39. Conversas Ocultas

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Para LariMatsu que me ameaçou de morte, imlittleredbird que abusou da chantagem emocional e estelarr1 que fez muitas intimações para que esse capítulo saísse. Eu não seria nada sem vocês ♥

Me senti totalmente confiante do que estava fazendo, até me dar conta de que estava perdida. Sair em busca do médico enquanto Kai não estava em casa havia parecido uma tremenda idéia, mesmo que eu não soubesse onde era a tal clínica. Se é que existia uma clínica. Mas, agora... eu não estava tão certa do que estava fazendo.
O sol brilhava escaldante sobre minha cabeça, em ruas que eram exatamente iguais, com casas do mesmo tom de café, cinza e negro. Era como estar andando em um completo labirinto.
Senti falta de minha magia. Com ela seria mais do que fácil encontrar aquele homem velho e baixinho. Mas, Kai estava fazendo seu trabalho de esponja de magia muito bem. Eu tinha apenas o suficiente para me manter viva, porém, inútil.
Dei passadas irritadas no percurso que eu nem conhecia. O asfalto negro parecia infinito com aquela mancha tremulando no ar quente mais ao longe.
Estranhamente, esperei ver todos os lobos me encarando com presas expostas e olhares de ódio. No entanto... não havia ninguém. Nem sequer uma mísera alma naquela rua.
Soltei um suspiro aliviado, com uma mistura de temor curioso. Se eles não estavam nas ruas, em seus jardins perfeitos e verdes ou olhando pelas frestas das cortinas, onde mais poderiam estar?
Depois de conviver muito tempo com criaturas sobrenaturais, descobri que o silêncio era mais do que suspeito. Era aterrorizante.
Não me preocupei com o fato de estar andando no meio da rua. Não haviam carros transitando por ali como um bairro comum deveria abrigar. Aliás, aquilo não era um bairro comum. Não, se lobisomens fossem uma nova conotação de "população comum."
Continuei caminhando por mais alguns minutos, esperando- ou não- esbarrar com alguém para pedir informação, mas as pessoas pareciam ter evaporado da noite para o dia.
Eu ainda não estava totalmente recuperada das ondas de enjôo e mal estar da noite passada e claramente, um sol de trinta graus não fazia a pressão arterial de alguém ficar melhor. Não demorou muito para que eu começasse a ver duas ruas se estendendo vertiginosamente uma ao lado da outra. E as casas haviam duplicado?
Meu estômago remexeu mais uma vez. E duvidava que aquilo fosse por fome.
- Droga- gemi, sentido as pernas fracas.
Meu corpo parecia estar num mar de ondas extra- sensoriais. Eu conseguia sentir o cheiro de tudo. Tudo mesmo. Do ar com aquele odor pungente e específico que eu nem sabia que os lobos tinham. Do concreto, com pequenos farelos de areia em cada parede e pilastra. E Deus... a grama era o pior de todos. Aquele aroma fresco de planta recém aparada, o que fazia-o ficar mais intenso.
Pude ouvir o pulsar acelerado das batidas de meu próprio coração martelando em meus ouvidos. Estava tão rápido.
Minha pele começou a arder de um modo totalmente incômodo. Primeiro com se pequenas agulhas estivessem espetando cada extensão de meu corpo, até que se tornou uma tortura.
Em uma medida desesperada, tirei a jaqueta, achando que talvez o tecido estivesse causando alguma estranha alergia.
Eu deveria ter pensando mais sobre isso.
A queimação aumentou em níveis estratosféricos.
Estendi as mãos diante de mim, esperando ver a pele em chamas, mas tudo estava perfeitamente normal. Exceto pela leve vermelhidão que se formava na extensão de meus braços nus.
Aquilo era de longe a pior queimadura de sol que já tive.... Sol! Mirei a estrela pulsando lá no alto, meus olhos lacrimejaram.
E rapidamente procurei um lugar onde pudesse me abrigar daquele brilho intenso. Avistei uma varanda fresca e vazia do outro lado da rua.
