KWANG HEE

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Após hesitar, me viro e vejo ele, o meu colega de classe Kwanghee, reparo que ele estava meio ofegante, parece que estava correndo, ele me olhou com um olhar sério, porém,senti que aquele olhar era afetuoso, ele me perguntou como eu estava e se eu havia me machucado, pois ele havia visto o HyunHae me empurrar.
Ele comentou que havia visto toda a confusão e queria realmente saber como eu estava.
Me surpreendi naquele momento, poucas pessoas me perguntavam como eu estava, e queriam saber a resposta,não sou acostumado com isso, e meio que foi novo para mim, não esperava que fosse questionado, mesmo porque esse era meu primeiro dia de aula e eu não conhecia ninguém por lá.
Senti uma afetuosidade e suavidade na pergunta e de forma inusitada meu coração deu uma acelerada, fiquei sem graça e incomodado ao mesmo tempo, que diabos aconteceu comigo pra ter essa sensação estranha, de repente até senti um frio na barriga, por que esse cara do nada despertou esse tipo de sensação em mim?
Kwanghee me disse que eu não podia deixar me abater por causa daqueles caras, que eles são conhecidos na escola por fazer bulling com os outros, que eles usam de seu prestígio com o diretor e criam situações por vezes insuportáveis para outros alunos, ele disse que eles eram uma cambada de babacas que se acham os reis da escola por estarem no time principal do colégio e por seus pais serem influentes. Ele destaca de forma clara e racional que na visão dele ,eles só estão fazendo isso devido a minha beleza e principalmente ao fato deles estarem com ciúmes, já que eu era um cara muito bonito e todas as meninas da classe e estavam falando ao meu respeito.
Achei muito legal da parte dele vir até mim para falar isso.
Após falar tudo que queria comigo ele estendeu a mão na minha direção e me ofereceu uma caixinha de leite achocolatado, sorriu e disse:
- Tome Jae Yoon, faz mal ficar sem comer nada, já que você aparentemente não vai comer, é bom que você beba algo pelo menos, saco vazio não para de pé, já dizia o ditado, não se deixe abater pelos seres humanos, eles são falhos demais.

Eu o agradeci e ele se afastou e voltou em direção ao refeitório, por um momento observei ele retornar, não sei o porque mas algo nele exala segurança, com isso continuei seguindo pelo jardim, em direção oposta, eu precisava realmente respirar.
Quando retornei a classe, ele estava lá, novamente distante, aéreo imergido na leitura. Percebo o clima estranho a classe e ouço ainda alguns murmurinhos. Sohee me deu um sorriso meio que forçado,sem graça, envergonhado acho que é a palavra certa, acredito que o HyungHae conseguiu se impor e de certa forma é melhor me afastar o máximo possível. Tive sorte que ele está na classe ao lado, somos do mesmo ano mas de salas diferentes, isso definitivamente foi muita sorte. Me sentei no meu lugar e a professora começou a falar, ela era uma mulher na faixa dos 40, baixinha, acima do peso, rosto redondo, cabelo na altura do ombro e de óculos , trajava um conjunto de saia e blazer xadrez, sua voz era imponente, nem parecia sair daquela pessoinha.
Olho para o lado e o KwangHee continua focado no seu livro, parece não perceber minha presença, não parece o cara que no intervalo foi tão simpático e empático comigo. Olhando ele mais de perto, é difícil desviar a atenção e parar de olhar, ele emana uma aura de mistério, ele parece ser bem mais que um mero estudante.
Enquanto o encaro discretamente, sinto um olhar me atravessar, olho para o lado e lá está um cara que não havia ainda notado, de pele mais morena, olhos pequenos, nariz arrebitado, cabelo bem cortado também ,ele acena com a cabeça e sorri para mim, e antes que eu pudesse responder o aceno ele se move e agacha ao meu lado
- Oi, me chamo Choi JinHyuk, muito prazer. Eu sento logo ali, qualquer coisa que você precisar é só falar comigo viu. E quando ao ocorrido do refeitório, não se preocupe, você não vai ser prejudicado por essas duas.
Nisso ele encara as duas com um olhar jocoso e retorna a falar olhando diretamente nos meus olhos

-Você precisa saber Jae Hoon que algumas pessoas aqui nesse colegio não entendem seus lugares, então,eu vou te ajudar a encontrar o seu, não fique preocupado pois ninguém mexerá com você, eu garanto .

Meio que sem entender, agradeço e volto a olhar para frente, ele retorna ao seu lugar e sinceramente me sinto desconfortável com os olhares dele, eles parecem que estão me invadindo. O sinal finalmente bate e arrumo minha mochila, olho para o lado e o KwangHee ainda estático focado no livro, levemente toco seu ombro direito, ele olha em minha direção, e eu me despeço dele. Ele sorri e educadamente me responde até amanhã, vá pra casa em segurança. Quando me levanto me deparo novamente na minha frente com JinHyuk que com um sorriso diz , vamos, eu te levo pra casa. Fico atônito com essa frase, mas antes de responder ,sou pego pelo pulso e puxado para fora da sala. Alguns alunos reparam em nós e eu prontamente tento soltar meu pulso sem êxito.
Ele me questiona para onde ele deve me levar e diz que eu posso ficar tranquilo pois ele só quer garantir que os até latas não me perturbem novamente.
Agradeço a ele, porém digo que prefiro ir sozinho e solto meu pulso e sigo meu caminho.
Tenho uma sensação de que esse cara poderá me causar algum incômodo, mas sigo em frente sem olhar pra trás.
Alguns minutos de caminhada, uns 30 pelo menos e estou em casa. Preferi voltar a pé, pra refletir e oxigenar o cérebro.
Já são quase 17hs e ao chegar em casa meu velho já está lá, sentado na frente da TV, vendo um jogo de beisebol, eu o cumprimento e subo para o meu quarto.
Me atiro na cama e permaneço ali por longos minutos .
Fecho meus olhos e quando começo a relaxar ouço a porta do meu quarto abrir e meu velho começar a discursar, e lá vem esporro, não faço ideia do que eu possa ter feito.
Pra vocês entenderem a minha relação com o coroa,ela se dá exatamente assim, ele fala, discursa, me dá esporro e eu tenho que ficar calado, não posso retrucar ,nem responder, se estou certo eu estou errado, se eu deixo de fazer algo eu tô errado, se eu tô pensando eu tô errado, resumindo, pro meu pai o simples fato de eu existir já estou errado, eu nunca estou certo e é por isso que eu quero sair daqui e nunca mais voltar.
Meia hora depois de um blá blá blá interminável, no qual fui novamente cobrado em notas, pontualidade, comportamento, ele finalmente sai do meu quarto, um alívio me preenche por completo e volto simplesmente a ficar inerte, jogado na cama.
De repente o telefone toca...

Arriscando Tudo Book 1Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang