32. A Caçada

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Damon bebeu todo o conteúdo em questão de segundos e lançou a garrafa de uísque em qualquer canto. Ouvi o som de vidro se espatifando.
Ele parou, perto do bar e ficou observando a cena com certa curiosidade e divertimento.
- Ué- ergueu os braços no ar- Cadê todo mundo?!
Pude ver Kai se colocar de pé e o encarar com uma expressão mais que fria. Um sorrisinho brincava em seus lábios.
- Damon- cumprimentou, se livrando do paletó rasgado e começou a enrolar a camisa preta nos cotovelos- Como vai a existência sem Elena?
O outro vampiro deu de ombros.
- Sabe como é, uma merda hoje. Uma merda amanhã. Uma merda daqui sessenta anos... Isso me aborreceu muito, sabe...
Kai afrouxou o nó da gravata, ainda o observando com divertimento, a jogando no chão em seguida. No entanto, seus movimentos eram tensos e calculados, como se estivesse pronto para lutar à qualquer momento.
-... mas eu conseguiria lidar com isso de uma maneira bem menos destrutiva se você não tivesse sequestrado minha melhor amiga- disse, dando alguns passos na direção dele- E se não tivesse matado sua própria irmã, que não significava nada para mim, mas era a mulher do meu amigo de uísque. E sem falar na droga do acordo que fez com aqueles malditos hereges e minha mamãezinha frígida, que agora mesmo estão destruindo minha cidade. E sem falar no carrapato Caçadora que eles trouxeram no lombo. Então, seu porco imundo, minha existência está completamente afundada na lama por sua causa. E por isso vou matá-lo.
Ele parou à alguns metros de Kai, com um olhar do mais puro e doentio ódio.
- Você e Bonnie me abandonaram para morrer- falou, ainda calmo- E eu não fiquei nem um pouco feliz com isso. Na verdade, eu fui um cara muito legal, deixando que os dois vivessem. Em um inferno, admito. Mas, isso é melhor do que a morte.
Meus dedos se fechavam dolorosamente contra a trava da porta da saída de incêndio. Todo o meu corpo gritava para que eu me afastasse de Kai o mais rápido possível, porém, Damon estava ali.
E eu não iria abandoná - lo.
- Tô cansado desse seu papinho de papai - me- odeia- então- vou- matar- todo- mundo- ele bufou- Não tenho culpa que nasceu em uma família disfuncional. Não temos culpa que ninguém te ame. E muito menos, culpa por você ser um doente anormal depravado sem magia.
Kai sacudiu a cabeça, aplaudindo a cena com um sorriso no rosto. Como se estivesse vendo uma grande show da Broadway.
- Essa sua psicanálise barata realmente surte efeito? Logo vindo de alguém que vive se afundando no álcool para afogar as mágoas? Porque, eu já fui em todos os médicos conhecidos dentro e fora de Portland. Psicólogos e psiquiatras de todos os tipos. E consegui enganar todos aqueles idiotas. Por que não faria o mesmo com você, mais uma vez?
Damon continuou o encarando friamente.
- Tenho que admitir que esses últimos meses foram muito divertidos- ele continuou- Ver vocês dois- apontou para mim e Damon- se debatendo e fritando ao sol como intentos embaixo de uma lupa- ele suspirou, fechando os olhos por um segundo. Um sorriso em seus lábios- Foi impagável.
- E você logo, logo vai ter algo frito entre as pernas se continuar me amolando desse jeito- Damon resmungou, mais sério e sombrio.
Por um segundo sua expressão tornou- se vulnerável.
- Por quê?
Kai franziu o cenho.
- Por que, o quê?
Os punhos de Damon se cerraram, deixando os nós tão brancos quanto ossos.
- Eu esperava qualquer coisa vinda de você, Kai- ele aparentou fazer um enorme esforço para dizer seu nome- mas isso... O que fez com a Bonnie... Eu não entendo... Por quê?
Minha garganta se apertou ao lembrar de tudo o que ele já havia me feito. Sobretudo, os abusos eram a pior parte, mesmo que em algum momento eu tenha me entregado à ele. Foi apenas uma resposta corpórea, uma coisa de pele. Talvez resultado de minha carência e debilidade emocional. Porém, isso não justificava todas as vezes em que ele me machucou, que me obrigou a ser dele.
Isso não era algo que eu pudesse perdoar. Não era algo que eu pudesse esquecer.
Kai ponderou a pergunta por alguns segundos, um mínimo movimento se formou em seus lábios.
- Olhe só pra ela- sussurrou, seus olhos fitando os meus daquela distância- Tão linda, paciente, corajosa. Ela é tudo o que eu não sou. Tudo o que invejei. E eu tentei ser tudo o que ela poderia querer, mas sabemos o quão teimosa Bonnie pode ser.
Eu podia sentir o ressentimento ardendo em sua voz.
Kai continuou, como em um transe:
- Eu quis mudar por ela, mesmo não entendendo bem o porquê. Queria que ela aprovasse a pessoa que eu poderia me tornar. Estava tudo nas suas mãos, Bonnie...