A cruzei em segundos.
E quando entrei na frescura de uma cobertura, toda a ardência, instantaneamente começou a desaparecer. Porém, eu ainda me sentia tonta e enjoada.
Sentei-me sobre as tábuas de linóleo, coloquei a cabeça entre os joelho e respirei fundo. A dor em meu estômago não parecia querer dar alguma trégua, mas mantive a esperança de que eu se eu fosse boazinha e ficasse parada por algum tempo, ela talvez, fosse embora.
Por alguns minutos, me concentrei em não pensar em nada que pudesse irritar meu sistema gastrointestinal já sensível. No entanto, não deixei de me perguntar que diabos fora aquilo.
Minha pele ardeu como se um litro daquele ácido tivesse sido entornado mais uma vez sobre mim.
O que estava acontecendo..?
Meus pensamentos foram interrompidos por uma voz baixa:
- Esse não foi o combinado!
Ergui a cabeça de meus joelhos, olhando em volta. Não vi ninguém por perto.
Me perguntei se talvez aquele lance com o sol também não tinha sido coisa da minha cabeça, até que ouvi outra voz ao fundo.
- É pegar ou largar- esse parecia ser um homem, porém, sua voz era mais gutural e profunda.
- Nós não combinados isso- resmungou o outro, parecendo exasperado- Nosso acordo não exigia nada disso.
Pensei em me levantar e ir embora. Não queria me envolver com nenhum problema dos lobos. Mas, minha curiosidade, me obrigou a permanecer naquela varanda.
Com cuidado, agachei sobre o piso, apurando os ouvidos para encontrar o ponto de origem das vozes. E elas pareciam vir de dentro daquela casa.
Aproximei-me da janela que dava para a rua, tomando o cuidado de permanecer abaixada.
As persianas brancas estavam fechadas, mas eram transparentes o suficiente para que eu conseguisse ver as duas grandes silhuetas. Dois homens fortes, um deles era mais alto e parecia estar usando um sobretudo preto.
O espaço estava vazio como se as pessoas tivessem acabado de se mudar dali.
Não consegui distinguir as feições de nenhum dos dois por causa do empecilho de todo aquele pano nas janelas. Mas consegui ouvi-los com clareza.
- Acordos mudam- disse o homem alto de sobretudo. Sua voz carregava uma entonação de certo desdém- Sabe que ele não é tipo de homem que negocia com os da sua espécie. Mas, a oportunidade pareceu boa demais para ser desperdiçada.
O modo como disse "ele" pareceu intimidante até para mim. Seja quem fosse, a figura deveria inspirar muito terror.
Prestei mais atenção.
- Nosso acordo era...- disse o outro homem, com a voz irritadiça.
O grandalhão ergueu a mão no ar, o interceptando.
- Conheço bem nosso acordo. Não preciso ser lembrado disso. Mas não há como mudar o que já foi decidido. Você deveria saber.
Houve mais um segundo de suspiros baixos e irritados.
- Eu deveria sair ganhando nesse acordo, assim como vocês, mas estou vendo que não será como planejamos- disse o homem. Sua voz parecia um pouco menos grave e profunda, como a de um jovem rapaz- O que os outros vão pensar, hein? Acha que vão aceitar isso?
O homem grandalhão riu, com deboche.
- Acha que eu me importo com o que os da sua laia pensam? Você tem duas opções: faz o que mandamos, ou então, pode agonizar com os da sua espécie.
Ouvi um som característico de tinido metálico. Sua silhueta mostrava algo pontiagudo sendo apontado para o peito do homem mais baixo. Um faca de caça enorme. Parecia mais uma espada.
O outro não fez nenhum movimento brusco, o encarando de cima. Mas pelo movimentar nervoso de suas mãos, dava para perceber que ele estava tremendo de medo.
O rapaz engoliu em seco, pigarreando em uma tentativa de recuperar a voz.
