30. Ataque de Fúria

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Inventei qualquer desculpa para Kai e me encerrei dentro do closet, alegando que demoraria horas para provar vários vestidos, até achar o apropriado. E claro, como ele era homem, isso bastou.
Esperei alguns minutos só para ter certeza de que não voltaria. Alguns segundos depois, corri para as largas gavetas de sapatos.
Agachei e puxei uma delas, até que a pequena prateleira cheia de sapatos de grifes caríssimas saísse do lugar. Deixei-a de lado, e estiquei a mão esquerda, pousando meu pulso dolorido em minha perna. Um feitiço de cura teria resolvido aquilo, mas eu não tinha nenhum resquício de magia útil e não pediria a ajuda de Kai.
Pensar no gosto de seu sangue fez todo meu corpo tremer de vontade. Como se fogo estivesse correndo por minhas veias. Minha cabeça doeu, porém resisti.
Puxei o retângulo maior que a palma de minha mão, envolto em um tecido vermelho. Desenrolei, tirando o telefone celular que Renly havia me dado.
Destravei a tela ansiosamente, apurando os ouvidos, esperando ouvir os passos de Kai, mas ele devia estar em qualquer ponto da casa.
Procurei pelo nome de Damon na agenda e digitei uma mensagem.

"Kai vai me levar em algum lugar importante."

Esperei alguns segundos e uma mensagem veio silenciosamente.

Damon: "Sabe que lugar é esse? Onde fica?"

Suspirei.

"Não faço à mínima idéia. Kai tirou as respostas da cabeça de um homem estranho."

Damon: "Literalmente?"

Revirei os olhos. Lidar com Damon não era tão fácil como eu me lembrava.

"Claro que não. Ele entrou na mente do cara. Damon, acho que ele se meteu em alguma encrenca..."

Damon: "O cara?"

"Kai. Acho que ele se envolveu com algo realmente perigoso. Algo que está nos rondando. Mas, ele não me conta nada."

Damon: "O que aconteceu de verdade, Bonnie? Meu sentido de vampiro me diz que tem mais do que você está me contando."

Ele mandou um emoji, estreitando os olhos. Contive um sorriso.
Suspirei, voltando a digitar. Contei tudo o que nos ocorreu, desde o zelador que tentou me matar até o homem que invadiu o apartamento e tentou matar Sol.

Damon: " Vocês têm uma empregada?"

Bufei.

"Sério, mesmo? De tudo o que te contei você só conseguiu registrar isso? E ela não é uma empregada. Sol é especial."

Senti um peso no peito ao lembrar que quase a perdi mais cedo. Por mais que eu odiasse admitir, estava em dívida com Kai por tê-la salvo. Se bem que foi culpa dele, então, basicamente era uma obrigação que a protegesse.

Damon: "Tem um bando de caras assustadores na sua cola, como aquele filme, O ALBERGUE? Olha eu me meto em encrencas, mas você e Kai se superam. E falando no porco- que- eu- vou- castrar... Como você está, Bonnie? Ele tocou em você? A machucou? Por que se o fez, vou garantir que não use aquelas mãos cheias de geléia para mais nada."

Engoli em seco, sentindo todo o meu rosto arder de vergonha. Meus pensamentos correram para o que aconteceu mais cedo. Damon não me perdoaria se eu disesse o que aconteceu entre mim e Kai. Mesmo que eu estivesse me odiando por isso.
Fechei os olhos tentando clarear minha mente turva. Meus olhos arderam.
Voltei a soltar o ar, tentando me acalmar. E encarei a tela.

Damon: "Bonnie? Você ainda tá, aí?"

"Sim, desculpe."

Damon: "E então?"

LAÇOS MORTAIS | Bonkai |Where stories live. Discover now