LAÇOS MORTAIS | Bonkai |

25. Controle

Depois dos primeiros dez segundos de surpresa, Damon finalmente conseguiu dizer algo coerente:
- Mas onde você se meteu, sua idiota?
Nem tão coerente, assim, pensei, revirando os olhos.
Apesar de seu tom irritadiço, Damon parecia extremamente feliz em ouvir minha voz. Assim como eu a dele.
- Meu Deus, não sabe o sufoco que estamos passando sem você aqui, BonBon - ele parecia terrivelmente preocupado e aliviado, mas rapidamente sua voz ficou mortal e fria- Onde ele está? Kai?
- Não está por perto- suspirei- Mas não tenho muito tempo.
- O que aconteceu com você? Em um dia estava na sua casa e no outro só encontramos as cinzas da propriedade.
Senti meu peito se apertar.
- Kai incendiou minha casa?- senti toda a incredulidade que eu transmitia.
- Infelizmente.
Contive a vontade de chorar. Todas as minhas lembranças, fotos de família e momentos com minhas melhores amigas estavam incrustadas naquelas paredes como uma tinta incapaz de se apagar. Porém, até isso Kai conseguiu destruir.
- Você sabe onde está?- questionou Damon, parecendo subitamente ansioso- Me diz, e eu vou buscá-la nesse momento, mas não antes de empalar aquele filho da...
Suspirei, desconfortável com os palavrões que Damon desandou a falar. A maioria desconhecidas por mim, principalmente em italiano.
- Eu não sei bem- murmurei tristemente- Em algum lugar no Oregon, perto de Portland, talvez. Kai não me deixa sair muito, sabe.
- Claro que ele a levaria para um lugar tão óbvio- resmungou- Quem ia se preocupar em olhar do outro lado do país, não é? Maldito psicopata de merda...
Mais palavrões.
- Ele deve estar muito forte, agora- pensou alto- porque eu procurei as bruxas mais poderosas que pude encontrar e nenhuma delas, conseguiu localizá-la. Da última vez houve muito fogo e gritaria. Nem me pergunte o porquê. Mas eu vou encontrar você, Bonnie. Nem que eu tenha que revirar toda a porcaria do país, mas eu vou encontrar.
Fechei os olhos, tentando conter mais uma enxurrada de lágrimas. Mas, eram de felicidade.
- Como você está?- perguntou subitamente- Ele machucou você?
Recostei no sofá, apertando os olhos e controlando o choro que tentou vir com mais intensidade.
- Eu... eu....- gaguejei.
- O que ele fez, Bonnie?- seu tom parecia aquele que eu conhecia bem. Imaginei Damon apertando aqueles olhos azuis e olhando fixamente para mim. Eu nunca escaparia de seus olhos perscrutadores.
Agradeci por estar à quilômetros dele.
- Eu... Ele... Kai...- solucei- Damon...
- O que ele fez?!- exclamou e um segundo de silêncio se passou antes de ele se dar conta- Ele não fez isso... Ele não fez... EU VOU ARRANCAR A CABEÇA DESSE DESGRAÇADO! EU VOU TORTURÁ-LO E CASTRAR ESSE PORCO MALDITO!!!
- Damon...- chamei, tentando fazê-lo se acalmar- Damon... está tudo bem. Eu estou bem...- menti.
- Droga, Bonnie!- gritou- Cala a boca! Não ouse dizer que está bem! Meu Deus, aquele desgraçado estuprou você!
Eu nunca o tinha ouvido tão descontrolado assim. Damon parecia um cachorro louco, dizendo coisas incoerentes e gritando ameaças de morte de todos os tipos.
- Você está muito machucada? Diga a verdade, não minta para mim- seu tom de voz ainda era o de um louco, mas com um controle forçado.
Sabia que sempre descobriria quando eu estava mentindo. Não fazia sentindo esconder essas coisas de Damon.
- Não dói... mais - as palavras custaram a sair de mim. Cheias de dor, ódio, nojo e vergonha.
Ouvi o som de algo se espatifando do outro lado da linha, como vidro. Um urro de ódio se fez no ar.
Quando Damon voltou a falar sua voz estava ofegante e espumando de raiva.
- Escuta aqui, Bonnie- disse- Mesmo que as coisas estejam ruins por aqui. Eu prometo que vou encontrá-la. E acima de tudo, não deixe aquele... Aquele...- mais palavrões em italiano- Não deixe que ele toque em você mais uma vez, ou juro que esse cara vai mijar vidro quando eu colocar minhas mãos nele.
Suspirei, tentando controlar mais lágrimas. Eu não podia desabar agora. Precisava ser forte.
Franzi o cenho ao me dar conta das palavras de Damon.
- O que quis dizer com... coisas ruins por aí?- questionei- O que está acontecendo, Damon..?
Um estrondo violento se fez do outro lado da linha.
- Damon! - gritei.
- Ela está aqui, Damon!- parecia a voz de Stefan. Ele estava assustado.
- Damon, quem está aí?!- gritei para ele.
Passaram - se mais alguns segundos de silêncio, até que ele resolveu dizer algo:
- Rayna Cruz, a Caçadora.
E desligou.
Afastei o celular de meu rosto com as mãos trêmulas.
- O que aconteceu?- perguntou Renly, que ficou me encarando do outro sofá com um vinco entre as sobrancelhas, durante todo o tempo.
- E-Eu não sei...- gaguejei, um tanto perdida- Acho que meus amigos estão em perigo.
A expressão de Renly foi temerosa.
- O que pode assustar um bando de vampiros centenários?
O fitei com seriedade.
- Algo muito mais perigoso que eles.