueram – Uau! Quem ensinou à ela? O pai babaca?
Sacudi a cabeça, sorrindo.
— Soledad.
— Espera... A Soledad de quem você vivia falando? A empregada?
— Governanta — a corrigi, erguendo um dedo no ar — E sim, ela quem ajudou Kai a criar nossa filha.
A loura semicerrou os olhos.
— E ela está com Kai durante todos esses anos? Por acaso foi forçada mais uma vez?
Sacudi a cabeça em negativa.
— Aparentemente, ela o ama como se fosse o filho dela, por isso voltou a viver com ele.
Caroline estremeceu como se a ideia fosse mórbida demais para cogitar.
— Mas ele não está maltratando a nossa Amy ou está?
— Não — respondi — Pelo que deu para perceber, ela é única pessoa com a qual ele consegue ser carinhoso. Pelo menos, é o que ele deixa transparecer.
A vampira remexeu-se no sofá, incomodada.
— Eu acho que ele está usando suas filhas para se aproximar de você, Bon — ela suspirou, exaurida como se tivesse passado a noite em claro — Não deixe ele machucá-la novamente. Foi tão difícil juntar os pedaços de você que ele deixou para trás. Eu não quero vê-la triste por causa dele nunca mais.
Levantei-me da poltrona e sentei ao seu lado no extenso sofá. Peguei suas mãos e mirei aqueles olhos bondosos e azuis.
— Eu não vou ficar — assegurei — É uma promessa.
Caroline apenas retribuiu um sorriso preocupado e gentil. E um segundo depois, ela apenas disse:
— Vou fazer um jantar na minha casa na próxima semana — avisou com um olhar quase mortal — Traga ele e a Amy.
Franzi o cenho, confusa.
— Mas... você quer que ele se aproxime das suas filhas?
— De forma alguma! — ela estremeceu — Eu só quero deixar bem claro o que vai acontecer se ele ousar colocar aquelas mãozinhas pérfidas nas minhas meninas. — e sorriu novamente, empolgada — E também quero conhecer a minha sobrinha linda! Já estou morrendo de curiosidade.
Caroline era assim. Conseguia ser assustadora e carinhosa em apenas algumas frases.
— Eu não acho que isso é uma boa ideia, Care — falei, incerta — E uma que eu quero o mínimo de contato possível com o Kai.
— Mas quer o máximo de proximidade com a sua filha, não é? — concordei — E você mesma disse que ele é ciumento com ela. Então, que maneira melhor de se aproximar dela do que ganhando a confiança dele? Deixe-o pensar que está tudo bem,  descubra uma maneira de você mesma salvar sua filha e quando não precisar mais dele... PAM! — ela deu um tapa no forro do sofá, fazendo com eu tivesse um sobressalto —... acabamos com o safado! — ela sorriu, docemente — E você fica com suas filhas para sempre e Kai Parker desaparece do mapa.
— As vezes você me dá calafrios — sorri nervosamente — Embora, seja muito esperta.
Ela deu de ombros.
— Alguém tem que ser o gênio do mal nessa equipe.
Sacudi a cabeça, sorrindo e levantei-me, espreguiçando-me.
— Então, já aproveitando que está aqui, gênio do mal... que tal tomar café da manhã?
— É uma ótima ideia! — ela ficou de pé e seguiu-me até a cozinha — Não sei porque insisto em te dar essas camisolas sexys de presente se você usa apenas para as paredes dessa casa.
Olhei para baixo, vendo a camisola de seda prateada com um decote simples e uma leve abertura na coxa.
— Amor próprio é tudo, Caroline — parafraseei — Você mesma diz isso.
Ela sentou-se na mesa da cozinha, enquanto, eu ligava a cafeteira.
— Meu amor próprio está em dia, assim como o sexo também.
— Argh! — fiz cara de nojo — O Stefan é como um irmão mais velho para mim. É muito estranho pensar em você transando com o meu irmão.
Aquilo arrancou risadas dela.
— Meu Deus, a minha amiga vai morrer solteirona!
Revirei os olhos, mas eu estava rindo também. Apesar das atribulações de nossas vidas em Mistyc Falls, a amizade de Caroline fazia meus dias muito mais felizes e completos.
Após tomarmos café da manhã, minha amiga despediu-se indo para o trabalho. Eu acordei Eve e a vesti para a escola. Depois de deixá-la na entrada do colégio, segui para o trabalho e enquanto dirigia meu celular vibrou no suporte do painel. Apertei a tecla na tela, atendendo a chamada sem nem mesmo ver de quem era.
— Alô? — falei, ainda concentrada no trajeto.
— Onde você está? — disse uma voz muito conhecida.
Revirei os olhos para mim mesma.
— Bom dia para você também, Kai.
— Bom dia, que seja — disse com impaciência — Onde você está?
— Por que eu diria a você? — questionei, irritada.
— Você tem a opção de me dizer numa boa — falou calmamente — Ou eu posso fazer um feitiço para rastreá-la e chegar inconvenientemente onde você estiver.
Suspirei, pesadamente.
— Estou no carro, dirigindo para o meu escritório. Por que?
— Preciso falar com você.
— Já estamos nos falando.
— Pessoalmente — insistiu, ainda impaciente.
— Pode ser mais tarde? Estou atolada de trabalho e...
— Agora — me cortou — Vejo você naquele café perto do Mistyc Grill. Não se atrase.
E desligou. Na minha cara. Ele desligou na minha cara!
Tive que contar mentalmente até dez ou socaria o volante so carro até não sobrar nada. Respirei fundo, cogitando seriamente em não aparecer naquele encontro de última hora, mas eu sabia que aquele maldito sociopata era tão impaciente que simplesmente apareceria no meu escritório causando confusão, enquanto, eu estava fechando algum negócio importante.
— Que droga — resmunguei, freando o carro subitamente na rua vazia e dei a volta, mudando o trajeto.
Segui pelas ruas calmas e pacatas de Mistyc Falls, trocando as casinha de subúrbio pelo centro comercial que não era lá grandes coisas em nossa pequenina cidade na Virgínia. Estacionei o carro em frente ao café que Kai havia mencionado. Eu lembrava de tê-lo frequentado assiduamente quando ainda estava no colegial.
Segui pela calçada, agradecendo ao fato de estar usando uma blusa social branca larga, com jeans e salto alto e não estar tão formal para a ocasião. Abri a porta do café, sacudindo a sineta logo acima dela. Haviam poucas pessoas naquele horário e não precisei vasculhar muito para achar o rapaz pálido e alto, ocupando quase que o espaço todo em um dos bancos estofados.
Ele estava enfiando um croissant enorme na boca quando me viu marchando em sua direção. Com uma mordida a coisa desapareceu goela abaixo e abriu um sorriso enorme para mim.
Parei diante dele e tirei os óculos escuros, irritada.
— Eu espero que seja um assunto muito importante para que eu me atrase para o trabalho — falei, ríspida.
Kai apenas apoiou um dos braços musculosos no estofado do banco. Com isto, a camisa branca que ele vestia ficou mais aparente. Havia um desenho de um unicórnio de óculos escuros e musculoso, com tons de rosa e roxo e logo abaixo estava escrito "Melhor pai do mundo."
Ergui uma sobrancelha.
— Camisa interessante.
Ele olhou para baixo, sorridente.
— Ela é demais, não? Foi um presente da Amy no meu aniversário.
— Adorável — forcei um sorriso — O que você quer, idiota?
— Precisamos conversar sobre algumas coisas — disse simplesmente.
— Ao contrário de você, Kai ‐ murmurei, irritada — Eu tenho responsabilidades, um negócio para gerenciar e uma gama de clientes tão ocupados quanto eu.
Ele revirou os olhos.
— Meu Deus, você é tão chata logo de manhã. Senta aí, eu vou pedir alguma coisa para você.
