A Despedida

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Enquanto o Sehun está se despedindo de seu pai eu o aguardo na anti sala do quarto em que ele está internado, junto comigo está o meu coroa, a tia Minjin , o Sr.Shin secretario do sr Han,  alguns engravatados e médicos. Não sei ao certo quanto tempo o Sehun ficou dentro da sala mas quando ele saiu seus olhos estavam inchados e vermelhos. Aquele momento que precede o final so seu pai estava chegando e ele agora teria que decidir se assinaria para o desligamento dos aparelhos seguindo o desejo do seu pai ou não.
Ele foi em direção a um senhor de terno preto e gravata preta, aparentemente na casa dos 60, cabelos grisalhos, porte elegante e o abraçou. Permaneceram dessa forma por algum tempo. Olhei para a tia MinJin e vi em seu semblante um certo desconforto, não sei ao certo o por quê?  Mas algo naquela cena a incomodou muito, talvez pelo fato dela querer estar ali no lugar desse senhor, talvez por ela querer sem poder consolar seu filho nesse momento.
Me aproximo da tia MinJin e do meu pai e discretamente pergunto a ela

- Tia, quem é aquele senhor que o Sehun está abraçando?

- Esse é o sr. Woo Yi Joong. Ele é o vice presidente do hospital e um grande amigo do sr Han o pai do Sehun. Na verdade o sr. Woo sempre esteve próximo ao Sehun, desde pequeno. Ele é como um tio para ele. Na verdade o Sr.Woo era primo do meu ex- marido. ~ Ao falar vejo que ela não está muito contente com essa aproximação deles

- Mas por que a senhora está desconfortável tia? Dá pra ver pelo seu semblante que você não está feliz em ver eles próximos. Há alguma coisa de errado com esse sr. Woo?

- Não Jae, ele é um bom homem, muito melhor que o pai do Sehun, porém eu não gosto de ver meu filho se apoiar eu outra pessoa em um momento como esse, afinal de contas eu sou a mãe dele. ~ A sua fala ficou um pouco mais ríspida do que de costume, olho para o meu coroa e vejo um certo desconforto nele também. De repente uma mulher chega no nosso quarto, muito bonita, também na faixa dos 60 e se aproxima do Sehun, que ao vê -la vai em sua direção e a abraça forte.

- Meu querido, não chore mais, vim assim que soube. Olhe para mim! Como você está? Sei que deve estar doendo demais mas eu estou aqui, sempre estive e sempre estarei meu anjo. ~ Observo um olhar afetuoso proveniente dela e esse olhar é correspondido por ele que a abraça novamente. Nisso olho para a tia Minjin e vejo um desconforto e ela vai em direção a essa senhora e se poe a falar.

- Sra. Cha Eun jin quanto tempo não nos vemos, obrigada por vir nesse momento.

- Como eu não poderia vir, apesar de não termos uma boa relação eu amo seu filho como se fosse meu. Na verdade o Sehun é pra mim como um filho.

- Mas não é Sra Cha, ele é meu filho. ~ A tia MinJin a olha de uma forma rancorosa mas o olhar da sra Cha é de indiferença. Ela continua a acarinhar o Sehun que ainda chora em seus braços. Ela é uma mulher extremamente elegante, um porte clássico ela está usando um salto alto vermelho agulha, uma saia lápis preta, uma blusa branca e um sobretudo preto amarrado na cintura, em sua mão uma bolsa de grife também vermelha. Ela está de cabelo preso em coque, uma maquiagem bem clássica e um batom vermelho completa seu visual.

- Como sempre você se atentando ao que não é importante no momento não é mesmo sra Kim, foi assim com seu ex marido, com seu filho, enfim você continua reproduzindo padrões, eu realmente esperava que você tivesse mudado, o Sehun havia me dito que você estava se esforçando para isso. Que a sua relação com ele havia melhorado. Sinceramente eu fiquei feliz por ele achar isso, mas sempre soube que você é egoísta demais para ver que nem tudo é sobre você. Agora mesmo, você vem me confrontar apesar de saber que esse é um momento de dor pro Sehun. Mas você sempre foi assim.

- Eu sempre fui assim? Você que passou a vida toda tentando me tomar o meu filho e a minha vida. Sempre presente, sempre solicita, sempre incomodando

- Incomodando a quem? Vocês dois vivam as suas vidas e esqueciam do Sehun, eu apenas estava lá por ele, ou você acha que ele se tornou esse rapaz maravilhoso e decidido sem nenhum adulto o auxiliando? Eu e meu marido sempre estivemos aqui para ele. Sempre presentes, às vezes evitando nos intrometer demais, chega a ser engraçado a forma de você se impor agora MinJin, depois de tantos e tantos descasos com ele. Mas não perderei meu tempo por agora, por favor deixe me conversar com o Sehun.

- Por que eu deixaria você ficar com meu filho? Ele é meu filho. ~ Nisso o Sehun se afasta do abraço da sra Cha, pega a tia MinJin pelo pulso e se encaminha com ela para o canto da sala onde conversam sem que possamos escutá-los. Nesse momento só posso observar a feição da tia Minjin, pois o Sehun está de costas para mim. Vejo um olhar perplexo da tia Minjin e o Sehun se afasta vindo em minha direção. Ao chegar próximo de mim ele me pega pelo pulso e me encaminha para próximo da sra Cha.

- Tia, sei que é uma péssima hora, mas esse é o meu namorado Jae. ~ Fico sem saber como proceder, do nada ele me apresenta para essa mulher da forma mais natural possível.

- Olá Jae, finalmente estou lhe conhecendo. Já ouvi muito falar de você, mas tenho que dizer que inicialmente não acreditei na descrição do Sehun, mas com certeza você é tudo o que ele descreveu e ainda o acho mais bonito pessoalmente. ~ Ela sorri docemente para mim se aproxima e me abraça. - Por favor, esteja sempre do lado do Sehun, ele é um cabeça dura, estourado e ciumento, mas é um rapaz amoroso e dócil sem contar com o fato dele ser muito bonito também, vocês formam um lindo casal. Nossa você está corando? Reclamante Sehun, ele é muito fofo.

- Eu lhe falei tia, ele é lindo demais. ~ Ao dizer isso ele me abraça por trás.

-Muito prazer, me chamo Park Jae Yoon. ~ Me curvo respeitosamente em sua direção e sorrio gentilmente.

-Que sorriso lindo, é um prazer conhecê -lo Jae. ~ Ela sorri afetuosamente para mim em retribuição ao meu sorriso.

- Queria ter apresentado ele em outro momento, mas a senhora vive viajando, esqueceu de mim de vez. ~ O Sehun faz charme assim como sempre faz comigo, realmente essa mulher deve ser muito importante para ele, sinto uma leveza em sua fala e em sua expressão que nessas ultimas semanas não existiam.

- Ah, meu querido, você sabe que desde que a SoRa se mudou para Paris eu tenho dividido meu tempo entre aqui e lá, afinal de contas a pouco tempo fui avó. Falando nisso a SoRa mandou um beijo para você, ela disse que se pudesse estaria aqui com você.

- Desculpe interromper vocês. ~ O sr Cha juntamente com o sr Shin se aproximam de nós. - Precisamos resolver algumas coisas práticas Sehun. Precisamos que você assine o termo de consentimento para desligar os aparelhos do sr Han. ~ Diz um sr Cha com um semblante pesaroso.

- Se você não estiver preparado para isso podemos adiar um pouco Sr Kim. ~ Diz o sr Shin colocando a mão no ombro do Sehun.

- Vamos resolver isso de uma vez sr Shin, meu pai precisa descansar. - Ao falar isso seus olhos se enchem de lágrimas. - Me dê só alguns minutos por favor. Então ele me pega pelo pulso e vamos em direção ao banheiro.

- Desculpa Jae.

- Pelo que? ~Pergunto sem entender esse pedido repentino de desculpas

- Por te causar tanta preocupação. Não foi a minha intenção.

- Pará com isso, você não me causou nada, eu que gostaria de conseguir impedir seu sofrimento Sehun. Mas infelizmente não consegui.

- Eu te amo Jae, é claro que eu estou mal mas você está comigo e isso é tudo o que me importa. Sem você eu não conseguiria passar por isso. Então obrigado por estar aqui do meu lado. ~ Ele me abraça e me beija afetuosamente. Eu enxugo suas lágrimas

- Então, você realmente vai assinar para desligar os aparelhos? Não há chance de seu pai melhorar?

- Vou assinar sim, ele teve morte cerebral, desde ontem estão fazendo os testes e não há atividade cerebral Jae. Só o corpo está vivo, a mente já se foi. Acho que o mínimo a fazer por ele é o que ele nunca fez por mim, respeitar minhas escolhas. ~ Seu olhar está tão triste que me faz querer proteger ele do mundo e de tudo que vem a seguir, mas não consigo, só posso estar com ele, o apoiando e torcendo para que ele supere e siga em frente sem carregar bagagens desnecessárias. Espero que ao desligar os aparelhos ele deixe ir todo ressentimento, toda dor para trás. 

- Você sabe que eu estou aqui por você né? Não se esqueça que eu te amo Sehun, essa dor vai passar.

- É claro que eu sei. ~ Ele respira fundo - Então vamos? ~ Com os olhos marejados seguimos de volta ao quarto e ele se aproxima dos advogados, do sr Shin, do sr.Woo ,da srª Cha e da sua mãe e assina a papelada dando início ao desligamento dos aparelhos.
Nesse momento ele se encaminha para o leito do seu pai e pede para ficar sozinho até o final, com ele apenas os médicos.

Alguns minutos depois escutamos o barulho do aparelho, apenas um som continuo e o choro do Sehun que provoca em todos na anti sala um choro coletivo, silencioso enquanto lá dentro ouço a dor e o desespero dele ao se despedir só seu pai.

Arriscando Tudo Book 1Where stories live. Discover now