A Caixa parte 1

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Assim que o Jae deixa a nossa casa decido seguir com o meu plano. Pego o celular e ligo pro WooKyu e marco um encontro com ele, está na hora de seguirmos em frente e de uma vez por toda trazer para o nosso radar a mãe do Jae. Essa mulher já se escondeu por tempo demais.
Meu plano estava correndo bem por debaixo dos panos até o Jae atentar contra a própria vida. Devido a isso tive que dar uma parada estratégica até ele se reorganizar. Infelizmente se eu tiver que esperar que isso aconteça de forma segura não conseguirei executar meu plano, já que nossos país decidiram se afastar e o Jae está se sentindo culpado por nós. Da minha parte eu não sigo esse pensamento de que a culpa é minha, a idade emocional da minha mãe é de 14 anos, infantil, imatura e teimosa, típica adolescente, enfim, ela cresceu em vários aspectos, mas o lidar com suas emoções ficou de fora.

Ter me aproximado da enteada da megera da mãe dele foi importante para descobrir mais sobre ela e sobre seu comportamento atual.

Apesar de ter conseguido muitas informações o preço foi amargo e poderia ter sido catastrófico. Não posso deixar que nada desestabilize o Jae novamente, mas ao mesmo tempo não posso ficar só esperando que os eventos aconteçam para que eu possa lidar com eles. A mudança já está ocasionado isso nele, ele mais uma vez demonstra sinais de fraqueza emocional, de dúvidas, de medos.
Não o quero ainda mais ansioso, por isso prefiro que determinados movimentos sejam executados longe de seus lindos olhos e coração.
Eu temo muito pela saúde mental dele, apesar dele ser um cara forte a sua bagagem é pesada demais. Lidar com elas parece uma tarefa Hercúlea.

Algumas feridas na vida precisam de tempo para serem cicatrizadas , algumas demoram demais outras se mantém abertas e dolorosas por muito tempo. O caso da mãe do Jae é uma dessas de difícil cicatrização.

Ontem conversei seriamente com o sogrão e me abri, contei tudo que eu estava fazendo por trás dos panos. Todos possuem segredos, alguns possuem segredos demais e esse é o caso da cobra da mãe do Jae

Com a ajuda do WooKyu descobri muito sobre ela, ter um amigo hacker é muito eficaz. Sempre que o WooKyu se meteu em problemas eu estive lá por ele e ele por mim. Confesso que já até pensei em me relacionar com ele, mas isso acabou sendo só um pensamento que na primeira chance de se concretizar não deu certo, faltou química, chegamos a ficar uma única vez e naquele momento descobrimos que seríamos como irmãos.

Ele é mais velho 2 meses, então,posso dizer que ele realmente é meu hyung e eu sou seu donseng, nossa relação é de irmãos, daqueles que apesar de não viverem colados um no outro a qualquer sinalização de pedido de ajuda aparecemos e nos apoiamos mutuamente.
Ambos somos filhos únicos e de familias complicadas. O WooKyu vem de uma familia tranquila, seu pai é dono de uma empresa de pesca em auto mar. Sua mãe e uma chef de cozinha.
Muito dos peixes consumidos em Seul são provenientes da empresa do seu pai. A relação dos dois era basicamente como a minha,os pais sempre trabalhando, mas diferente da minha familia o pouco tempo deles sempre foi revertido para o Wookyu, talvez por isso ele seja um cara tão centrado apesar da sua aparência.

O pai do WooKyu é um cara muito foda. Ele é o típico pescador, cheio de histórias pra contar, diferente do meu pai, o pao dele veio do nada, cresceu e fez um grande negócio próspero. A mãe do WooKyu é uma chef, ela tem alguns restaurantes de frutos do mar.

Eles parecem ter nascido um para o outro, a afetividade na casa do WooKyu difere de seu comportamento, sua mãe me contava histórias do nerd , daquele garoto alvo que eu belo dia se rebelou, Algum dia vocês precisam conhecer a história da familia dele, é muito legal de ser ouvida.

O WooKyu é um cara super amigo, tem um senso de responsabilidade que me agrada, ele é um cara justo, até hoje não entendo porque ficar atrás do Kwang, acho que o amor é assim, nos levam para a direção do mais complicado. O namorado dele é tão quebrado que chega a dar pena mas ele está feliz. Ele se sente bem com ele e isso é o que importa. Ele tentou durante muito tempo ficar com o Kwang, tenho que dizer, o WooKyu é insistente.
Apesar do meu descontentamento eles estão juntos, acho o Kwang um covarde em tantos aspectos que as vezes prefiro nem falar sobre.