Ele nem esperou eu abrir a boca e chamou uma garçonete, que veio prontamente nos atender. A garota devia de ter mais ou menos a nossa idade e usava uma trança de cada lado de sua cabeça, o que a fazia parecer mais jovem ainda. Seus olhos não paravam de secar Kai de cima à baixo e quando elas passaram por mim, ela encolheu-se, intimidada.
— Sim, o que vão querer? — perguntou, forçando um sorriso.
— Para mim, um cappuccino com muito chocolate — disse Kai, amistoso e sedutor.
Os olhos da garota se fixaram em mim.
— E para sua esposa?
Dava para ver que ela estava sondado o terreno. E eu não estava fazendo questão alguma de atrapalhar sua busca.
— Ele não é meu marido — falei, sentando-me diante de Kai — Para mim um café preto, por favor.
A moça se afastou, ainda olhando para Kai por cima do ombro. Havia esperança em seu olhar.
— Você é amarga até com as papilas gustativas — o vampiro sacudiu a cabeça.
— E você tem paladar infantil — rebati.
— Eu gosto de coisas suaves — disse com um tom de duplo sentido em sua voz — Infelizmente, não tem nada de suave em você, Bonnie.
— Acho que suavidade tem mais a ver com ela — assenti com a cabeça em direção à garçonete de trancinhas que estava atarefada atrás do balcão.
Um sorriso travesso se espalhou por seus lábios.
— Pensei que só eu havia reparado.
— Tem tanta tensão sexual entre vocês dois que é capaz de botar fogo nesse lugar.
Kai apenas encarou a mim descrente.
— Acho que essa descrição se encaixa mais entre mim e uma certa bruxa metida.
Dei uma risadinha amarga.
— Vai sonhando.
— Meus sonhos já foram realizados muitas e muitas vezes — cantarolou — Gostaria de realizá-los novamente?
Um rubor estúpido tomou conta do meu rosto com as lembranças.
— Eu prefiro enfiar minha cabeça em um tonel de ácido — respondi, seca.
Kai apenas ergueu uma sobrancelha.
— Isso foi bem específico.
— Pois é — dei de ombros — Foi uma das torturas que cogitei para você. Mas, não sabia quanto tempo poderia mantê-lo submerso antes que seu crânio derretesse, então, me apeguei às torturas que você já havia praticado comigo.
Ele se recostou no estofado mais uma vez em uma postura de quem desiste.
— Você nunca vai me deixar esquecer, não é?
Olhei para ele de maneira fria.
— Bem, dado o fato de que eu ainda acordo gritando no meio da noite por causa do que houve, não. Eu nunca vou deixá-lo esquecer — esclareci — Porque depois de oito longos anos eu ainda não consigo.
Ele suspirou e baixou os olhos para o tampo da mesa. E ficou assim longos segundos, antes de dizer subitamente:
— O que a Eve achou de mim?
Mudando de assunto. Boa tática.
— Você é mais como o tio estranho do que o pai dela.
— Porque ela já tem uma figura paterna, não? — seus olhos cinzentos miraram os meus com ressentimento. Eu sabia de quem ele estava falando.
— Damon cuidou dela desde o seu nascimento — falei, o defendendo — Ele estava lá. Você não.
Kai apenas fez uma cara de desdém e disse simplesmente.
— Quem disse que eu não estava?
— O que? — franzi o cenho.
— Não cheguei à tempo de ver o parto — explicou — Mas eu estava lá. Eu vi tudo acontecer. E também acompanhei sua gravidez, se quer saber. Então, não diga que não fui um pai presente, porquê eu estava lá.
Franzi as sobrancelhas.
— Espera... está me dizendo que você me seguiu durante toda a minha gestação?
Kai assentiu com a cabeça com um ar orgulhoso.
— Você sabe que isso é bizarro pra caramba, não? — falei, ainda chocada com o tamanho de sua obsessão.
Ele coçou a cabeça, constrangido.
— Você falando desse jeito faz parecer estranho mesmo — e deu de ombros outra vez — Mas foi a única maneira que encontrei de ficar perto de você e arquitetar meu plano de levá-la de volta. Porém, quando a Amy nasceu, tudo mudou. A pessoa mais importante da minha vida, não era mais Bonnie Bennett e, sim, Amélia Parker.
Foi estranho constatar o impacto que minha existência causava na vida dele antes. E como agora eu já não era mais tão importante. Aquilo me incomodou levemente, embora, houvesse uma parte que também estava feliz por se ver livre dele. Pelo menos, no que se tratava de sua atenção.
Alguns minutos depois, nossa amável garçonete trouxe nossos pedidos. Meu café estava ótimo, porém, não tive como não notar quando ela serviu o cappuccino de Kai com um olhar significativo para ele e havia um pedaço de papel junto ao pires de sua xícara.
Kai o pegou nas mãos, leu e deu um sorriso sacana.
— Ora, ora — disse — Eu ainda arraso corações.
Revirei os olhos para aquela atitude infantil.
— Meu ego fica feliz em saber que eu não sou apenas pai em tempo integral — prosseguiu, deixando o papel de lado como se fosse apenas um folheto bobo — Acho que você deve se sentir assim também de vez em quando. Afinal, ser mãe solteira não deve ser nada fácil.
Continuei fitando o papel com um número de telefone anotado que estava próximo de sua mão direita. Ele não iria pegar?
— Bonnie?
Ergui meus olhos para ele subitamente constrangida por minha curiosidade.
— O que?
Meus olhos baixaram para o papel novamente contra minha vontade. Kai percebeu e sorriu pervesamente.
— Está se perguntando se vou ligar para ela, não?
Pisquei levemente, aturdida.
— O que? Não, claro que não! O que você faz com qualquer uma é da sua conta...
— Não se preocupe — ele deu um meio sorriso — Eu já dormi com outras garotas depois que... — ele procurou por uma palavra —... nos separamos, mas nenhuma delas é como você, Bonnie — e deu uma risada — Nossa e as coisas que você faz na cama são...!
— Ah, meu Deus — resmunguei com meu rosto ardendo de vergonha e olhando em volta para ver se não tinha ninguém escutando aquilo — Fica quieto, Kai! Ninguém precisa saber da minha vida sexual.
Seu sorriso se abriu mais ainda.
— Eu sinto falta daquilo — ele dizia aquilo se inclinando sobre a mesa com aquela expressão de predador que já vi muitas vezes — Do contato, do seu cheiro, a sua pele na minha. Você não sente o mesmo?
Se eu pudesse ficar mais ruborizada viraria um semáforo. Ele ainda conseguia me constranger de uma maneira anormal.
— Eu não sou obrigada a responder isso — falei, categoricamente.
— Fugindo da pergunta, BonBon? — ergueu uma sobrancelha.
— Tentando não reavivar um pesadelo, Kai — rebati.
Ele suspirou, deixando aquela postura de garanhão de lado. Aquele mesmo sentimento de culpa cruzando seu olhar.
— É justo.
Tentei me recompor daquela situação humilhante e voltei ao meu modus operandi de costume.
— O que você quer me trazendo até aqui a essa hora do dia? — ergui uma sobrancelha — Tenho certeza que não é para falar do nosso passado morto e enterrado.
Ele olhou para o tampo da mesa e em seguida para mim.
— Tem razão — suspirou, ajeitando a postura no sofá estofado — É sobre a Amy.
Certo. Ele tinha toda a minha atenção agora.
— O que tem ela?
Kai respirou fundo, cansado.
— Acho que ela tem menos tempo do que eu imaginava.
Meu coração errou as batidas e voltou com o dobro da velocidade.
— M-Mas você disse que conseguia controlar isso — gaguejei.
— Eu disse que estava alimentando a pedra com a minha magia, mas, aparentemente, não deve estar sendo o suficiente.
— O que vamos fazer? — perguntei, completamente desolada — Não podemos deixá-la morrer.
Ele mirou os olhos cinzentos em mim. Havia uma determinação crescente naquele olhar.
— Eu já disse que não vou deixar isso acontecer com ela.