Ele nem parecia enxergar Damon, tão intenso e profundo que por um segundo, me fez sentir realmente culpada pelo que tinha feito à ele.
Baixei os olhos, sentindo-me confusa com aquela maré de sentimentos estranhos que me inundavam.
- E você...- riu, com um quê de loucura na voz.
Ouvi nitidamente, sons de vidro trincando. Olhei em volta, vendo o que restou das prateleiras de bebidas. O vidro tilintava de leve, assim como os enormes espelhos em todas as paredes da boate se rachavam.
-... ME TRAIU!
Então, tudo que era feito de cristal e vidro, explodiu pelos ares espalhando cacos por toda a boate. Uma clara resposta aos poderes de Kai.
Nos meses em que fui encarcerada e que dividi o apartamento com ele, Kai quase nunca usava magia. Talvez, porque não visse necessidade, ou então, estivesse desfrutando o lance de vampiro. Mas, agora eu podia ver o quão poderoso ele era. Cheguei à conclusão de que, mesmo que ele tenha destruído a Convenção Gemini, seus poderes de líder ainda residiam dentro dele.
Damon sacudiu o vidro dos ombros da jaqueta destruída, totalmente alheio ao que tinha acontecido a sua volta. Eu nunca o tinha visto tão concentrado e mortal.
Senti uma leve ardência em minha panturrilha esquerda, mas imaginei que algum pedaço dos espelhos havia havia me atingido. E também, estava pouco me importando com a dor.
Eu estava preocupada com Damon.
Ele parecia exausto, como se tivesse entrado em uma briga infernal. Seu rosto estava mais pálido que o normal, os olhos opacos e perdidos. Sua jaqueta e o jeans rasgados em alguns pontos. E havia sangue em sua camisa cinza.
Esperava que não fosse o dele.
Voltei meus olhos para Kai, que ainda me encarava da pista de dança. A frieza e fogo em suas retinas não me deixou surpresa.
- Então, se trata disso?- Damon riu- Um pé na bunda e você já quer destruir todo mundo? Devia aprender a lidar com a rejeição, já que ninguém parece gostar muito de você, bonitão.
Kai voltou seu rosto para o outro vampiro, sorrindo minimamente.
- Isso vai ser muito divertido.
E ele ergueu as mãos diante do corpo, pronto para proferir algum feitiço que provavelmente mataria Damon.
Quando ouvimos o som de passos.
Procurei pelo salão, assim como o vampiro e o herege.
Apollon, já estava de pé, perfeitamente curado com seu DNA licantropo. O vi ajeitar a lapela da paletó bege, que estava rasgado em alguns pontos.
Seus olhos estavam tão amarelos que pareciam emitir luz própria como faróis de carro.
- Vejo que temos mais um sanguessuga na casa- murmurou, com um mínimo sorriso selvagem e desdenhoso.
Ele parou perto de Kai e Damon, formando um triângulo perfeito.
Senti um calafrio descer por minha espinha. Ia ser uma briga daquelas, meu Deus.
- E quem é você mesmo?- Damon coçou o alto dos cabelos negros e lisos.
- O dono desse lugar, que seu amigo, aqui fez o favor de gentilmente, destruir- citou, estalando o pescoço audivelmente.
- Não somos amigos- Kai e Damon, disseram ao mesmo tempo, se encarando como dois leões prestes a se matarem.
- Então, temos algo em comum- murmurou o lobo, para meu amigo.
Damon, levantou os olhos para ele, o encarando de cima abaixo com um ar levemente entediado.
- Olha, eu nem te conheço, cara. Poderia fazer o favor de pegar esse seu terno Armani, sair e me deixar terminar meus assuntos com o porco aqui.
Apollon sorriu deliberadamente.
- Não recebo ordens no meu território de um simples morcego com presas- provocou- Ele- apontou para Kai- Só vai sair daqui quando eu quiser. E você- encarou Damon- Vai ter a língua arrancada por ser tão impertinente.
Quase pude sentir a saturação no ar da tensão que se formava sobre os três homens.
- De onde você conhece esse panaca?- Damon, sussurrou para Kai.
- Não vai querer saber- revirou os olhos, suspirando alto.
Não sabia o que fazer.
Estava perdida entre sair correndo daquele lugar, ou ficar para ajudar Damon. Mas eu não tinha minha magia para fazer algo útil. E também, existia uma parte de mim, que queria Apollon fora de nosso caminho- meu e de Kai- pois ele nos perseguiria até matá-lo. E algo me dizia que eu não escaparia daquilo, mesmo que estivesse completamente alheia ao que estava acontecendo.
Me senti estranha por me preocupar que algo pudesse acontecer com Kai. A voz em minha cabeça, gritou o quão errado era aquilo, mostrando todas as atrocidades que ele havia feito comigo nos últimos meses, como um forte argumento de persuasão.
E rapidamente, a raiva tomou conta de meu ser. Eu queria que ele morresse.
Eu nunca havia sentido tanto ódio de alguém à ponto de desejar aquilo. Mas, nunca estive tão certa do que queria.
