Mais uma vez Senhun...

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Já havia algum tempo desde que eu estive com o Jae, usei o estado de saúde do meu pai para dar um tempo para mim e para ele também. Na viagem vi o Jae conversando com o sobrinho da BoRa e apesar de não ter feito nada com o guri a minha vontade era de encher ele de porrada. Eu fiquei surpreso por ter conseguido me controlar embora dentro de mim o que eu mais desejava era dar uma lição naquele otário. É claro que nenhum dos dois tem culpa nisso, afinal de contas aquele idiota não sabia que o Jae era meu namorado e o Jae não fazia idéia de que aquele cara tivesse chegado nele para cantá-lo, isso é apenas a minha irracionalidade querendo me dominar.
Talvez por isso explodi com a minha mãe. Eu odeio palavras não ditas e situações mal resolvidas, coincidências duvidosas. O Jae é um garoto lindo, impossível não ter o olhar atraído para aquela presença, associado a isso ainda está o fato dele ter uma presença impactante, o modo de se vestir, de andar, sua educação ao falar e seu sorriso, sem contar com as sardas e o fato dele ser andrógeno, ele transita entre os gêneros sem ter um definido, as vezes mais delicado as vezes não. Eu amo isso nele.

No colégio eu tenho que me controlar pra não arrebentar o Jihyuk e me meter em problemas, sinceramente tudo que eu mais queria era arrebentar aquele verme, porque aquele sim têm más intenções para com o Jae. Já fora da escola eu preciso me certificar de que ninguém possa ousar em chegar perto dele. É, acho que estou com muitos ciúmes dele mas sei que ele não me dá motivos para isso, e eu não tenho direito de me embasar em um Jae que ficou no passado, aquele Jae não existe mais.

A minha mãe sempre evitou conversas serias comigo, acho que porque ela nunca encarou a maternidade como algo importante na vida dela. Perguntas do tipo você está bem? Como você está? Você comeu? Eu estou com saudades eram todas da boca pra fora. É parece louco dizer isso vendo ela hoje, mas tudo era diferente antes da minha expulsão.
Os diálogos dos meus pais eram somente como estavam as minhas notas, se eu estava estudando, enfim, nada referente ao "meu eu".
Agora me deparo em meio a uma crise existencial por parte dela, ela tenta resgatar, por para debaixo do tapete toda sujeira que ao longo dos anos ao invés de limpar deixou acumular. É, to tão de saco cheio disso que realmente ver e ouvir a voz dela me irrita.

Por outro lado, estou com o meu pai em estado grave, ele ainda não acordou, o estado dele é de coma, estou morrendo de medo de que ele morra sem que eu possa falar com ele.
Não sei como pensar isso sem que eu pareça um escroto, mas ele não pode morrer sem que eu possa dizer tudo que eu estou engasgado. Durante anos deixei os dois fazerem o que queriam, mas agora eu cansei de me calar e de mostrar a ele que eu não sou um moleque , irresponsável e idiota como ele e a minha mãe pensam. Mas foda-se,no momento eu estou com o Jae e isso é o que realmente importa.

O sr Park apareceu no hospital e eu tomei um susto, sinceramente eu nem sabia que ele havia retornado. A minha relação com ele é engraçada, ambos nos identificamos um com o outro e talvez esse seja o maior empecilho para termos uma relação boa, ele provavelmente me vê como uma versão dele mais jovem e talvez isso o incomode por ele não ter conseguido apesar de tudo ser feliz. Por minha parte eu tenho medo de se eu não fizer e falar tudo o que me consome eu possa me tornar ele, um cara bom perdido nas bagunças que não teve coragem de ir arrumando ao longo da vida. O fato é que de todos os adultos que eu conheço o sr Park é o que eu mais respeito. O amor dele pelo Jae é o que eu mais admiro apesar dele ter deixado muitas coisas más acontecerem com ele. Quando se cresce em uma família escrota, controladora e castradora ou a gente se apega a tudo e a todos ou a gente aprende a não confiar em ninguém. Nessa perspectiva o sogrão se enquadra na primeira opção e eu nem preciso dizer onde me enquadro. Minhas ações já demonstram isso.
Proteger o Jae é o que mais temos em comum juntamente com o amor por ele.
Na nossa conversa o sogrão foi bem claro e objetivo sem sem inconveniente e invasivo. Me disse sobre estar com o Jae, sobre o fato dele estar sozinho e que esse tipo de distância pode confundir a cabeça do Jae que sempre reagiu as situações de forma irracional para provocar. Quando ele me disse isso me veio a cabeça aquele guri da viagem, o sorriso do Jae e isso me bateu um medo real. Apesar de eu estar uma confusão, não posso dar espaço que desentendidos aconteçam.
Decidi colocar minha permanência aqui no hospital de lado, entre prioridades o meu pai nunca havia sido a minha assim como eu jamais havia sido a dele. Retorno com o sogrão no caminho se fez um silêncio mortal, nem ousei de falar nada, mas antes de sair do carro após chegarmos o sogrão me disse uma unica coisa

Arriscando Tudo Book 1Where stories live. Discover now