A notícia

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Minutos atrás recebi uma ligação que me deixou extremamente sem chão. O sr. Won vice presidente do nosso hospital e braço direito do meu pai entrou em contato comigo. Como eu sou o único herdeiro do meu pai eles precisavam de uma autorização para desligar os aparelhos dele, meu pai havia sido avaliado e o médico concluiu que o cérebro dele havia parado de funcionar, que ele se encontra em estado vegetativo devido a ausência de sinapses neuronais, em outras palavras meu pai teve morte cerebral. Ouço atentamente a ligação mas não consigo acreditar nisso, como ele morreu? Eu tinha tanto a dizer, minha cabeça fica a mil, aviso ao sr.Won que eu irei encontrá-lo o quanto antes, desligo o celular e vejo tudo rodar, de repente tento puxar o ar mas não consigo, parece que vou morrer. Olho para o Jae mas não consigo escutar nada, sentir nada, vejo o Jae se aproximar de mim seguido do sogrão e minha mãe , consigo ver seus rostos mas depois não vejo mais nada.
Acordo após minha mãe por algo para eu cheirar, ela disse que eu tive um reflexo vagovagal, uma perda transitória da consciência - desmaio, provocado pela diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos por ação do nervo vago, localizado na região da nuca. É causado pela demora na chegada de sangue ao coração e ao cérebro, quando volto a mim minha mãe diz que preciso ir ao hospital, só ai me lembro do porque eu desmaiei. A resposta emocional me ocasionou esse mal. Reparo que minha mãe está verificando minha pressão e o Jae está ao meu lado segurando minha mão com um olhar perdido, preocupado e confuso. Olho para o lado e vejo o meu sogrão me olhar de forma preocupada.

- Filho você está bem? O que houve? Você desmaiou, ouvimos o barulho da queda e o Jae gritando por ajuda.~ Olho para ela e não consigo ser empático nesse momento.

-Eu estou bem, deve ter sido fome, desmaiei porque estava morrendo de fome. ~ Dou um sorriso natural e falo em tom de brincadeira. - Não se preocupe, não foi nada demais. Eu estou bem

- Sério? Você não parece nada bem sr.Kim, eu só gostaria de entender o que aconteceu com o sr. ~Mais uma vez o sogrão me trata de forma madura, sem me pressionar, sem forçar um diálogo, talvez por ele ser assim tenho segurança em tê-lo por perto. - Vamos, enquanto o Jae e a Minjin descem para preparar o café você vai tomar outro banho pra despertar ok?

-Pai, pode deixar que eu cuido dele. ~ Diz um Jae com um tom de ciúmes evidente, só não sei precisar se o ciúme é de mim com o seu pai ou do seu pai comigo, conheço bem meu namorado e sei que algo está errado, posso ver no seu semblante o desconforto e isso acaba comigo, sinto que o Jae não está bem com essa aproximação do sr Park.

-Pode deixar sogrão, eu estou bem, desça o sr também, vou só lavar meu rosto e já encontro vocês. ~ Olho pro rosto do Jae e vejo um alívio, o meu amor por ele é tão grande que consigo deixar e lado tudo que sou e sinto para fazê-lo feliz. Ele me olha com o olhar preocupado e eu apenas sorrio - Está tudo bem Jae, já vou me encontrar com vocês.

- Sério? Você tem certeza? ~Seus olhos demonstram tamanha preocupação comigo

-Claro que estou, mas se você quiser ficar não tem problema, eu vou adorar. ~ Forço um sorriso e uma descontração para que ele fique bem, dou uma piscada para ele.

-Ok, vou descendo pra preparar algo para você comer, não demore por favor.

Assim que eles saem tento me controlar mas não consigo e começo a chorar, entro no box e deixo a água levar toda minha dor para longe. Enquanto choro em minha mente vem os flashbacks da minha vida com o meu pai e isso me traz ainda mais angústia e dor pois descubro que não possuo nenhuma lembrança boa com ele, talvez todas foram apagadas com o tempo e por serem poucas perderam o lugar para todas as lembranças que envenenaram minha alma ao longo dos anos. Tento desesperadamente lembrar de alguma coisa que dê a essa dor um significado afetivo, mas não tenho. Minha dor está mais para frustração de nunca poder falar o que tanto me machucou ao longo da minha vida.
Sempre via pais e filhos em suas interações e imaginava como seria isso na prática, acho que por ter esse sentimento entendo os motivos do Jae querer ver cara a cara a sua mãe, talvez por isso nós dois sejamos tão iguais e tão diferentes e por isso nossa conexão é total.
Não sei ao certo quanto tempo eu fiquei ali no chuveiro chorando, o certo é que todos sabem que algo aconteceu. Desço preparado para conversar e quando chego no andar de baixo o Jae me abraça forte e sussurra uma única frase para mim que me preenche e conforta

Arriscando Tudo Book 1Where stories live. Discover now