Respirei fundo, tentando controlar o turbilhão de desespero que quis se apossar de mim.
— E o que tem em mente, então?
Kai cruzou os braços musculosos sobre a mesa e olhou-me seriamente.
— Eu preciso da sua magia, Bonnie.
Franzi o cenho, confusa.
— O que o faz pensar que vou abrir mão da minha magia tão facilmente? Ainda mais para você? — proferi a última frase como um xingamento.
Kai sacudiu a cabeça, sorrindo fracamente.
— Você não me entendeu — disse — Eu preciso da magia da sua família. Seus grimórios.
Cruzei os braços sobre o peito e o encarei, inquisitiva.
— Por que eu daria os grimórios de centenas de anos das minhas ancestrais à você?
— Por que acho que os feitiços da minha família somados aos da sua poderiam gerar um feitiço capaz de reverter seja lá o que essa pedra está fazendo com Amy — eu não me convenci com sua argumentação e, então, Kai respirou fundo de maneira impaciente — Escuta. É matemática básica. As Bennetts são extremamente poderosas e os Parker, modéstia parte, são capazes de criar feitiços de grande poder e força. Então, quando temos os feitiços de uma Bennett, mais um gênio de sangue Parker, que no caso sou eu, resulta na solução de todos os problemas.
E deu um gole em seu cappuccino como se tivesse chegado no xis da questão.
Ergui uma sobrancelha.
— E o que me garante que isso tudo vai dar certo?
— BonBon — ele sorriu diabolicamente — Eu consegui amarrar sua vida à de Elena em um feitiço inquebrável por quase uma década. Por que acha que não vou conseguir achar a solução para o problema da nossa filha?
— Como você consegue ser tão desprezível em tão poucas palavras? — rebati, furiosa com o fato de retirar a existência de Elena de nossas vidas ser uma piada para ele.
Kai deu de ombros.
— Tive dezoito anos para praticar. Hoje em dia soa muito natural, embora, seja apenas resultado de muito esforço.
Semicerrei os olhos, irritada.
— Você... — e comecei a me levantar.
Kai pegou minha mão sobre o tampo da mesa, mas não houve agressividade em seu gesto.
— Bonnie —  ele disse, agora sério — Eu estava brincando.
— Eu não gosto das suas brincadeiras — o fuzilei com os olhos.
Ele ergueu as mãos em sinal de rendição.
— Em minha defesa, sou um ex-sociopata e... — ele percebeu que aquele discurso de psicopata em reabilitação não surgiria efeito em mim, então, mudou sua abordagem — Tá legal. Eu sou um babaca insensível que deveria pensar mais antes de falar.
— E? — forcei.
— E eu não posso fazer piada com o sofrimento alheio mesmo que pareça engraçado para mim.
Aquilo seria o mais próximo de um pedido de desculpas que eu arrancaria dele. Satisfeita, sentei-me de novo.
— Agora posso ficar com seus grimórios? — ele perguntou subitamente, ansioso.
Suspirei pesadamente.
— Pode.
Um sorriso estranhamente adorável se espalhou por seu rosto. Eu nunca tinha visto aquele sorriso.
— Espera... — franzi as sobrancelhas — Você está feliz?
— Claro que sim! — o sorriso insistente e bonito estava ali — Estou confiante de que isso pode ajudar a Amy.
— Eu nunca vi você feliz com nada — pisquei, aturdida. Era como se eu estivesse conhecendo um Kai diferente nesses últimos dias.
— Eu não tinha muitos motivos para ficar feliz. Mas, agora, eu tenho minhas filhas. Elas me fazem feliz. Espera... — ele juntou as sobrancelhas —... isso soou muito piegas.
Aquilo me fez ter uma pequena crise de riso.
— O que foi? — Kai perguntou, desconfiado.
— Nada — disse eu, retorcendo os lábios para não rir — É que você está parecendo o meu pai. Ele ficava feliz com coisas bobas relacionadas à mim também e...
