A Carta inesperada

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Demorei demais para pegar no sono, diferente do Jae que apagou após o banho frustando toda e qualquer perspectiva minha de terminar o que havíamos começado no banheiro do
aquário.

Só de pensar em ter o Jae ao meu lado super convidativo de bruços e não poder fazer nada é broxante demais.

Depois de tudo o que rolou de manhã no banheiro da escola e no fim do dia no banheiro do aquário ele apenas dormir me faz pensar se realmente ele sentiu tanta falta minha quanto eu senti a dele.

Parando para pensar eu sempre o procuro pro sexo, isso me faz questionar se eu parar de procurar por ele vai rolar alguma coisa? Ele disse que estava dando um tempo para mim devido a morte do meu pai, até entendo que estive bem distante sufocando em meus pensamentos, mas preciso ser honesto comigo mesmo, o Jae já não é mais o mesmo, pelo menos comigo.

Hoje foi a prova disso ele não fez questão da minha presença, não foi a nenhum brinquedo radical, não estava tão próximo quanto eu gostaria.
Me pergunto se já não é hora de darmos um tempo de verdade. Para que ele tenha certeza de que sou uma escolha viável para a sua vida.

Esse pensamento volta e meia vêm a minha cabeça, acho que eu não sou tão importante para ele quanto ele é para mim.
Eu sempre me fiz presente mas até que ponto minha presença é algo positivo para ele, me pergunto se realmente ele me ama ou ele acha que por ser tão complicado é melhor ficar comigo do que tentar viver outras relações para ver se realmente gosta de mim.

Desde o começo eu sempre forcei e impus minha presença na vida dele, talvez por reconhecer de cara que ele é o amor da minha vida, sei lá... Isso tudo tem me tirado o sono.

Fico observando o Jae e vejo que ele poderia ser bem mais sociável se eu não estivesse ao seu lado, por muitos terem seus receios quanto a mim se afastam dele. Essas semanas em que eu estive fora e retornei, reparei que várias pessoas que se aproximaram dele ao me ver se afastaram, realmente eu não quero que ele tenha poucos amigos. A vida dele já foi complicada o suficiente.

Na verdade nem eu mesmo sei se ele sente a minha falta, pela primeira vez na minha vida meus pensamentos estão confusos e isso me preocupa.
Já passavam das 03hs e não consegui dormir, fiquei observando o Jae enquanto ele dormia e eu posso afirmar 100% que tenho certeza absoluta do que sinto mas não sei se ele sente a mesma certeza comigo.
No meio da madrugada alguns pensamentos vieram a minha cabeça e decidi dar forma a eles.

Me levantei e troquei de roupa, peguei umas peças de roupa e coloquei na mochila. Não vou conseguir ficar próximo a ele e continuar a forçar uma relação que não sei ao certo se é recíproca, prefiro dar um tempo para ele e para mim, me sento e escrevo uma carta para ele, nesse momento lembro de quando ele escreveu uma carta para mim e o desespero que ela me ocasionou, diferente dele preciso ser direto e objetivo na mensagem que eu vou mandar para ele.

Demoro mais de meia hora para escrever para ele e para a minha mãe, desligo o meu celular e o deixo encima do criado mudo.
Saio de casa sem fazer barulho e sigo para a rodoviária, já tenho idéia de onde ir e o que fazer até o meu retorno.
Enquanto dou um tempo para ele pensar no que sente por mim eu também me permitirei fazer algo que já estava nos meus planos há algum tempo e devido a alguns imprevistos foram adiados.
Pego um trem de alta velocidade para DaeJeon, essa cidade fica no meio do país, Ela é conhecida como o Vale do Silício da Ásia, é a maior metrópole coreana, uma cidade de alta tecnologia, muitas universidades. Tenho um motivo especial para vir para cá. Provavelmente minha mãe,o sogrão e o Jae não entenderão o motivo de eu ter apenas dado um tempo, mas esse tempo será crucial para resolver algumas situações importantes que ainda atravessam o meu caminho.
Chego em Daejeon e pelos meus cálculos o despertador do Jae ja deve ter tocado e talvez em um primeiro momento ele não venha a por dar a minha falta.
Espero que ao ler a minha carta ele não se sinta como eu quando li a dele.
Desço do trem e pego um táxi e peço para me levar para o hotel Onoma, já estive lá com o meu pai, na verdade vinha sempre a Daejeon com ele, é óbvio que eu não ficava com ele mas vinha para cá.
Chego no hotel e faço meu checkin , subo e decido tomar um banho.
Troco de roupa e desço, preciso comprar um celular caso eu tenha uma emergência e algumas roupas, trouxe somente o necessário para dois dias, mas talvez eu demore mais tempo para resolver tudo o que preciso.
Fico pensando em como o Jae reagiu a minha saída, espero que ele fique bem, será bom para ele olhar para dentro e ver se realmente é isso que ele quer.
Preciso focar no meu objetivo principal, eu vim para Daejeon por um motivo e preciso deixar tudo de lado para poder alcançar ele
Após comprar tudo que era necessário, ligo para um numero que estava guardado na minha carteira há alguns meses, o telefone toca duas vezes e é atendido. Do outro lado uma voz feminina suave atende a ligação

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