Despertando de um longo sonho

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Abro os olhos e vejo um clarão que impede a minha visão, acho que o reflexo da luz do sol, talvez uma luz forte encima do meu rosto.
Levanto minha mão e a direciono para cima do meus olhos e tento tirar aquele clarão que que ofusca. Olho para os lados e não vejo ninguém, apenas uma luz forte e Instintivamente sou atraído por ela, ela me conforta, me traz uma serenidade que conforta meu espírito.

Começo a seguir em direção a ela, aquela luz é muito reconfortante, de repente ao fundo vejo a silhueta de uma pessoa que a cada passo dado por mim em sua direção fica mais clara de se ver.
De repente vejo um rosto conhecido, há algum tempo não o via, vejo o meu pai Ele está diferente de quando morreu, está bem mais novo, com a aparência revigorada, seu semblante está leve, na verdade ele está bem parecido de como me lembrava dele na infância. Como sempre seu porte elegante, rosto altivo, seus menos cabelos grisalhos do que estavam no momento de sua partida e bem diferente dos nossos últimos encontros onde sempre nos desentendíamos e acabavamos brigando dessa vez ele sorria para mim e abria seus braços.

Dizem que as pessoas entre a vida e a morte têm experiências desse tipo, dizem ter visto uma luz bem clara, dizem que avistam seus entes queridos, é eu estou a um passo da morte, mas me sinto leve e em paz.
Sigo em sua direção e o abraço. Fico surpreso em vê- lo ali, meu coração se acalma e começarmos a conversar como há muitos anos não fazíamos. Nossa relação foi se deteriorando com o tempo e com a falta de interesse de ambos, a criação do meu pai sempre foi rigorosa e ele sempre me tratou como era tratado por seus pais. Apesar de ser inadmissível é extremamente compreensível. Conviver com o meu pai era algo que eu não fazia questão há muito tempo. Estar próximo a ele sempre me despertava sentimentos conflituosos, uma parte minha queria desesperadamente amor e carinho, a outra queria distância. A tia Cha sempre me dizia que apesar do meu pai ser daquele jeito ele me amava da sua maneira. Por anos tentei entoar esae mantra de que ele gostava de mim, até o momento em que eu deixei de me importar com os seus sentimentos.
De repente aquele clarão deu lugar a uma imagem conhecida, um lugar afetivo das minhas lembranças , o jardim da nossa casa, da casa onde eu cresci, do local que eu por anos chamei de lar, de prisão e de sepulcro.

Naquele local eu durante anos meus sentimentos foram modificando a cada ano em que eu vivia lá, seja brincando sozinho, chorando sozinho, sofrendo calado, beirando ao desespero por estar sempre só, por não saber o que fazer, não ter a quem recorrer, voltando a pensar minha vida foi repleta de sofrimento, de uma angústia constante e uma sensação de que eu não pertencia a esse mundo.

Meu coroa se senta em um banco que fica de frente para o lago artificial que temos no centro do jardim. Ele então suavemente dá três tapinhas no banco ao seu lado e com a cabeça faz um movimento para que eu me sente ao seu lado, eu me sento ali e por algum tempo ficamos em silêncio, olhando a paisagem, observando os pássaros e a brisa que suavemente balança as plantas e arvores do nosso jardim
A primavera é a minha data preferida, principalmente ali no nosso jardim, as flores desabrocharam e o aroma é acolhedor e revigorante, , as flores, o cheiro, o tempo ameno, nem frio, nem quente, esse é tempo ideal para fazer qualquer coisa, definitivamente essa é a estação que eu mais amo
Após algum tempo em silêncio, meu pai começa a falar comigo, sua voz é emanada em um tom suave e acolhedor, poderia dizer até afetuoso, como a tempos eu não ouvia. Ele possui uma voz firme e apesar dela é possível sentir a suavidade em sua fala.

- Não imaginava te encontrar tão cedo filho, como sempre você agiu de forma imprudente, Você está satisfeito? Como você pode saltar naquele lago daquela forma?

- É, acho que sempre decepciono você pai, mas respondendo o seu questionamento, por um lado estou sim, estou não apenas satisfeito,mas feliz de poder ter salvo o amor da minha vida, sei que o Jae está seguro e que ficará bem, por outro não, eu com certeza não queria estar aqui falando com o senhor preferia estar nos braços do meu amado. Realmente eu não esperava mesmo ter essa conversa com você, de tudo que eu pudesse imaginar como o meu momento pos morte eu realmente não esperava encontrar você, queria ter sido recebido pelos meus avós, até pelo meu cachorro.

Arriscando Tudo Book 1Where stories live. Discover now