Kai deveria morrer, para que eu pudesse me libertar de sua prisão.
- Acho muito legal essa sua coragem para nos enfrentar- Kai provocou- Mas acho que você está em desvantagem, meu amigo. O que me impede de matá-lo e me livrar desse idiota em seguida?
O sorriso que surgiu no rosto de Apollon era tão mau que fazia o bicho - papão parecer um tiozinho perverso.
- Um lobo nunca se separa de sua matilha- disse, com a voz baixa e gutural.
Dito isso, aqueles homens de terno escuro e expressões nada amigáveis, surgiram, vindo de portas adjacentes da boate.
Os guarda-costas de Apollon.
Ele os manteve fora do lugar, quando Kai mandou tudo pelos ares, desacordando o restante de matilha.
Fiquei boquiaberta, ao ver o que provavelmente eram mais de vinte caras gigantes e musculosos.
- Você não sabe brincar- Damon cruzou os braços, fazendo um beicinho.
Kai como o sádico que era, sorriu como se tivesse ganhado o melhor presente de todos.
Os caras avançaram para cima deles, e Kai simplesmente, os arremessou longe com sua magia. Mas eles eram muito fortes e resistentes, partindo para cima de Damon e ele.
Vi, estarrecida, meu amigo afundar a mão no peito de um dos brutamontes e arrancar seu coração ainda batendo. Sangue pingando de seus dedos.
O gigante desabou no chão e mais outros três tomaram seu lugar, rosnando e cercando Damon como cães sobre a carniça.
No lado oposto, Kai desmembrou outros lobos, espalhando partes de vísceras, braços e pernas pelo piso multicolorido.
Eu podia sentir o poder que vibrava dentro dele, como uma explosão magnética à minha volta. Seja lá o que ele estivesse contendo em todos aqueles meses, estava sendo liberado naqueles lobisomens. A onda de poder era tão grande, que quase me fez vergar de joelhos sobre o piso da porta. Meu estômago remexendo furiosamente.
- Kai...- pedi para que ele parasse, mas ele estava distraído demais- Kai...- minha voz era fraca por entre a vertigem.
Subitamente, senti algo enorme agarrar meu braço dolorosamente. Me erguendo.
Olhei para cima alarmada e vi um homem de cabelos pretos e curtos, apertando meu braço com uma força capaz de quebrá-lo. Um rosnado ameaçava por entre seus dentes.
Puxei meu corpo para trás, abafando um grito.
Ele apertou mais, me fazendo ganir.
- SOLTA ELA!- ouvi Kai rosnar, subitamente parado atrás do cara, como se tivesse se materializado ali.
Suas mãos agarraram a cabeça dele, a torcendo tão rapidamente e forte que sua coluna se partiu audivelmente, fazendo seu pescoço se projetar em um ângulo assustador.
Segurei meu braço dolorido, completamente trêmula.
E senti as mãos de Kai em meu rosto, erguendo meus olhos para os dele. Seu olhar ainda era frio e sinistro, com presas à mostra e as veias negras tomando suas feições, mas ele parecia... preocupado?
- Bonnie- sussurrou, com um rosnado no fundo da garanta- Você está bem?
Assenti nervosamente.
- Vamos embora- ele começou a me puxar para o beco escuro e sujo atrás da boate.
Parei, com os pés fincados no lugar.
- Não- cuspi para ele- Eu não vou com você.
Pude ouvir os sons da luta as minhas costas. Eu sabia que poderia morrer no meio daquela confusão. Mas, se fosse para morrer com Damon, meu melhor amigo, que nunca desistiu de mim. Sim. Eu morreria feliz.
- Você vem comigo...!- começou a dizer, me arrastando com ele, até mãos agarraram meus ombros, me arremessando em qualquer direção.
Por um segundo, ainda no ar, pude ver Apollon, saltando para cima de Kai, enquanto ele tentava ultrapassá-lo para me alcançar. Mas, o lobo, o jogou contra uma parede, fazendo o reboco se rachar com um contorno perfeito dos músculos das costas de Kai.
A dor foi algo que senti no instante em que aterrissei no meio da pista de dança. Caí sobre o braço direito, raspando meu rosto contra os cacos de vidro no chão.
Toda a lateral de meu corpo ardeu como fogo.
- Bonnie!- ouvi Damon gritar para mim, não podendo me alcançar.
Tentei me sentar, zonza. Senti algo quente descer por minha testa, pingando sobre meu vestido. Era sangue.
Com esforço, consegui ficar de pé, vendo meu amigo ser atacado por quatro lobisomens. Damon, lutava contra todos eles, distribuindo socos a torto e a direito. Ele arrancou a cabeça de um deles, arrancou o coração de outro e quebrou as pernas de um terceiro.
Tentei avançar para ele, mesmo que eu fosse completamente inútil, queria ajudá-lo. Apertei o enorme caco de vidro em meus dedos, sentindo sangue correr pela palma.
Quando dei o primeiro passo, meu tornozelo esquerdo estalou horrivelmente. Caí no chão, agarrando minha perna, mordendo o lábio para não gritar.