Percebi que Kai havia se inclinado sobre a mesa, completamente atento ao que eu estava falando. Subitamente, dei-me conta do que eu estava fazendo e com quem estava falando, então, meu sorriso desapareceu.
Pigarreei, ajeitando os cabelos e voltei a seriedade.
— Para quando você precisa dos grimórios?
Kai tentou não deixar transparecer seu desapontamento com a minha súbita mudança de humor.
— Pode ser agora?
— Agora?
— É. Por que não?
— Eu tenho que trabalhar, Kai.
— E eu sou milionário, tenho tempo de sobra — disse como se aquilo não fosse nada — E se dinheiro for problema, posso pagar uma pensão bem gorda para você mandar aquele escritório pro inferno e dedicar todo o seu tempo à Amy e à Eve.
Apesar de querer estar perto das minhas filhas o tempo todo, tive que recusar aquela proposta.
— Não, obrigada — recusei — Apesar do estresse, eu gosto de ser útil e poder cuidar eu mesma da minha vida financeira. E acho que a Eve tem tudo de que precisa.
Kai não pareceu satisfeito com a minha decisão.
— Eu poderia cuidar de vocês duas.
— Passamos oito anos sem você — murmurei, friamente — Acredito que possamos ficar assim por mais alguns anos.
E de novo, aquele olhar de pesar estava estampado em seus olhos azuis, embora, ele tenha voltado para sua postura cotidiana rapidamente.
— Já terminou seu café amargo? — perguntou.
— Sim... — respondi, confusa com a mudança súbita no rumo da conversa.
— Ótimo — ele sorriu, empolgado e ergueu a mão no ar em direção à garçonete — A conta, por favor!
A garçonete de trancinhas praticamente correu para chegar até nossa mesa. Ela finalizou os pedidos e quando chegou na hora de pagar, Kai foi mais rápido que eu, oferecendo aquele seu maldito cartão black sem limite para a moça.
— Malachai — ela sorriu ao ver o que estava escrito no plástico negro — Que nome incomum.
— Meus pais eram conservadores — deu de ombros, mas dava para ver sua perna tremendo sob a mesa. Ele estava ansioso para sair dali.
— Os meus também — ela disse, digitando o valor na maquininha e cobrou o valor de nossos pedidos — Afinal, ser chamada de Magnólia hoje em dia é meio estranho.
— Magnólia? — ele forçou um sorriso — Deve haver um apelido, não?
— Todos me chamam de Maggie.
— Todos me chamam de Kai. Menos a Bonnie, ela me odeia.
A garota ficou desconcertada com o assunto.
— Acho que essa Bonnie está errada em achar isso — disse, soberba — Você parece um cara muito legal.
— Geralmente, eu não erro com o caráter das pessoas — murmurei, irritada com o fato de estarem falando de mim bem na minha cara — Ainda mais de alguém como ele.
A garota olhou para mim subitamente e enrubesceu até a raíz dos cabelos.
— Desculpe, e-eu não sabia que era você...
— Não se preocupe — acenei com a mão no ar — Sociopatas são muito cativantes quando querem algo de você.
Maggie entregou o cartão para Kai, confusa e constrangida com a situação e afastou-se rapidamente.
O vampiro ficou de pé e sorriu para mim.
— Você fica uma graça quando está com ciúmes.
Também fiquei de pé e peguei minha bolsa no assento ao lado.
— Você seria o último homem na face da Terra do qual eu sentiria ciúmes, Kai.
Um sorriso assustador se abriu em seus lábios.
— Então, acho que eu deveria matar toda a concorrência e me tornar o único disponível para você.
Sacudi a cabeça e segui para a saída.
— Por que eu ainda te suporto?
— Porque — ele sussurrou bem próximo ao meu ouvido —  eu sou o único que consegue fazer você gozar várias e várias vezes em apenas uma noite.
A pele da minha nuca se arrepiou com aquela declaração suja. Ele ainda sabia fazer meu corpo responder daquela maneira.
Coloquei os óculos escuros para disfarçar o rubor que tomou conta do meu rosto. E seguimos para o meu carro.
