LAÇOS MORTAIS | Bonkai |

1. Que os Jogos Comecem

Para MySweetPain, AlyniBalieiro, bonkai_shipper e paulagonx que me incentivaram a continuar, quando pensei que não podia mais.

Minha respiração vinha difícil e entrecortada, como se adagas perfurassem meu peito. A dor me queimava por dentro.
Podia sentir o líquido preenchendo meus pulmões, me afogando em uma agonia cruel de dentro para fora.
Virei a cabeça de lado, vendo o cemitério improvisado que o salão de festas de Josette Laughlin havia se tornado. Haviam tantos corpos...
Todos os integrantes da Gemini estavam mortos, não havia restado ninguém.
Soltei um ganido estranho, acho que era uma risada.
Talvez eu risse, pois pressentia minha morte iminente. De novo. Ou talvez, eu risse do fato de a decoração destruída da festa de casamento fracassada, ser tão inapropriada para aquele momento.
Quem precisava de luzes e música romântica, quando se estava prestes a morrer? Parecia uma piada sem graça do destino.
Esse era um velho camarada, que gostava de zombar da minha cara.
Aos poucos, minha fraca risada foi se tornando um soluço e depois um choro, baixo e doloroso. Nem tanto pela dor que aqueles simples movimentos me causavam, e sim, porque Damon havia me abandonado.
Ele não hesitou em me deixar sufocar no chão frio até a morte, para salvar Elena. Ele não hesitou em me deixar.
No fim das contas, eu era apenas um brinquedo descartável nas mãos daquele vampiro cruel e egoísta.
O que me doía mais, era o fato de eu realmente ter acreditado que ele fosse meu amigo, que se importasse comigo.
A dor de me sentir abandonada, era algo quase lancinante. Eu nunca me acostumara com ela, em nenhuma das vezes que a senti.
Só me fazia de durona.
Bonnie Bennett, a forte; a bruxa implacável que não temia nada; a altruísta e salvadora da Pátria.
Acho que era por esse motivo que Kai, ria de mim em seu terno negro e elegante, observando, toda minha dor e desespero, enquanto eu me afogava em meu próprio corpo.
- Só isso?- questionou, com aquele mesmo sorriso sádico e brincalhão- Pensei que ele lutaria mais por você, Bonnie, estou desapontado.
Já não bastava morrer daquela forma... tinha que ver aquele verme se vangloriando?
Claro, que eu queria mandá- lo ir para um lugar, particularmente desagradável. Àquele desgraçado, não estava melhor que eu.
Kai estava todo sujo de sangue, com uma mordida de lobisomem (obrigada, Tyler) em seu pescoço, mas como era uma esponja de magia havia se curado rapidamente do ferimento, sugando a magia do veneno licantrope.
- Acho que no final das contas, BonBon...- falou, observando- me pelos olhos cinzentos e frios- Ninguém se importa com voc...
Foi tão rápido, que eu quase não consegui acreditar no que via.
A cabeça de Kai, sendo arrancada do próprio corpo e indo voar a alguns metros de um lugar que eu não vi, fazendo um baque surdo.
Mirei, horrorrizada seu corpo decaptado, estremecer em um movimento involuntário e cair ruidosamente no chão, á alguns metros de mim, fazendo uma poça de sangue enorme.
E perto dele, havia alguém em pé; meus olhos subiram por seu corpo, até focar seu rosto.
Um novo soluço, irrompeu por meu peito. Só que dessa vez, foi de felicidade.
- Damon...- sussurrei, sem ar, para conseguir falar direito, mas ele tinha uma ótima audição de vampiro.
Ele sorriu carinhosamente, com seus olhos azuis, pousando nos meus.
- Achou que eu a deixaria, aqui?- murmurou, com a voz embargada.
Sabia o quanto, aquilo lhe custava. Salvar minha vida, pois se continuasse viva- graças ao feitiço de Kai- Elena continuaria em um sono eterno, enquanto eu respirasse. E sabia que Damon não podia viver sem o amor de sua vida.
Ele marchou até mim, se agachando ao meu lado e erguendo minha cabeça, com cuidado.
O vi morder, o próprio pulso, deixando que seu sangue fluísse de seu ferimento, o colocando em meus lábios, para que pudesse me fazer ficar curada do ferimento interno.
Os vampiros até podiam ser maus e criaturas que traziam a desgraça consigo, mas tinha que admitir que o fato de seu sangue curar qualquer doença ou ferimento era ótimo.