E naquele instante, um lobisomem surgiu do nada e agarrou meu pescoço, com a mão. Fui içada do chão, meus pés balançado no ar.
Arranhei seus dedos em volta de minha jugular, tentando me soltar dele. Mas aquele desgraçado não largava.
Tossi, sentindo a pressão em minhas vias aéreas. Eu ofegava, buscando por ar.
Choraminguei, procurando qualquer escapatória. Mas não havia.
Manchas escuras surgiram diante de mim, me puxando para a inconsciência da morte.
E naquele instante, uma fúria arrebatadora ardeu em minhas veias.
Eu não havia passado por todo aquele inferno durante a minha vida, sofrendo no inferno pessoal de Kai, para ser encontrada por Damon e morrer nas mãos de um cachorro sarnento e super desenvolvido.
Eu não aceitaria isso de forma alguma.
Por isso, ergui a mão com o caco de vidro no ar, e o afundei no rosto daquele desgraçado. Torci, quebrando o vidro dentro de seu globo ocular, ouvindo seu urro desesperado.
No mesmo instante, ele me soltou, fazendo-me cair de qualquer jeito sobre o piso. Meu tornozelo protestou, mas com o resto de minhas forças, arrastei meu corpo até ele e finquei o que sobrou do caco em sua perna.
Acho que atingi a arteria femoral, pois uma quantidade incrível de sangue começou a jorrar do talho. O homem caiu no chão, perdido entre estancar o sangue, arrancar o vidro de seu olho, ou simplesmente continuar gritando.
- Eu tô cansada de idiotas me agredindo- sibilei, forçando minhas pernas fracas à sustentarem meu corpo flácido e machucado.
A pista de dança era nada menos do que um palco de terror e sangue. Haviam corpos de lobos espalhados no chão como confetes. E haviam mais partes do que eu queria conhecer sobre a anatomia humana jogadas aqui e ali.
Procurei por Damon, vendo-o terminar de virar todo o conteúdo da garrafa vodka sobre um dos lobisomens grogue pela surra. Em seguida, puxou um isqueiro de prata e deixou as chamas se espalharem pelo corpo do cara enquanto caminhava na minha direção.
Meus olhos começaram a arder inevitavelmente, quando o vi. Toda a dor em meu corpo, não era nada comparada com a dor da saudade que senti de meu melhor amigo.
Com uma velocidade sobrenatural, Damon parou diante de mim e sem pensar duas vezes, me puxou para os seus braços. Enlacei meus braços em volta de seu pescoço, tremendo com os soluços.
Em um impulso, ele me ergueu do chão e me pegou no colo, como quando eu consegui voltar do Mundo Prisão e o vi pela primeira vez.
Ele ainda tinha aquele cheiro reconfortante de uísque e perfume masculino.
- Eu senti tanto a sua falta- chorei, não dando a mínima se estava agindo como uma idiota carente.
Estava cansada de ser forte o tempo todo. De ter que dissimular minha dor, de não ter ninguém com quem conversar, alguém para abraçar.
- Eu sei- sua voz tremeu, embargada- Eu sou irresistível. Sabia que um dia você ia ceder ao meu charme, BonBon.
Escutar aquele apelido bobo da boca de Kai, só me fazia sentir raiva. Mas vindo de Damon, era uma sensação maravilhosa. Como voltar para casa mais uma vez.
Apesar de ele ser maior e mais forte que eu, tinha a impressão de o estar esmagando com minhas pernas e braços.
- Não suma nunca mais- ele pediu, com a voz mais frágil do que podia me lembrar- Stefan não é tão bom dando sermões como você, judge. E preciso de alguém pra ser minha moral quando eu não estiver com vontade ser o mocinho.
Apertei-o mais ainda, temendo que aquilo fosse algum sonho. Ou uma ilusão plantada por Kai em minha mente.
- Isso.. isso está acontecendo mesmo?- perguntei, temerosa- Por favor, diz que eu não estou sonhando.
Damon pareceu preocupado com minha reação.
- Claro que eu estou aqui, Bonnie. Eu vim por você.
Acariciei seus cabelos, e me apertei mais contra seus ombros, absorvendo casa traço de realidade. De minha antiga vida.
Ele era real. Damon era real.
- Precisamos sair daqui- ele disse, subitamente mais sério- Preciso levar você de volta o mais rápido que conseguir.
Ele parecia eufórico e preocupado.
- Tudo bem- murmurei, sentindo meu peito tremer de felicidade- Tá.
Afrouxei minhas pernas de sua cintura e fiquei de pé.
Nos voltamos rapidamente para o que estava acontecendo do outro lado do salão.
Eu quase havia me esquecido de Kai. O vi terminar de quebrar o pescoço de Apollon, o soltando no chão como uma boneca de trapos estraçalhada.
Seus olhos azuis e negros pousaram em mim e Damon, então, ele avançou para nós com um olhar decidido pronto para qualquer coisa.
Ele estava coberto de sangue e arranhões. O mais preocupante de todos era a mordida em seu ombro esquerdo.