Kai deu um assobio ao ver a picape prateada.
— Você não é meio pequena para dirigir um carro desse tamanho?
— E sua língua não é muito comprida para caber dentro da boca? — lancei, destravando o automóvel com as chaves e abri a porta.
— Eu sempre posso colocá-la em outros lugares se você quiser — Kai cantalorou, seguindo para o lado do carona.
Quando ele entrou no carro, eu já o esperava de braços cruzados.
— O que foi? — perguntou, surpreso.
— Você tem que parar com isso.
— Ser gostoso?
— Não. Sim, quer dizer... — me atrapalhei — Argh!
Kai apenas riu.
— Temos um "argh" de novo?
Tirei os óculos escuros e o fuzilei com os olhos.
— Você tem que parar com essas piadinhas sexuais irritantes! — exclamei, furiosa.
Kai deu um meio sorriso.
— Por que? Isso a irrita, porque a deixa mais ou menos excitada?
Minha paciência havia chegado ao fim. Com apenas um aceno de mão ouvi o pescoço de Kai se partir em menos de um segundo.
Ele ficou largado no banco do passageiro e quem o visse de fora pensaria que estava apenas dormindo. Porém, para não criar suspeitas, coloquei meus óculos escuros em seu rosto e dei um leve aperto em sua bochecha.
— Você fica tão lindo de boca fechada — cantarolei e dei a partida no carro.
Atravessei a cidade até minha casa em pouco tempo e quando estacionei em frente à enorme casa branca, Kai arfou ao meu lado e sacudindo os braços e pernas.
— Que merda...! — grunhiu confuso e tirou os óculos escuros — Meu pescoço, droga — resmungou, mexendo a cabeça para colocar as vértebras que estalaram no lugar. Quando se deu conta do que aconteceu ele me fulminou com os olhos — Bonnie Bennett!
Revirei os olhos.
— Você me desrespeitou. Eu tenho sentimentos, sabe.
— E só por isso você quebrou meu pescoço em plena luz do dia?!
— Você quebrou o meu pé com uma armadilha de ursos, seu hipócrita maldito! — exclamei, furiosa com seu ressentimento idiota.
— Não fui eu! Foi a armadilha! — gritou de volta.
— E eu não toquei no seu pescoço! Foi o feitiço! Então, estamos quites!
O herege estava prestes a abrir a boca para mais um séquito de acusações, mas ele simplesmente respirou fundo e saiu do carro batendo a porta. E o que fez a seguir me surpreendeu. Aquele maluco parou no meio da rua e começou a gritar.
Fiquei observando aquilo de dentro do automóvel completamente surpresa. Kai gritou até ficar sem ar e depois respirou fundo, colocou as mãos nos quadris estreitos e apenas ficou olhando para o céu azul até se acalmar. Quando a barra pareceu estar mais ou menos limpa, eu desci do carro e fiquei o observando da calçada de braços cruzados.
— O que foi isso? — perguntei.
— Cala a boca, você me irritou — resmungou, ainda de costas para mim.
— E quando você fica irritado berra feito uma menina de cinco anos? — debochei.
Kai apenas me olhou por cima do ombro enviesado.
— É isso ou esfolar a pessoa que me irritou — e sorriu, azedo — O que você prefere?
Dei de ombros.
— Vá em frente com a sua sessão de gritos. Reprimir raiva faz as pessoas virarem sociopatas.
Kai apenas virou-se para mim, apontando com o indicador.
— Você tem sorte de eu gostar desse traseiro gostoso, senão, seus amigos teriam um velório para realizar hoje.
Tive que juntar todas as minhas forças para não quebrar o pescoço dele de novo. Apenas girei e marchei em direção à casa.
Ouvi a risada daquele vampiro idiota logo atrás de mim. Maluco bipolar.
— Eu a irrito porque você é séria demais — ele exclamou, tentando me acompanhar.
Parei no meio da varanda e me voltei para ele.
— E você não leva nada a sério, Malachai. Tudo é uma piada para você.
Kai deu de ombros, subindo as escadas.