Sua voz foi dura e pesada de ódio quando falou:
- Tudo bem. Vai ser como foi planejado. Preciso de alguns dias para reorganizar tudo e avisar os outros. Então, terá o que quiser.
- Bom- assentiu o outro, voltando a guardar a lâmina de volta no coldre com a mesma rapidez com a qual a tirara.
O homem alto deu a volta no outro, seguindo para o que se parecia ser a porta dos fundos, localizada em outro comôdo. Mas, antes, parou no meio do caminho.
Seu corpo forte e enorme tomava toda a abertura da porta. A cabeça moveu-se sobre o ombro.
- Espero que cumpra o que lhe foi designado.
- Eu entendi- o outro rosnou, cerrando os punhos.
- Ótimo- o homem falou recomeçando a andar- Seria uma pena ter que esfolar seu rostinho bonito com a minha faca.
Logo, ele estava fora de vista, seus passos pesados desaparecendo no silêncio.
Alguns segundos se passaram, nos quais, me perguntei, se deveria ir embora dali ou ficar um pouco mais. Até que um urro alto cortou o ar.
O homem mais jovem, bateu o punho contra uma parede, fazendo um buraco nela e derramando poeira e reboco sobre seus pés.
Sua respiração estava pesada e furiosa. Não duvidei de que ele fosse capaz de matar o primeiro que visse em seu caminho.
E aquilo foi a minha deixa.
Ignorei toda a ardência esquisita que aquela estranha alergia me causaria e resolvi usar minha falta de poderes para sumir dali o mais rápido possível.
Quando estava quase cruzando a varanda- abaixada- o piso de madeira rangeu como uma velha com dor nas costas.
- Merda...- praguejei para mim mesma.
O som de passos dentro da casa se fez ouvir.
- Quem está aí?- o homem lá dentro rosnou.
Não precisei de nada mais motivador do que aquilo. Ergui-me do chão e tomei impulso em uma corrida.
- Quem está aí?!- a porta se escancarou enquanto eu ainda cruzava jardim.
Um rosnado assustador veio de trás de mim, daquele homem.
Acelerei mais minha corrida, enquanto os passos ficavam mais rápidos e brutos contra o chão atrás de mim.
Ele estava me perseguindo.
Quase derrapando na grama, saltei para uma curva na extrema esquerda que dava para a calçada. Se eu conseguisse me afastar o suficiente, seria fácil despistá-lo.
Mas havia um fator com o qual eu não contava.
Por um segundos as suas passadas emudeceram e algo pesado se lançou sobre minhas costas, fazendo com que eu caísse de cara contra o chão de concreto da calçada.
Tudo começou a girar loucamente em volta de mim. Minha cabeça doía como se eu tivesse bebido dez garrafas de vodka.
- Peguei você- a voz estava sobre mim, sua respiração em meu pescoço.
O peso saiu brevemente de cima de mim. Algo como mãos grandes me viraram de barriga para cima no chão quente.
A luz brillante do sol não estava me cegando, pois o homem estava o interceptando com seu rosto tão próximo.
Franzi o cenho.
Aqueles cabelos negros, olhos azuis escuros e pele levemente bronzeada....
- Manon?- minha voz estava um tanto débil, mas conseguiu passar todo o choque que senti.
Apesar do olhar cruel como o da mãe, o rapaz ostentava o mesmo sorriso gentil e perigoso de Apollon.
- Olá, Srta. Bennett- acenou com a cabeça ainda me prendendo no chão- Más já que estamos em uma situação tão... íntima, acho que não deveríamos usar de tanta educação, não, Bonnie?
Tentei me mover, mas seu corpo pesado me impedia de ao menos me arrastar pela calçada.
- Calma- disse, segurando meu queixo dolorosamente- O que você ouviu?
O sorriso desapareceu de seu rosto, deixando o olhar frio como o de Madeline me mirando.
- Eu não ouvi nada. Não sei do que está falando- menti- Eu estava cansada e apenas me sentei por um minuto.
O sorriso mau voltou de novo.
- E por quê correu de mim?