Sangue jorrava pelo colete cinza, mas ele nem parecia se dar conta. Seus olhos estavam presos em mim com uma fúria assassina.
Sabia o que se passava em sua cabeça.
Para Kai, eu era apenas um objeto, sua posse e Damon estava tentando me tirar dele. E o conhecendo como eu conhecia, ele não abriria mão tão fácilmente de seu brinquedo.
Damon ficou diante de mim, me protegendo seja lá do que Kai poderia fazer. Pude ouvir os ossos de seus nós estalando audivelmente.
E Kai continuava avançando, sua boca numa linha rígida de aborrecimento.
Meu maxilar enrijeceu.
Ele teria que me matar e arrastar minha carcaça sem vida para que voltasse com ele para aquele apartamento.
Pulei de susto, ao ver uma fera com rosto de homem pular sobre Kai de uma altura incrível, com as presas à mostra e morder o vampiro no pescoço.
Pelo tamanho, deu pra perceber que não era um homem. E sim uma mulher.
Madeline.
Kai agarrou seus cabelos vermelhos e a jogou no chão com uma força incrível. Todo o piso de vidro temperado rachou, mas ela parecia intacta, mais irritada que nunca.
Então, Apollon, surgiu atrás de Kai e o arremessou no outro extremo da boate, arrebentando uma parede com seu corpo.
Fiquei sem palavras.
Eu vi claramente, Kai quebrar seu pescoço. Como ele poderia estar vivo?
- Vamos, Bonnie- Damon puxou, minha mão, fazendo com que eu saísse do meu estado de torpor e incredulidade.
O vampiro me arrastou até a porta principal. Por onde o carro havia passado, deixando escombros e uma abertura enorme na parede que dava para a rua.
- BONNIE!!!- Kai rosnou.
Todo o meu corpo se arrepiou e minhas pernas tremeram de desespero. Era como se algo dentro de mim estivesse escutando aquele chamado.
Não consegui me conter.
- Eu preciso voltar...- tentei me soltar de Damon, quando já estávamos na calçada-... Damon, eu preciso...
Ele se recusou.
- Bonnie, olha pra mim- segurou meu rosto perto do seu.
- Não, eu tenho que...- chorei.
- Bonnie- falou calmante, mas com firmeza- Você não vai voltar para ele. Você não deve nada à Kai.
- Você não entende...
- Você está em choque, assustada e fragilizada- continuou, seus olhos azuis como gelo fitando os meus- Ele a machucou muito e você passou muito tempo presa à ele. Sei que é assustador se afastar de uma situação conhecida. Mas, aquele maluco, vai machucá-la de novo se voltar para ele. Quer que isso aconteça?
Meus olhos arregalados o fitavam em confusão.
- Não...- sussurrei, em seguida mais veementemente- Não. Eu não... quero. Eu... não vou voltar.
Damon pareceu completamente aliviado. Seus ombros relaxando.
- Então, vem comigo.
Não demorou muito para ele encontrar um carro razoavelmente bom. E dei graças à Deus por aquela rua estar vazia, pois ninguém iria aceitar bem o fato de um cara esfarrapado e uma garota toda machucada estarem roubando um.
Damon deu a partida, arrancando com o veículo com toda a velocidade. Se não o conhecesse bem, diria que ele estava fugindo do próprio diabo.
O carro avançava pelas ruas escurecidas e vazias da cidade, com meu amigo dirigindo à toda velocidade.
Eu me remexia no banco, contendo aquela necessidade de abrir a porta e me jogar no asfalto e me arrastar de volta para Kai como um animal.
- O que está acontecendo comigo?- solucei, cobrindo meu rosto com as mãos, assustada com meus próprios pensamentos.
Damon colocou a mão sobre meu joelho, tentando me acalmar.
- Está tudo bem- disse.
Mas, ele mesmo, parecia muito distante.
Respirei fundo, tentando ficar mais calma. E me obriguei à calar aquela maldita voz, dizendo para voltar para aquele monstro.
Apertei meus dedos sobre os de Damon. Ele pareceu mais calmo.
E vi um filete de sangue correr pelo punho de sua jaqueta de couro escuro. Ergui o tecido.
Ofeguei.
Havia uma marca de mordida em seu pulso. Profunda e inchada.
Eu sabia o que aconteceria com ele.
- Damon...- sussurrei sem fôlego.
- Não é nada demais, Bon- disse, colocando a mão sobre o volante.
- Você foi mordido por um lobo- minha voz estava fraca- Você vai morrer se não...
- Eu sei- ele suspirou- Mas, tenho uma reserva do sangue de Klaus em casa. Só precisamos chegar até lá.
Mordida de lobisomem era como um veneno para os vampiros. Todos os sintomas eram terríveis, febre, alucinações, agressividade descontrolada e depois a morte. E a única forma de curá - lo era com o sangue de um híbrido de lobo e vampiro.
A viagem até a Virgínia seria longa. E eu torcia para que Damon ficasse bem. Se fossemos bem rápido, haveria tempo, não?
Eu esperava que sim.