— Sabe o que dizem: o humor é o refúgio dos fracos.
— Ou a moradia dos idiotas — resmunguei, abrindo a porta.
— Bonnie — o vampiro chamou, sua voz transmitindo uma seriedade estranha.
— Sim? — falei, girando nos calcanhares.
— Por acaso, alguém morreu na sua varanda? — ele questionou olhando em volta e farejando no ar.
Franzi o cenho, estremecendo dos pés à cabeça.
— O que quer dizer com isso?
— É que aqui está com um cheiro forte de sangue. Eu não tinha percebido isso ontem — disse, se aproximando da grade onde eu havia passado horas, dias atrás, tentando retirar os resquícios de morte. Eu havia me esquecido de como os sentidos de outros vampiros eram apurados.
Coloquei uma mecha atrás do cabelo desconcertada, sem saber como começar aquele assunto triste e revoltante.
— Alguns dias atrás, mataram a minha secretária, Elize e deixaram os restos na minha varanda com um aviso.
Kai franziu o cenho, preocupado.
— Que tipo de aviso?
— Dizia apenas: devolva.
Kai ficou pálido como um fantasma.
— Houve mais algum acontecimento estranho? — ele questionou dando um passo na minha direção. Havia uma certa ansiedade em seu olhar.
— Bem, teve aquele episódio da perseguição na qual eu tive que sair correndo de madrugada com a Eve — dei de ombros — Achei que tinha sido você, mas quando apareceu depois para averiguar a situação, me dei conta de que tinha sido outra pessoa.
Kai deu mais outro passo na minha direção, ele parecia fora de si. Suas mãos alcançaram meus ombros e tentei afastá-lo, confusa com sua atitude, porém, suas mãos grandes não me deixaram afastar-me um centímetro sequer.
— Bonnie — disse com os lábios crispados de preocupação — Essa cidade é minúscula, você deve conhecer quase todos de vista ou convivência. Agora me diga, você viu alguma pessoa estranha por aqui? Algum forasteiro?
Pisquei, aturdida com o rumo da conversa, mas tentei me lembrar de alguém estranho ou com alguma característica marcante. Então, lembrei de algo.
— Teve uma noite na qual fui beber com o Tyler no Mistyc Grill e indo ao banheiro esbarrei em um homem no caminho — expliquei — Ele era muito alto, cabelos escuros e tinha olhos verdes. Não Não sei porque, mas tinha algo esquisito nele.
Kai me sacudiu gentilmente, seus dedos acariciando meus ombros, embora, ainda houvesse preocupação em seu semblante.
— Algo mais? — perguntou.
— Bem — murmurei — Acho que naquela mesma noite, depois que voltei para casa, tive a impressão de ver alguém parado na calçada do outro lado da rua. Não dava para enxergar quem era, mas ele estava encarando à mim e minha casa. Mas, eu estava bêbada, então, não tenho certeza do que vi.
Aquela ar disperso e brincalhão de Kai havia desaparecido completamente. Ele soltou meus ombros e ficou de costas para mim, o vi colocar uma mão no quadril e a outra deslizou pelos cabelos castanhos. Kai respirou fundo, como que tentando se acalmar.
— O que foi? — questionei, agora eu mesma ficando preocupada — O que há de errado?
O vampiro girou nos calcanhares e apenas olhou para mim com um semblante sombrio.
— Eles nos encontraram — disse apenas.
— Quem? — sussurrei, temerosa.
— Os Irmãos.

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Nota da Autora:

Oi queridxs!

Tudo bem? Eu tô ótima!

E vc já deve tá cansadx de ouvir falar desses irmãos o tempo todo, ? Pois calma que no próximo capítulo vamos ter mais explicações sobre esses caras chatos que aparecem e somem do nada 🤓

Mas, me diga: vcs gostaram dessa conversinha entre a Bonnie e o Kaizinho? Comentem aí?

Beijinhos 💋  Até o próximo!

LAÇOS MORTAIS | Bonkai |Where stories live. Discover now