O acaso

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Quando eu começo a correr eu não vejo nada ao meu redor, eu consigo me desligar de tudo, o asfalto e o horizonte me guiam e com eles eu não me afasto apenas em distância,mas me afasto de tudo que me assombra, não vejo paisagem, pessoas, só flashes de imagens desbotadas, até o som eu consigo ignorar. Corri tanto que deixei o Sehun para trás, é ele precisa melhorar a corrida dele, mesmo sendo atlético, correr demanda uma explosão muscular continua, nem todos correm.
  O ato de correr sempre me ajudou a esquecer de tudo o que me sufocava e por esse motivo eu corro com frequência,  sinto a necessidade real de ficar em silêncio. Infelizmente desde que vim para Seul eu diminui o ritmo, meu coroa também não corre mais com tanta frequência, não sei se por conta da poeira fina, ou do meu acidente, mas antes disso  ele já não estava mais me convidado para acompanhá-lo. Não sei ao certo o motivo, mas a verdade era que eu sentia falta de correr, e depois de me recuperar da cirurgia eu precisava muito disso.

O bom de correr é que eu corro até a exaustão, às vezes corro dezenas de quilômetros e nem sinto o tempo passar. Desde que eu descobri que eu conseguia deixar de pensar eu passei a ter uma relação diferente quanto a corrida, Com o meu velho corria sempre atrás dele por vários motivos, eu não queria estar ali, então tanto fazia correr bel ou não, provocar ele e ouvir ele  dizer que eu era um fracote e que eu corria como uma mulherzinha era divertido, esse era um dos poucos momentos em que passávamos juntos, apesar de ser um comportamento machista achar que uma mulher não pode ter disposição e correr bem, várias velocistas estão ai para comprovar o contrário, eu gostava dele pegando no meu pé. Era a forma dele me notar, mesmo que negativamente. Eu tinha tanta raiva dele que não queria demonstrar qualquer capacidade, queria que ele tivesse vergonha mesmo.

Cheguei em um restaurante depois de deixar o Sehun para trás, ele é atlético e musculoso, mas não se fala correndo e ele passou uns dez minutos falando sem parar. Eu o amo demais, porém, as vezes ele fala muito.
Decido parar e aguardar por eles, aproveito para me alongar e respirar um pouco. Observo a paisagem e o restaurante é bem aconchegante, daqueles tipos rústicos, fico imaginando o que eles devem servir ali, com tanto que não seja bibimbap ficarei aliviado. Aquela paisagem me faz me distanciar ainda mais do momento,as sou trazido de volta por uma voz que eu nunca havia escutado

-Bom dia. ~ Me volto em direção ao e vejo um garoto por volta dos seus vinte e poucos anos, limpando algumas mesas. - Em alguns instantes abriremos. ~ Diz ele

- Ah, ok, sem problemas, estou aguardando os outros.

-Primeira vez por aqui?

- Ah, na verdade não, da última vez que eu estive aqui tinha ums seis anos,  mas sinceramente não me lembro, então acho que é a primeira vez sim.

- Acredito que você dessa vez terá mais recordações. ~ Ele sorri gentilmente para mim e retorna a fazer o seu serviço,mas sem deixar de falar. - Me chamo  Ahn Seok kyu se precisar de algo é só chamar

- Obrigado, me chamo Park Jae yoon.

- Me desculpe perguntar, mas você é idol?

-  Idol? Como assim? Eu me pareço com um?

- Sim, parece muito. ~ Ele sorri e prossegue - Aqui aparecem vários, a sua aparência é bem similar a deles, pele branca, rosto fino e pequeno, muito delicado.  Muitos vem para cá pra poder fugir da correria de Seul e para fugir das suas fãs. Eu não conheço muito os grupos, mas sinceramente você deve fazer parte de algum.

- Ah, não, não sou idol não, estou aqui de férias com a minha família, estamos aproveitando as comemorações do fim de ano.

- Entendo, mas deveria ser idol, com certeza faria muito sucesso. Eu com certeza o seguiria em suas redes sociais. ~ Ele manda uma direta desconsertante para mim e sorri.

Arriscando Tudo Book 1Where stories live. Discover now