Nem percebi que estava tremendo, até Damon tirar sua própria jaqueta e colocar sobre mim.
- Obrigada- sorri fracamente para ele.
Ele assentiu, voltando a se concentrar na estrada.
O vi remexer o ombro direito, um tanto incomodado com algo. Inclinei a cabeça, vendo uma marca avermelhada em formato de X sobre sua camisa. Aquilo era sangue, com certeza.
- Você está ferido- apontei para a marca.
Damon seguiu meu olhar, ficando subitamente pálido.
- Eu tô bem, sua chata- forçou um sorriso- Acho que devo ter me cortado no meio da briga com os cãozinhos da boate.
Ele estava mentindo.
Aquele coisa não parava de sangrar.
- Damon, encosta o carro- murmurei, alerta- Precisamos estancar isso.
- Eu tô bem...
- Não- fui firme- Você não está bem.
Me aproximei, puxando a gola de sua camisa. Mas ele me afastou, bruscamente.
- Eu já disse que tô bem, Bonnie!
Franzi o cenho, sentindo um vertigem terrível.
Então, ouvi gritos.
Não estavam em volta de nós, e sim, dentro de minha cabeça. Muitos deles. Vampiros. Havia dor. Muita dor. Inferno. Eles estavam no inferno.
E juro por Deus, que senti uma lâmina atravessando meu peito. Queimava com fogo, tragando minha vida, minha alma...
Abri os olhos arfando, Damon, me sacudia de leve, ainda dirigindo e preocupado.
- Bonnie?
- Quanto tempo eu apaguei?
- Uns vinte minutos. Você... simplesmente desmaiou quando me tocou.
Minha cabeça doía.
- Damon?
- Hum?
- O que é isso no seu peito?
- Eu já disse. Me cortei no meio da briga...
- Eu tive uma visão- murmurei, seriamente- Todos eles tinham essa marca. O que é isso?
- Bonnie...
- Me diga!- exigi.
Ele revirou os olhos, respirando fundo.
- Ela me marcou.
- Quem?- minha voz estava ofegante.
- Ray-Ray.
Todo o meu corpo tremeu de medo por ele.
- A Caçadora?
Ele assentiu, com o queixo duro.
Meus olhos arderam com as lágrimas.
- Você veio atrás de mim e se descuidou, não é?- minha voz estava embargada- E ela conseguiu marcá - lo...
Tentei respirar adequadamente.
- Não é sua culpa, Bonnie. Eu precisava encontrar você. E não vai ser uma psicótica com uma espada que vai me deter.
- Ela vai matar você, Damon- choraminguei- Não devia ter feito isso...
Seus olhos azuis de gelo encontram os meus.
- Nós vamos dar um jeito. Sempre damos. E agora eu tenho você- sorriu- Sei que vai conseguir nos tirar dessa furada.
Assenti ansiosamente.
- Eu prometo.
- Acredito em você, bruxa- ele sorriu mais abertamente.
Eu só precisava de tempo até minha magia se reestabelecer de novo. Então, eu estaria forte o suficiente para salvar meus amigos, ajudar Sol e destruir Kai de uma vez por todas.
Uma pergunta simplesmente surgiu em minha mente.
- Como conseguiu me encontrar?- perguntei- Você tinha dito que Kai, bloqueou qualquer feitiço de localização.
Damon puxou seu celular do bolso da calça e o sacudiu na minha frente.
- GPS- murmurou- Rastreei seu número de celular, como aqueles tiras do FBI. Demorei para encontrá-la porque a minha amiga, Caçadora, estava me empacando. Tive que mudar de rota o tempo todo. Quase fui pego algumas vezes. Mas, a achei finalmente.
Franzi o cenho.
- Você... consegue senti-la?
Ela sacudiu a cabeça.
- Agora, não. Às vezes ela some do meu radar. Temos essa ligação estranha. Sinto o que ela sente e Rayna, o mesmo. Mas, agora... está silencioso.
Ele riu.
- Nunca pensei que algum dia fugiria de uma garota- resmungou.
- Nunca pensei que seria sequestrada por um herege psicótico e cá estamos nós- tentei quebrar o gelo.
- Somos irresistíveis- ele riu.
- Nem me fale- assenti, me sentindo estranhamente bem.
A distância de Kai estava deixando minha mente mais calma e clara. Era quase como se eu estivesse voltando a ser eu mesma de novo. Claro, que eu nunca mais veria a vida do mesmo jeito, mas eu estava tentando me libertar de suas correntes.
- Como estão... todos?- perguntei, emocionada.
- Stefan está no mesmo barco que eu, Rick, depois da morte de Jo está agindo como um vegetal humano, mas parece estar se recuperando. E a loirinha vai ser mamãe.
Engasguei, meus olhos quase saltando das órbitas.
- Caroline está... grávida?!- quase gritei- C-Como isso é possível?! Ela é uma vampira e Stefan também..
Damon suspirou, parecendo genuinamente feliz em me deixar chocada.
- Stefan não é o pai.
- Não? Então, quem é?
