36. Desejo e Segredos

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Para @LariMatsu por não desistir nem um dia sequer de ter mais um capítulo de LM 😉😂

Engoli o pedaço de bolo que estava mastigando de uma só vez. Aquilo provavelmente teria me feito sufocar, mas nem isso eu registrei. Vi apenas o crescente número de pessoas paradas do outro lado da rua. De trinta, passaram rapidamente para cinquenta, e mais pessoas vinham de outros pontos.
Avistei mais deles, parados mais longe na mesma rua, me observando.
Por seus olhares, eles estavam loucos para estraçalhar cada músculo de meu corpo, mas algo os impedia.
Farejei o ar.
Cheiro de cachorro molhado e terra. E o odor estava tão concentrado que saturava o ar.
Então, me dei conta.
Apollon não havia feito aquilo... Sem chances! Não!
Ele nos trouxe para uma colônia de lobisomens! Um vampiro no meio de todos aqueles animais. Tinha como ficar melhor?
Esperei, com o queixo erguido que algum daqueles monstros fedorentos tentasse se aproximar. Mas, nenhum deles demonstrou esse tipo de loucura. Antes que pudessem sequer pensar em me tocar, todos cairiam mortos naquela calçada.
Continuei os encarando, até que sons brutais chegaram até mim. Rosnados.
Como que ensaiado, os olhos de todos eles emitiu um brilho amarelo intenso em uma ameaça explícita.
Senti as presas rasgando por minha gengiva e a ardência sob os olhos. Um grunhido escapou de minha garganta em um claro convite para a briga. Eu não queria deixar dúvidas quanto ao que eu era e o que faria se um deles tentasse cruzar o asfalto.
Apesar da agressividade latente, todos eles se acalmaram, fazendo os olhos amarelos desaparecerem subitamente, substituindo-os por castanhos, verdes e azuis.
Sem dizer nada, me virei e entrei na casa batendo a porta atrás de mim.
A falta de sangue fez com que fosse mais difícil retornar à meu estado racional, mas depois de alguns minutos e consegui pensar com toda a clareza do mundo.
Caminhei até uma das janelas e vi que alguns dos lobisomens estavam se dissipando, enquanto outros chamavam e ficavam parados observando a casa. Como se estivessem... curiosos e um tanto intimidados.
Fechei as persianas e respirei fundo.
- Señor Kai- chamou Sol da cozinha- Tiene un grupo del personas do otro lado de la calle...
- Eu sei- murmurei, ainda olhando para a turba através das cortinas transparentes de estátuas paradas de outro lado da rua.
Voltei meus olhos para ela, sério.
- Você não pode sair dessa casa e muito menos, Bonnie. Entendeu?
Ela assentiu fervorosamente com os olhos levemente arregalados.
- Yo puedo...?- assinalou para o prato ainda colado em minha mão. De repente, eu havia perdido o apetite.
- Claro- entreguei o prato com pedaço de bolo inacabado.
Sol voltou para seus afazeres na cozinha com um silêncio incômodo. Ela estava tão preocupada quanto eu.
Me joguei em uma enorme poltrona de couro negro e fiquei observando o jardim dos fundos da casa, através das grandes portas de vidro.
Deixei a mão cair sobre os cabelos, tentando de alguma forma resolver toda aquela situação. E nem precisava dizer o quanto eu estava furioso com Apollon.
Para ele não adiantaria usar uma prisão de segurança máxima. Não. Ele preferia um condomínio FECHADO e cercado por enormes muros. E claro, dentro daquele aparente lugar agradável, havia um bando inteiro de lobisomens. Apesar de não saber nada sobre essas coisas, já que o único contato que tive com um deles foi quando Tyler me mordeu, aquele era o maior bando que eu já vi.
Quem precisava de barras de aço e penicos de metal, quando tinha uma quantidade incrível de carcereiros com garras e dentes?
Levantei os olhos para a enorme sala, sentindo uma enxaqueca daquelas chegando, quando percebi os móveis flutuando à minha volta.
Que ótimo. A raiva estava descontrolando minha magia. Sorte eu não ter explodido as paredes sem querer, ou teríamos grandes problemas.
Estendi a mão, com a palma voltada para baixo e assisti enquanto ela abaixa junto com os móveis que estavam no ar. Houve um baque surdo quando todos pousaram no chão.
Resolvi me levantar e começar a agir. Respirei e inspirei profundamente, fechei os olhos.
- Sancti praesidio tegat muros contra infideles, et ab omnibus malis per umbram noctis frigore explorator est, quod est operimentum in frigore calefaciat.
Repeti o feitiço mais oito vezes só para comprovar a eficácia. Desse modo, qualquer lobo que tentasse atravessar a porta, ou simplesmente ousasse invadir a casa sem nossa permissão, viraria espetinho de carne de lobo bem passado. Mas isso, não me deixou totalmente confortável com a situação. Eu odiava a idéia de ficar preso naquela casa como uma vítima até Apollon ter a boa vontade de conversar com seus súditos.
Isso era enervante.
Nem me dei conta de que havia caminhado para o andar de cima, até estar percorrendo o corredor que levava até meu quarto. O predador dentro de mim estava assumindo.
Toda aquela situação estressante somado à fome, estava me fazendo perder o controle. Eu precisava me alimentar. De Bonnie.
Claro, que tinha Soledad, mas eu nunca a mordi. Meu instinto sempre me levava de volta para aquela garota, como se a fera dentro de mim necessitasse de seu sangue, da necessidade de marcá - la. E o mais engraçado, era que antes disso tudo de cadeia interdimensional e o lance da Gemini, eu nunca fui realmente interessado em ninguém, nunca tive nenhum sentimento de possessividade por nada que não fossem objetos. Mas, lá estava eu, a fera em minha cabeça martelando a mesma palavra incansavelmente em meio à enxaqueca pela fome: Minha. Bonnie é minha. Minha.
O maldito perfume delicioso de seu corpo estava por todo o quarto. Senti-lo foi como um soco no meio das pernas.
Soltei um gemido rouco, segurando no batente da porta em busca de algum apoio. E lá estava ela.
Deitada nos lençóis de seda com as costas voltadas para o teto, o rosto afundado nos travesseiros com o cabelos negros desgrenhados em volta de si. A camisa cinza havia subido ligeiramente, revelando a calcinha de renda branca agarrada ao relevo do bumbum e os quadris.
Meu rosto todo ardia e as presas estavam rasgando a carne de minha boca ao se alongarem contra o lábio inferior. Deus...
Ouvi algo estalar alto. Olhei em direção à minha mão sobre o batente da porta. Ele estava se rachando pela pressão de meus dedos, deixando impressões digitais de sangue.
Não estava doendo nem um pouco, mas meu estômago estava contando outra história.
Um farfalhar macio se fez no ar, junto com um suspiro baixo como o de um gatinho. Voltei a cabeça para Bonnie.
Ela havia se virado sobre o colchão, estendendo as longas pernas nos lençóis. A camisa que ela vestia aberta um pouco mais abaixo dos seios, em um decote provocante. Seu pescoço estava revelado em toda aquela nudez, quase como um chamado.
Foi como ser puxado por uma força gravitacional invisível. Não senti o movimento de minhas pernas, eu só registrei que me aproximava dela cada vez mais.
Não pensei que ela poderia acordar, apenas me deitei sobre seu corpo. Minha respiração estava acelerada, meu coração batendo tão rápido que podia sentir o zumbido do sangue nas veias.
Eu queria. Não. Eu precisava dela. Do sangue que seu coração bombeava por todo aquele corpo macio e quente...
Bonnie abriu os olhos.
Ficamos nos encarando sem dizer nada. Não havia o que ser dito naquele momento. Ela não parecia nem um pouco surpresa de eu estar sobre ela e daquela forma. Também não fiz questão de esconder a ereção enorme sob meu jeans. Excitação e fome pareciam ser uma coisa só quando se tratava dela.
E Bonnie também não parecia estar incômodada com isso. Era como se mais nada pudesse afetá - la. Ela estava intransponível, até mesmo para mim.
Tudo o que a garota fez foi girar a cabeça, deixando o pescoço à mostra, em um convite.
Droga... Aquilo me deixou tão excitado...
Vi minha própria mão, alisando seus cabelos negros sobre o travesseiro. Meu rosto pousando no seu para sentir a maciez de sua pele morena.
Bonnie fechou os olhos, ainda imperturbável. No entanto, pude ouvir um leve oscilar de seu coração.
- Eu estou...- arfei, com um rosnado em minha voz-...com tanta fome de você.
Sua pele ficou quente de imediato. Ela estava excitada apesar do antagonismo que nutria por mim.
Eu gostei daquilo.
Meus lábios, pousados em seu maxilar se abriram, deixando as presas tocarem sua pele macia, descendo. Então, para minha surpresa, Bonnie se arqueou oferecendo seu pescoço à mim.
Aquilo acabou com meu autocontrole. Sem saber direito qual veia eu estava mirando, afundei os caninos em sua garganta com força.