Engoli em seco, fingindo um pavor que eu não sentia de verdade.
- Tive medo de que você estivesse irritado comigo por eu... sabe, estar por perto.
- Agora entendo porque você e aquele vampiro se dão bem. Os dois são tão dissimulados. Agora... Não minta para mim- o sorriso voltou a sumir, suas feições tão ameaçadoras quanto as de um lobo selvagem- O que você ouviu?
- Nada- enfatizei, o encarando desafiadoramente.
- Bom, acho que vou ter que apelar para o meu lado menos gentil.
Rápidamente, ele se levantou e antes que eu pudesse escapar, agarrou meus cabelos, fazendo com que eu soltasse um ganido de dor quando ele me colocou de pé. Manon, começou a me arrastar de volta para aquela casa vazia.
E eu sabia que não sairia de lá viva.
Foi tão rápido que nem eu mesma acreditei.
Pulei, de modo a ficar na frente dele e acertei uma forte joelhada entre suas pernas. Vampiro, bruxo ou lobisomem, aquilo nunca falhava.
Manon caiu de joelhos, com o rosto vermelho e contendo um gemido de dor.
Me aproveitei daquilo para correr para o mesmo caminho de onde viera, mas algo se agarrou ao meu tornozelo fazendo-me cair mais uma vez no chão. Com um rugido de raiva, o rapaz se arrastou sobre mim mais uma vez, impedindo minha fuga.
Então, eu senti seu braço em volta de meu pescoço, impedindo todo o ar que se refugiava em meus pulmões de sair ou entrar.
Talvez por causa do esforço, me senti apagar aos poucos. Pontos pretos dançando sobre a visão.
- Eu vou rasgar a sua garganta- ele sussurrou em minha orelha.
Passei todos aqueles meses achando que se fosse morrer seria pelas mãos de Kai, e não por um completo desconhecido nada suspeito. A vida era irônica de um modo muito grotesco.
Eu não queria desistir de lutar. Eu não iria desistir, mas... ja não conseguia mais respirar. A última coisa que passou por minha cabeça foram olhos azuis cinzentos.
Fui apagando, até todo meu corpo ser dominado por um torpor quente que deslizou sobre mim como lençóis de seda. Acho que essa era a sensação de se estar morrendo.
Então...
.. fui salva por um clique.
- Saia de cima dela agora mesmo, Manon- a voz feminina sibilou.
Acima do cara, uma enorme arma reluzia ao sol. Conhecia alguma coisa de armas por causa de meu pai que era um entusiasta dos estandes de tiro. Aquela era uma ponto 40 muito bem manuseada.
- Isso não é da sua conta,Cecile!- sibilou de volta, ainda apertando minha garganta.
Houve um suspiro baixo.
- Essa belezinha está apontada para sua cabeça neste exato momento. Se não soltá-la agora mesmo, vou explodir seus miolos sem pensar duas vezes. E não vou me importar nem um pouco se Apollon ficar irritado com isso.
A voz dela era calma e controlada, não havia blefes escondidos sob as mangas. Cecile não parecia realmente se importar em matar seu irmão mais velho.
Manon hesitou por um segundo, ponderando se aquela era mesmo uma boa idéia. Porém, senti o laço em meu pescoço afrouxar. Então, ele deve acreditado que era sim.
Tossi, puxando o ar em golfadas pasadas e desesperadas. Quando aquele bastardo saiu de cima de mim, me coloquei de pé com alguma dificuldade.
- Você está bem?- perguntou, a garota de cabelos castanhos claros e roupas de couro.
- Não- resmunguei.
Dei outra joelhada em seu irmão, vendo-o cair de quatro no chão, segurando o que eu imaginava serem ovos mexidos dentro das calças. Desferi um chute em seu nariz, ouvindo o estalo que a cartilagem fez ao se quebrar.
Ele soltou um urro de dor, caindo de lado na calçada e deixando uma pequena poça de sangue no chão.
- Agora estou bem- assenti para Cecile.
Ela sorriu mais abertamente, guardando a arma de volta ao coldre.
- Vem comigo, garota.
A segui pelas ruas vazias daquele bairro sinistro.
Cecile não era do tipo falante. Ela parecia mais preocupada em esquadrinhar cada esquina em busca de algo suspeito ou ilícito. Agora entendia porque seu pai a havia tornado chefe da guarda do lugar. Ela era perfeita para o trabalho.
Vez ou outra seus olhos amarelo-ouro me fitavam por cima do ombro, como se não confiasse em mim também.
- Então...-tentei puxar assunto-... onde foram parar todos os lobos? Aqui é sempre morto assim?
- Hoje é domingo- disse simplesmente.
Franzi o cenho.
- E daí?
- E daí que é um dia no qual os lobos do condomínio se reúnem para manter os laços da matilha mais fortes- explicou, um tanto impaciente- É um grande almoço em família por assim dizer.
Ela apontou para o norte, para os campos de golfe e piscinas que eu não conseguia ver dali.
- Eles se reúnem no clube.
- Por que não está com eles?
Ela continuou caminhando apressadamente.
- Eu trabalho todos os dias sem folga - disse- E eu não sou o que se pode chamar de- fez aspas no ar- "sociável."
Ela era uma garota pequena e mesmo sob aquelas roupas de couro e botas de combate, ela era bonita. Mas sua expressão zangada destoava de sua aparência. Nada sociável, mesmo.
- Você escolheu um ótimo dia para ser atacada- continuou- sem testemunhas por perto. De certo, deve gostar muito do perigo.
Eu sabia que ela estava se referindo à Kai e toda aquela situação.
- Eu sei me defender- resmunguei.
- Eu vi- debochou- Aposto que Manon a estava ajudando com uma posição de Yoga. Estou certa?
Continuei em silêncio.
- Relaxa. Eu estou brincando. Meu senso de humor é um tanto mórbido- seus olhos amarelos brilharam com isso.
Aquilo ainda era assustador. E minha curiosidade não se conteve dentro de minha boca.
- Por que seus olhos são assim? Dessa cor?
Ela ficou tensa de imediato.
- Já viu Apollon, não?- disse, ácida- É uma coisa mágica chamada genética.
Não me deixei abalar por aquilo.
- Mas seus irmãos não têm olhos como os seus.
- O que posso fazer?- deu de ombros- É um gene recessivo.
- Madeline não é sua mãe?- prossegui.
Aquilo foi a gota d'água.
Cecile parou, voltando-se para mim.
- Escuta aqui, sei que o seu vampiro deve estar muito curioso sobre a minha concepção, mas eu não faço parte daquela família, entendeu? Eu não sou importante e não tenho nenhuma informação relevante que ele já não saiba. Então, pare com essas perguntas estúpidas antes que eu termine o que Manon começou e meta logo uma bala na sua cabeça.
Ergui as mãos em sinal de rendição.
- Tudo bem. Eu não pergunto mais nada.
Cecile voltou a afundar os pés no asfalto como se quisesse marcar todo o seu trajeto por meio da raiva. Ela não disse mais nada depois daquilo e muito menos eu.
Seja lá, onde ela estivesse me levando, não era minha casa.
Um sentimento de temor se esgueirou nas bordas de minha mente. Mas a lucidez voltou a reinar.
Se ela havia me salvado de seu irmão, então não seria lógico me matar. Mesmo que ela quisesse, Apollon não havia nos dado uma casa só para nos esmagar no dia seguinte. Ele tinha planos para Kai - e eu de certa forma, estava incluída nisso.
Só me dei conta de que já estava andando no sol à longos minutos, quando estávamos no fim de nosso trajeto. A queimação havia desaparecido por completo e fiquei me perguntando se aquilo não havia sido alguma alucinação por causa do enjôo e a fraqueza. Talvez tenha sido isso. Afinal, eu não havia me transformado em uma pira funerária.

LAÇOS MORTAIS | Bonkai |Donde viven las historias. Descúbrelo ahora