Eu estava completamente chocada. Cogitei a hipótese de Damon estar brincando comigo, mas ele parecia sério demais.
- O Rick.
Não dava pra arregalar mais os olhos.
- Não aconteceu nada do que você está imaginando- disse de pronto- Ele é um bêbado, mas não um bêbado infiel. Os bebês, foram transferidos do corpo da Jo para o de Caroline, pela Gemini, em seu último suspiro de vida.
Encostei a cabeça no painel do carro.
- É informação demais- gemi e levantei a cabeça imediatamente- Então, quer dizer que o Kai vai ser tio?
Damon continuou dirigindo.
- É uma coisa macabra de se imaginar. Kai como tio de alguém. Isso que eu chamo de azar no sangue.
- Ele não pode saber da existência dessas crianças- fiquei apavorada- Ele as mataria, junto com Caroline.
- Minha boca é um mausoléu- disse.
A família dele havia sobrevivido, o que significava que a Gemini não estava completamente acabada. Se ele soubesse disso, seria o fim daqueles bebês. Ou quem sabe o que ele poderia fazer para ter mais poder? Kai era um egomaníaco.
Quase pedi para que Damon pisasse com toda força naquele acelerador, eu queria proteger minha melhor amiga. Porém, não precisávamos sofrer um acidente de carro.
Me permiti relaxar um pouco contra o banco do carona. Nunca me senti tão calma. À meses eu não sabia o que era não sentir medo.
Damon, suspirou ao meu lado, parecendo sentir o mesmo.
Um trovão sacudiu o céu e imediatamente a chuva chegou. Em gotas pesadas e gordas, golpeando o teto do carro.
Aquilo não me incomodou.
- O que...?- Damon se interrompeu e subitamente virou o volante do carro.
Abri meus olhos a tempo de ver uma figura alta, encharcada e coberta de sangue parada no meio da rua. Damon desviou dela antes de bater. O carro girou loucamente sobre os asfalto molhado, até parar na vertical.
Os faróis iluminaram as costas largas, mostrando os resquícios das roupas elegantes, agora estraçalhadas.
Meu coração se apertou no peito, como que esmagado por mãos invisíveis.
Ele estava descalço, o colete já desaparecido e sua camisa estava destruída, mostrando pedaços dos músculos dos ombros, braços e o peito cobertos de sangue. Haviam marcas de garras em sua bochecha. Mas ele nem se dava conta.
Seus olhos azuis estavam injetados de sangue e ódio.
- Como ele conseguiu sobreviver?- Damon parecia chocado, atrás do volante- Dane-se, vou passar por cima dele.
Quando girou a chave, o automóvel morreu.
- Não... Não, não, não!- bateu contra o painel.
Kai deu um passo lento na estrada, com a mão erguida. Ele quem estava atrapalhando o funcionamento do carro.
O que vi em seus olhos me deixou apavorada. Loucura. Loucura pura e cega. E ele me fitava através do vidro.
Meu corpo começou a tremer.
- Bonnie- o vampiro ao meu lado, chamou- Fica no carro. E independente do que acontecer, quero que saia daqui, entendeu?
- Não...- segurei seu braço- Damon, ele vai matar você.
- Você me escutou, não é?- disse por cima- Saia daqui- ele se inclinou e beijou o alto de minha cabeça- Eu te amo.
- Não vai...- chorei.
Mas ele se soltou de mim e começou a abrir a porta do carro. Antes que ele pudesse terminar, ela se abriu sozinha e Damon foi puxado para fora por uma força invisível.
O vi ser arrastado pelo asfalto, e parar no ar, como que preso por uma corda invisível, bem diante de Kai.
Ele disse alguma coisa ao herege, mas não consegui entender por causa do barulho alto da chuva. Kai continuou o fitando de um modo anormal.
Ele parecia outra pessoa.
Naquele momento, eu soube que sua falta de humanidade o tinha tragado completamente.
Empurrei a porta do carro e tentei sair, mas as portas se travaram sozinhas.
- Não!- bati contra o vidro, mas ele não cedia- Não, Kai!
Damon tentou se debater, mas ainda estava preso em pleno ar. A chuva caía sobre os dois vampiros.
Kai fez um gesto com a mão e o braço de Damon se quebrou, ficando em uma posição nauseante. Ele gritou.
E eu gritei com ele, empurrando as portas do carro, tentando ligar aquela lata velha, mas não adiantou.
Em outro movimento de mãos e a perna de Damon, quebrou. Ele gritou de novo.
- Não! Não! Para, Kai! Por favor! Por favor!- implorei batendo contra o vidro do carro como uma louca.
Ele estava se vingando por eu tê-lo abandonado de novo. Ele mataria Damon na minha frente.
Por mais que eu gritasse, ele não queria me escutar. Numa medida desesperada, deitei sobre os bancos do passageiro e o carona, não me importando se o câmbio estava pressionando minha coluna.
Apoiei um dos pés sobre o banco e coloquei a sola do salto sobre a janela de vidro e chutei com toda minha força. Uma vez, duas vezes, três, quatro, cinco...
