A Separação

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Quando consigo fazer o Jae levar o Sehun para o segundo andar tento conversar com a MinJin. É compreensível a sua postura corretiva, porém se uma coisa eu aprendi ao longo da minha vida e com minhas experiências próprias é que pessoas como o Sehun são imparáveis. Eu era assim na sua idade, vejo em seus olhos um brilho que outrora via nos meus olhos. Aquela urgência de viver fruto de um ambiente familiar nocivo. Quando conversei cinco minutos com o pai do Sehun eu pude ver claramente como o seu pai se parecia com os meus. Os comportamentos se repetem e os erros também . Senti um peso na fala dele, aquela fala indigesta que revira o estômago ao ser ouvida. Naquele momento entendi mais ainda o Sehun. Talvez por isso eu seja compreensivo com tudo que diga respeito a ele. Na idade dele eu também me metia em problemas, também gritava em silêncio por ajuda. O que diferenciou o Sehun de mim talvez tenha sido o amor verdadeiro dele por meu filho, a reciprocidade de sentimentos. Apesar de eu ter amado a mãe do Jae nós éramos tão diferentes que hoje em dia tenho certeza que nunca dariamos certo.
Observo uma Minjin furiosa, uma versão bem diferente daquela mulher de sorriso fácil como o filho. A leveza dos dois deram vida a nossa vida, eu e o Jae a partir da felicidade deles conseguimos encontrar um caminho para buscar a nossa. Aos poucos nos tornamos familias e familias brigam, discutem, se separam.

Tento a todo custo trazê-la de volta a realidade, a razão, mas tudo que observo é uma pessoa incoerente, se esquivando e demonstrando certo desprezo a minha tentativa de nos manter bem, de nos manter juntos.

Uma das coisas mais difíceis da vida é se separar amando alguém. Já tive essa experiência e toda vez que me separo o caos toma conta da minha vida.
Sinceramente eu pensei que minha relação com a Minjin fosse dar certo, mas os últimos acontecimentos me fizeram repensar se ela é uma escolha assertiva em minha vida. O convívio com o Sehun e com o Jae teme feito relembrar uma vida que eu deixei de lado, uma coragem que guardei a sete chaves, vê-los juntos me inspira, me motiva.
Aprendi e aprendo diariamente com eles, acho que eles me tiraram da minha zona de conforto, do papel de educador, de pai e me trouxeram para o lugar de amigo. Apesar dos meus erros eu realmente quero dar o meu melhor, quero que o Jae tenha orgulho de dizer que sou seu pai, quero ser um bom avô, mas mais do que tudo quero ser o pai que eu imaginava que seria há 20 anos atrás.

Se fossem perguntar ao Woosik jovem como ele se imaginaria após os 40 anos com certeza ele diria que ele seria um pai incrível, amigo, que eu e meu filho iríamos a jogos, a shows, viajaríamos juntos, tudo que eu não fiz com o meu pai, agora , nunca imaginaria me divorciar, estaria casado com a BoRa, é em um passado distante esse foi uma constante em minha vida. Nós estaríamos juntos. Se não fosse a paixão avassaladora que senti pela mãe do Jae eu teria sido mais feliz?  Essa é uma pergunta sem resposta. Há anos atrás não me imaginaria em um relacionamento fadado ao fracasso  nem trabalhando em uma carreira que não te motiva e me dá prazer.
A minha versão mais jovem tinha tantos planos e nenhum deles foi sequer iniciado. Sonhava em viajar o mundo, até o fiz mas com um fuzil ao invés de uma máquina fotográfica.

Assim como a BoRa eu queria ser fotografo, queria turar fotos de paisagens, de flores, animais. Nós tinhamos um plano, iríamos desbravar a America do Sul juntos, conheceríamos índios, nativos, enfim, a Amazônia era um sonho , apenas um sonho. Mas nunca cheguei perto de realizar esse sonho nem ousei de ter ele após a separação, a única coisa que eu queria era que meu filho se mantivesse em segurança, longe daquela mulher

A Bo Ra por sua vez conseguiu alcançar o sonho dela, ela participou de um documentário para a Discovery. Não posso dizer nada porque pelo menos tenho o Jae, tenho orgulho do meu filho e de tudo que ele supera, fiquei confuso, com medo de perder ele, ainda não consegui processar o acontecimento naquela ponte.

É claro que não tenho o relacionamento que planejei na juventude, tudo aconteceu de forma confusa, mentiras, mal entendidos, meu filho, mais traições, me sinto envergonhado por ter sido tão manipulado. O dinheiro dos meus pais foram uma maldição em minha vida, nada de bom veio dele, na verdade todos os meus problemas vieram pelo simples fato de eu ser rico.

Arriscando Tudo Book 1Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz