9. A Árvore Morta

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Por todas as vizualições. Obrigada! ♥

A música do capítulo é "Bad Intentions" da Niykee Heaton.

As semanas transcorriam rapidamente como se o tempo estivesse com mais pressa que de costume. E minhas visitas à Bonnie estavam ficando cada vez mais limitadas. Eu ia até sua cela, para levar comida e coisas necessárias e a deixava lá. O sentimento de alívio da garota era quase palpável. Sério. Estava esperando que ela dançasse a Macarena ou coisa do gênero.
Isso me enfurecia mais.
Meu ódio por Bonnie crescia à cada dia, sem precedentes. Tudo me irritava nela. Sua repulsa por mim, seus olhos verdes de feiticeira e até o maldito ar que ela respirava. E depois daquela manhã, tudo pareceu piorar.
Eu estava indo bem. Mexendo com a mente dela, perturbando-a. Era realmente divertido. Porém, vi seu braço esfolado pelas unhas em seu súbito surto com a ilusão em sua cabeça.
O sangue escorria deliciosamente por sua pele morena e suculenta. E claro, que cedi aos meus instintos de predador e a puxei para mais perto. Não sou burro; me aproveitei daquela proximidade para desfrutar dos toques em seu pele macia com aquele odor sensual e provocante. Podia sentir os tremores que corriam por seu corpo e a rigidez de seus músculos. Com minha audição de vampiro, consegui me sintonizar com cada batida acelerada de seu coração.
O animal que residia em mim, atacou. Porém, o homem tomou as rédeas e aos poucos deixei que minhas presas se afundassem em sua carne tenra. De forma lenta e torturante, arrancando alguns gemidos de dor da bruxa.
Meus caninos se afundaram completamente naquela pele macia. E senti o fluxo de sangue correr para mim. Não importava quantas pessoas eu matasse e o quanto me alimentasse, o sangue de Bonnie era apelativo para mim como um veneno doce e torturante.
Me deixei levar pelo momento, absorvendo cada gotícula quente e saborosa. Cercando sua cintura com a mão e segurando seus cabelos negros e macios em minha palma.
Afundei minhas presas com mais necessidade dela... Até que uma Bonnie fraca começou a se debater pedindo para que eu parasse. Eu iria matá-la, mas não estava me importando com isso. Apenas queria mais de seu sangue doce, de sua pele de veludo e seu perfume corrosivo como ácido.
Bonnie continuou me chamando com a voz débil e fraca, até que uma parte racional de minha mente se afastou de seu pescoço, mas não antes do animal soltar um rosnado em protesto. Ele queria mais sangue.
A garota me encarava, pálida e suplicante. Seus olhos eram como os de uma corça assustada.
E aquilo fez com que o animal selvagem, o predador, se recolhesse para as profundezas de minha mente.
Bonnie nunca pareceu tão indefesa como naquele momento. Tão pequena e minha...
Quando me vi, estava inclinando meu rosto em direção ao seu, fitando suas boca com uma vontade desmedida.
Aquilo era mais do que fome. Era desejo.
Então, ela desviou seus lábios dos meus.
A frustração da rejeição me queimou como uma labareda de fogo. Encostei a testa em sua bochecha, suspirando de raiva.
- Vá se limpar- murmurei friamente, a tirando de cima de mim sem delicadeza nenhuma e saí do quarto.
Lembro de ter passado todo o dia em meu quarto, me perguntando porque havia feito àquilo. Eu deveria fazê-la sofrer. Porém, a cada vez que a machucava, uma farpa se infiltrava em meu peito, me impedindo de respirar e pensar com clareza. Aquilo estava ficando cada vez mais incômodo. Como uma coceira nas costas difícil de alcançar.
Pessoas normais categorizariam aquilo como culpa. Para mim, era apenas fraqueza. Uma fraqueza que eu havia herdado de Luke em nossa Fusão. Mas eu iria erradicá-la de dentro de mim.