O vidro começou a rachar, até cair como uma cascata sobre o banco. Rapidamente, fiquei de joelhos sem me importar se estava sobre os cacos que cortavam minha pele, e meti a cabeça pela janela, e caí sobre o asfalto, minhas costas rasparam nas pontas da janela, abrindo sulcos profundos em minha pele.
Mas, eu não senti dor.
Levantei e corri para os dois.
Os faróis iluminavam a imagem de Kai e Damon, enquanto mais água despencava sobre nós.
- Kai!- me aproximei, tentando me fazer ouvir através da tempestade- Kai! Deixa ele ir!
- Sai daqui, Bonnie!- Damon gritou- Que droga! Vai embora!
Se eu fosse, Kai acabaria com ele e viria atrás de mim de qualquer jeito e mataria todos os que eu amava.
Soluçando e complemente fraca, parei diante dele.
- Kai...
Ele nem se dignou a me olhar.
- Kai, fala comigo..
Nenhuma vez.
- Kai, por favor... deixa ele ir...
Ele continuou impassível, com aquela insanidade brilhando em seus olhos.
Engoli todo o medo e nojo e me aproximei dele.
- Kai...
Nada.
Coloquei minhas mãos sobre seu peito e as deslizei por seu abdômen. Um tremor leve surgiu em seu corpo. Meus braços contornaram seu torso, o abraçando apertado contra mim.
Encostei a cabeça em seu peito coberto de sangue. Seu coração estava acelerado, pulsando dolorosamente.
- Por favor...- sussurrei, em sua pele- Por favor...
Subi minhas mãos por seu corpo e peguei seu rosto entre as mãos. O puxei para baixo, fazendo-o olhar para mim.
Ele não tentou resistir.
Fiquei na ponta dos pés e o beijei, ouvindo um leve gemido vindo dele quando me afastei.
- Me leva pra casa?- pedi, ciente de que ele não estava mais tão concentrado em meu amigo- Me leva pro seu quarto. Na sua cama. Como você sempre quis.
A excitação estava evidente em sua respiração, no modo como ele me olhava.
- Pode ter o que quiser de mim- sussurrei, dando outro beijo nele, Kai se inclinou, procurando por mais- Mas deixe ele viver. Serei sua para sempre se fizer isso por mim.
Ele tocou meu rosto, seus olhos fixos em meus lábios.
- Minha?- sua voz estava rouca e derretida.
- Apenas sua. Só sua. De mais ninguém. Sou sua.
Passaram - se longos minutos, nos quais seus olhos não deixaram os meus. Eu não ousei cortar aquele contato, deixando-o ver o que quisesse dentro de mim.
Então, um estalo se fez no ar.
Me virei à tempo de ver Damon desacordado. Kai quebrou seu pescoço, mas isso não o mataria.
Senti meus joelhos amolecerem e pela primeira vez na minha vida, abracei Kai de verdade.
- Obrigada- sussurrei aliviada- Obrigada, Kai.
Dei beijos em seu rosto, totalmente grata por ele não ter matado meu melhor amigo.
Kai não reagiu.
Ele não me abraçou ou tentou me beijar como imaginei que faria, apenas ficou parado lá.
- Obrigada- sussurrei, com meu rosto escondido em seu ombro ferido.
Subitamente, ele ergueu o braço no ar, aparando alguma coisa.
Abri os olhos à tempo de ver, uma espada atingir a barreira invisível que ele criou em volta de nós, quase acertando sua cabeça. Ela caiu aos nossos pés.
E ouvi sons de passos por entre os respingos da chuva.
De um beco escuro, uma figura baixa e pequena surgiu.
Ela tinha cabelos castanhos curtos grudados no pescoço pela chuva. As roupas eram simples; jeans, botas e jaqueta de couro marrom.
Por um instante me lembrei de minha melhor amiga. Elena.
Ela era parecida com ela. Porém, seus olhos não traziam bondade, e sim ódio. Uma força dolorosa e colossal da natureza.
Aquela era Rayna Cruz, a Caçadora. E estava vindo em nossa direção.

 E estava vindo em nossa direção

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♥♥♥♥♥

Nota da Autora:

OI MEUS AMORES!

Me desculpem pela demora. Eu tô numa fase dark da escrita, mas tô lutando contra os bloqueios criativos. E como puderam ver, eu aumentei os capítulos. Não é justo fazer uns tão pequenos, não?
E o que acharam do toda essa briga? E quanto à aparição da Ray-Ray, hein?
JÁ QUERO AGRADECER POR TODOS OS VOTOS, VISUALIZAÇÕES, LEITURAS E AQUELAS PESSOAS LINDAS QUE ADICIONAM "LAÇOS MORTAIS" À SUA BIBLIOTECA :* VOCÊS SÃO PERFEITOS! ♥
E o que acharam desse capítulo? Comentem ^-^)/

Beijos xxx. Até mais o/
























































LAÇOS MORTAIS | Bonkai |Where stories live. Discover now