Ela gemeu de dor. E por algo mais. Prazer?
Pensar naquilo me fez ficar mais ansioso, sugando seu samgue com força. Ela tinha um sabor completamente diferente de tudo que eu já havia provado. Estava mais apimentado, encorpado e ainda assim, mais doce que nunca.
Minhas mãos, em resposta à toda essa provocação, desciam por seu corpo. Apertei sua cintura contra meu corpo. Meu braço reivindicando tudo aquilo. A outra mão vagando por seu tórax, até se aferrar ao seu seio direito, apertando aquela carne suculenta como se minha vida dependesse disso.
Rosnados subiam por meu peito, por mais que eu tentasse conter. Eram a forma que o predador dentro de mim encontrava de extrapolar todo aquele desejo por ela.
Usei as pernas para impulsionar seu corpo mais para cima, fazendo suas pernas se abrirem para mim. Depositei todo o meu sobre seus quadris, e mesmo através da calça jeans, pude sentir seu centro quente e úmido embaixo de mim.
Mesmo de olhos fechados, os senti revirar em suas cavidades, ao constatar que podia possuí-la naquele momento. Pensei em soltar seu seio, apenas para descer a calça e penetrá - la, porém um pensamento lúcido se acometeu sobre mim: o de que se eu fizesse sexo com ela agora que eu estava me alimentando perderia o controle e poderia matá-la.
Soltei um gemido de raiva, desejando poder soltar sua veia e transar com ela ali mesmo. Mas eu estava com tanta fome.
Isso teria que esperar.
Como que adivinhando o que se passava em minha mente, Bonnie se moveu embaixo de mim. Seu quadril roçando minha ereção em uma onda.
Oh, Jesus...
E ela fez de novo.
Meu corpo quase entrou em combustão espontânea.
Completamente descontrolado, afundei os quadris em seu centro macio sob a calcinha de renda. Os braços dela pousaram em meus ombros, descendo por minhas costas e puxando minha camisa para cima.
Uma corrente fria deslizou por minha pele nua.
Bonnie moveu os quadris de novo, golpeando meu sexo com todo aquele prazer.
Me afastei de seu pescoço, só para perfurar o outro lado.
Ela gritou de novo, fazendo mais fogo se espalhar por meu corpo.
Senti suas pernas entrelaçando meus quadris, enquanto ela investia contra mim. Eu não fiquei atrás, querendo desesperadamente me embrenhar dentro dela, mas naquele momento só podia ter aquilo. Então, me movimentei com ela, fantasiando que ela estava me cavalgando, com os seios se movendo no seu ritmo, os cabelos jogados para trás enquanto sua mão, deslizava por meu peito e eu segurava seus quadris com força, controlando os movimentos dela.
Mais rápido. Mais... rápido...
Gemi, em seu pescoço, gozando completamente com aquela imagem. Me afastei de sua fonte sangue, bufando como um cavalo após a corrida, meu estômago estava tão cheio que estava doendo. Mas era uma dor boa.
Sem forças para erguer a cabeça, de seu colo, apenas toquei a pele de sua bochecha. Geralmente, quando eu me alimentava dela, Bonnie tendia a ficar pálida e fria como um cadáver, porque eu sempre tirava um pouco mais do que deveria.
Mas, não dessa vez.
Ela estava quente. Muito quente. Senti o rubor de suas bochechas no ponta de meus dedos.
Ergui a cabeça de imediato.
- Você está bem?- questionei, temeroso de que ela pudesse estar febril por causa de alguma doença humana.
- Sim- ela respondeu, franzindo as sobrancelhas para minha pergunta.
- Não está sentindo nada diferente? Eu posso chamar um médico se precisar.
O pensamento de outro homem a tocando, mesmo que fosse para examiná - la, fez aquela possessividade ressurgir de novo. Contive um rosnado.
- Sim, eu estou bem, Kai- resmungou.
- Precisa de sangue?- murmurei, ainda... preocupado? Que merda...?
Por um segundo os olhos de Bonnie brilharam, no entanto, ela extinguiu isso no mesmo instante.
- Sim. Estou ótima- disse, um tanto irritada- Agora, eu preciso dormir.
Verifiquei sua temperatura mais uma vez. Quente. Demais.
No entanto, saí de cima dela, e tirei as botas e a camisa, partindo para um banho.
Quando voltei, enrolado em uma toalha, Bonnie estava dormindo de novo. Usei minha camisa, que eu estava usando antes, para limpar os resquícios de sangue em seu pescoço.
Quente. Demais.

LAÇOS MORTAIS | Bonkai |Where stories live. Discover now