◆◆◆◆◆

Torturar Bonnie não era o meu único passatempo. Sou um cara bem versátil, sabe?
E um deles era... conquistar garotas.
Uma coisa bem ridícula, eu sei. Porém, passar tanto tempo no Mundo Prisão me fez ficar um pouco carente de flertes.
Sempre que eu dispunha de tempo- coisa que tinha de sobra agora- eu saía durante à noite.
Uma parte de mim, dizia que aquilo era só uma atividade boba, pois eu ficava entediado om facilidade e precisava de desafios para me motivar. E tinha algo mais excitante do que conseguir a atenção de uma mulher difícil? Porém, havia uma voz no canto de minha mente, que sempre estava focada nela. Em Bonnie.
Por mais que eu procurasse algo que fosse totalmente aleatório, sempre me pegava comparando as outras mulheres com ela. Em todos os lugares havia uma garota que me fazia lembrar de Bonnie. Seja nos cabelos negros, na pele de cetim, nos lábios, no corpo sedutor...
Eu estava me tornando irremediavelmente obcecado por ela. Obcecado em minha vingança.
Porém, não daria esse poder à ela. Bennett não passava de uma simples garota fraca que eu podia matar no momento em que mais me apetecesse.
E ainda assim, deixei que meus pensamentos corressem para ela. O que estaria fazendo agora?
- Olá, Terra chamando Kai!- uma voz doce e gentil se fez.
Balancei a cabeça, tentando afastar o parasita que Bonnie Bennett estava se tornando em meus pensamentos. E voltei- me para a garota alta e de cabelos castanhos que desciam por suas costas como uma cascata quente.
O único motivo para ter ido falar com ela, foram seus brilhantes olhos verdes. Eram parecidos com os de...
Balancei a cabeça de novo. Eu não iria pensar nela.
- Desculpe- sorri, para a jovem caloura de faculdade.
Eu não fazia idéia de quem era aquela festa. Um cara bêbado me convidou à entrar quando caminhava em frente à enorme casa.
Não podia ser deselegante, não é?
O barulho estava ensurdecedor. Música estourava pelas caixas de som gigantes, espalhadas pela casa. E o local, estava lotado de gente.
Isso tudo me favorecia, fazendo a garota cujo o nome nem me lembrava ficar mais perto.
- No que você estava pensando?- ela riu, sorvendo um pouco de cerveja em um copo descartável vermelho- Parecia estar à um milhão de anos daqui.
Seus olhos verdes, percorriam meu rosto em inspeção.
Dei um sorriso diabólico.
- Estava imaginando você...- murmurei, chegando mais perto dela. Com nossos corpos rentes um contra o outro perto da parede da sala cheia de gente-... sem esse casaco.
A garota desviou os olhos, enrubescendo fortemente.
Seus dedos escorregaram nervosamente, pela lapela de seu tweed marrom.
- Quer que eu tire?- sussurrou timidamente, com seus olhos verdes incertos sobre mim.
Bonnie nunca desviava seus olhos dos meus. Aquele desafio explícito me excitava mais que essa garota da qual nem o nome eu me lembrava.
Ergui a mão e deixei que meus dedos delinearam a lapela de seu casaco desde a gola, até o seus dedos pousados no tecido.
- Na frente do todos?- questionei com um sorriso safado.
Ela ruborizou como um tomate dessa vez. A garota estava completamente vestida, mas eu queria deixar bem claras as minhas intenções para com sua doce pessoa.
- Nós podemos ir para algum lugar...- sugeriu, mais tímida que antes.
Fiquei me perguntando se ela era virgem, ou apenas inexperiente mesmo.
- É uma ótima idéia- murmurei, acariciando sua maçã do rosto com a ponta de meus dedos.
Me inclinei, deixando meus lábios quase roçarem nos dela. E ela ficou nas pontas dos pés à procura dos meus.
Me afastei, deixando-a com mais vontade.
- Vamos?- estendi, minha mão para ela.
A garota saiu do estado de transe um pouco tonta. Seus dedos quentes enlaçaram os meus.
- Vamos- ela parecia decidida.
E lá vamos nós, pensei, ao sair da casa apinhada de pessoas com aquele delicioso lanche em meu encalço.

LAÇOS MORTAIS | Bonkai |Where stories live. Discover now