Hoje acabamos não indo a escola, mas o sogrão achou melhor que eles fossem sozinhos hoje para casa, não gostei da idéia, a noite irei pra lá, quero dormir com o Jae e estar com ele a cada momento para que ele se sinta seguro novamente.

O Jae mudou muito nesses meses de namoro, a medida que ele se reencontra após anos perdido em meio a mágoas, revoltas e a um predador manipulador, ele demonstra que é um garoto amável, delicado e puro de sentimentos. Diferente do rebelde que só queria sumir e viver da sua maneira, usando de sua aparência, sua lábia para conseguir o que quer.

Me orgulho demais de quem ele está
se tornando, apesar do solo enfraquecido a semente é forte e segue crescendo com raizes sólidas.

Passo o dia organizando a maneira de fazer a cobra sair do seu ninho e já escolho qual será meu movimento, como em uma partida de Go, a gente precisa prever movimentos, para vencer a partida. Ela pode durar horas a fio dependendo do adversário, a calma e o raciocínio lógico sem influência de sentimentos é fundamental .

Após uma boa refeição e com a barriga cheia ela fica parada fazendo digestão, aproveitando sua refeição lentamente. Apesar da muda de pele ela contínua a mesma, só que maior e com certeza mantém seu instinto de sobrevivência aguçado por isso o cuidado têm que ser redobrado.

Diferente dela eu sou um caçador, só que daqueles que só saí para atacar na certeza de capturar sua presa, não tenho pressa, tenho motivação e isso é o que basta para alcançar o sucesso.

Após me preparar e preparar o terreno tá mais do que na hora de lançar uma isca e aguardar até que ela a fisgue. O objetivo final é o que importa, a felicidade e a paz do Jae estão em jogo. Eu não posso hesitar, muito menos recuar.

Anoitece decido ir para a casa do Jae, definitivamente não vou dormir longe dele. Pego o carro e decido fazer uma surpresa para ele, o sogrão havia pedido para não ir para lá, mas quem disse que eu sigo ordens que não me beneficiam em nada? Aproveito o fato da minha mãe estar de plantão, eu havia prometido que ficaria em casa, mas quem disse que cumpro promessas das quais eu faço da boca para fora?
Realmente eles acharam que eu ficaria aqui sozinho, infeliz, abandonado, carente? Não consigo entender como eles acharam isso, é sério, dou extremamente previsível quando se diz respeito ao Jae, até parece que eu ficarei na minha cama fria, enorme, vazia. Parece até piada.
Odeio essa idéia, sem contar que para mim, lar, casa é aonde o Jae está.
Coloco uma música e sigo para lá escutando, meu coração a cada quilômetro mais próximo acelera mais e mais e uma sensação incrível toma conta de mim.
Ouço meu telefone tocar, encosto o carro e recebo uma ligação da qual não esperava receber e instantâneamente todo ânimo dá lugar a uma sensação estranha, um aperto no peito.

Não tão distante dali...

Após notar no hall de entrada da casa algumas cartas e pacotes, provavelmente a empregada deixou alí para meu pai buscar decido conferir se há algo para mim, como estamos a algum tempo na casa da tia Minjin e os últimos dias foram cheios de situações complicadas meu coroa deve ter negligenciado as correspondências, mas ele sempre manteve suas contas em débito automático, então provável são encomendas.
Vou conferir as cartas e entre elas uma caixa endereçada a mim, porém sem remetente. Odeio o fato de ser curioso. Isso realmente é muito ruim.
Decido abrir a caixa e me assusto com o que vejo, meu coração dispara e sinto tudo ao meu redor rodar e a deixo cair no chão me escorando na parede para não cair também.
Meu coração quase sai pela boca, .em meio a uma caixa sinistra com um coelho branco ensanguentado com as vísceras de fora e com a cabeça separada do corpo. Colado na cabeça do coelho uma foto do Sehun com os olhos perfurados, alguns selos xamânicos amarelos com a letra em vermelho e junto avisto  um envelope vermelho. Apesar do desespero e nojo abro a carta e o texto que segue é ainda mais assustador que a imagem em si. Ele foi todo escrito com retalhos de letras, atitude típica de psicopatas ou sequestradores.
Após ler a carta mal consigo ficar em pé. Me sento no sofa e me falta forças para reagir, o desespero bate e choro pensando em como farei para resolver esse problema sem que o Sehun possa vir a descobrir

Arriscando Tudo Book 1Where stories live. Discover now