Capítulo 39 - Alasca

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Ódio. Uma palavra forte na percepção de alguns, mas um alivio na vida de outros. Durante toda nossa vida temos pessoas que vamos amar, mas também tem aquelas que vamos levar rancor para o resto da vida. Mas, será que podemos ter isso ao mesmo tempo? Amor e ódio. Eu acho que não posso opinar sobre isso, mas posso dizer que não é saudável para alguém, ter esses dois sentimentos por uma só pessoa. Liam e Victória estão com esses dois sentimentos um pelo outro. Sabem que amam um ao outro, mas o ódio de um faz com que isso fique complicado, e o amor não explicado de outro, faz tudo parecer uma mentira.

Eu já estive nesse lugar, eu e Cásper tínhamos brigas constantes e intermináveis. Nada comparado aos poucos romances lidos por mim, mas nem chega perto das brigas que Victória está tendo com Liam, pelo menos eu não lembro de ter batido na cara de Cásper.

Eu quero que eles se resolvam logo, quero isso mais do que qualquer coisa agora. Mas eu não posso querer por eles, eles que tem que se tocar que precisam um do outro.

- Alasca - meus pensamentos se dissipam, quando ouço a voz da minha mãe me chamando.

Olho para ela que estava apoiada no corrimão, e volto a olhar para a televisão em minha frente, já que eu estava na sala de estar. A minha relação com a minha mãe nunca foi assim, conturbada. Desde de criança, ela me fazia o mundo dela, me levava a parques de diversões, atividades de pintura, dança e várias outras. Mas quando um dia ela chegou chorando em casa, e demitiu a babá que cuidava de mim depois da escola. Foi para o quarto e se trancou lá por muito tempo. E segundos depois meu pai entrou em casa desesperado e saiu correndo as escadas atrás dela. Eu era pequena demais e, não sabia o que estava acontecendo. Então continuei pintando meus desenhos e tirando fotos com aminha câmera fotográfica de mentirinha. Minha mãe sempre me incentivou na arte do olhar, eu sempre gostei de tirar fotos, e as vezes ela brigava comigo por não ler tanto quanto ela, mas eu sabia que ela ficava feliz ao me ver feliz. Meu pai nunca foi de ficar muito em casa, mas quando ficava era uma alegria só. Minha mãe parecia amar ele, mas eu nunca percebi o mesmo carinho vindo dele.

Naquele dia os gritos se tornaram altos. E o choro da minha mãe se tornou gritos de desespero, meu pai tentava explicar o que ela tinha visto. Mas ela não queria ouvir, ela não queria relembrar a cena horrível. E então ela desce as escadas com a minha mochila na mão, e me pega pelo braço, querendo ir embora daquele lugar. E então eu disse a ela "mamãe a onde vamos?". Ela não respondeu, muito menos olhou para trás. Depois disso, eu nunca mais vi meu pai. Só quando ele implorava para ficar comigo. Minha mãe começou a focar no trabalho mais do que era preciso, e eu sempre ficava sozinha em casa, por isso aprendi a me virar na cozinha. Ela não me levava mais a parques de diversões e nem em atividades legais. Era da escolinha para o curso de inglês, e do inglês para casa. Isso até meus quatorze anos. Quando entrei no ensino, comecei a sair mais com meus amigos e ela não ligava muito, até o dia que cheguei com um namorado, ela olhou para mim com desdém e disse que se eu namorasse ele iria me machucar, já que ele não era da classe alta e era bolsista na escola. E mesmo assim namorei ele e, acabei sendo traída. Ela disse as palavras "eu te avisei", e virou as costas. Depois disso nunca mais namorei. Tanto por não conseguir ter o sentimento, quanto por ela que não gostava da ideia. Até o dia em que disse que queria vir para cá e fazer faculdade. Foi aí que tudo desandou e, ela ficou com ódio de mim. Mas, isso mudou quando ela descobriu que Benjamin era de classe alta e, seu pai um dos maiores CEO das empresas de vinho. E mesmo assim, quando mais eu precisei dela, ela disse que eu não era sua filha e quis ficar ao lado dele. Meu pai, por remorso, quis ficar ao meu lado e me apoiar. Acho que ele se sentiu mal por saber que a filha traiu o namorado. Mas eu nunca fiz coisa melhor. Eu teria me matado se continuasse com ele.

Ouço seus saltos batucando no chão de mármore que tem na sala e vindo até mim. Ela se senta na poltrona, que fica em meu lado direito e começa a falar:

Be Free - você vive em mimWhere stories live. Discover now