Capítulo 16 - Alasca

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Loucura. Apenas os loucos, sabem sobre sua loucura, certo? Ou seja, pessoas "normais" não são capazes de fazer algo louco. Mas e se forem, e se pessoas normais, forem capazes de entrar em sua própria loucura.

Algo que desejam tanto, querem tanto, que se realiza. Mas em sua cabeça, na sua realidade.

Isso parece loucura. Mas não é, apenas somos incapazes de distinguir algo bom, de algo ruim, já que as vezes vivemos em nosso mundo e não ligamos para as consequências que acontecem na realidade.

É triste pensar que estamos tão quebrados por dentro, que para nos sentir bem, precisamos criar coisas em nossas mentes, se não nos sentimos sozinhos. 

Não sei se o que acabei de viver agora, foi real, mas se tiver sido, eu ficarei tão feliz, que seria capaz de morrer para sentir essa felicidade novamente. Nossos lábios juntos pareciam tão reais, seu cheiro, seu toque, tudo era verdade.

Mas não consigo entender, o porquê do meu corpo estar paralisado no chão, com meus olhos fechados, como se eu tivesse desmaiado.

A única coisa que sinto, é o tapete macio, e mãos me retirando do chão. Pelo visto, são mãos femininas, mas não sei se são de Victória, ou minha mãe.

- Traga um copo d'água para ela, Victória - quando ouço a voz da minha mãe falando com Victória, chego a uma conclusão de que as duas estão aqui.

Algum tempo depois, sinto gotas de água sendo jogadas em meu rosto, e meus olhos aos poucos se abrindo.

- Alasca, você está bem? - Victória pergunta, enquanto deixa o copo na estante.

- Estou, mas, como vim parar aqui no chão - pergunto a elas.

- Não sei, mas pergunte a si mesma, isso já está se tornando coisa de louco - diz minha mãe, se levantando e arrumando o vestido de ceda.

- Não precisava me ajudar, dá próxima vez me deixe caída - digo massageando minha cabeça, já que a mesma estava doendo.

- Vou mesmo - minha diz isso, e sai do quarto, batendo a porta com força.

- Ala, me diga o que aconteceu - diz Victória, me ajudando levantar, e me sentar na cama.

Eu não sabia se podia contar ou não, o que havia acontecido para Victória. Cásper podia ficar bravo e nunca mais voltar, então decidi inventar alguma coisa, e falar a ela, pelo menos até Cásper dizer que pode falar sobre sua volta.

- Eu, eu não lembro, eu estava na cama e vim parar aqui no chão. Devo ter caído, enquanto dormia - digo a ela.

- Tem certeza? Você estava desmaiada no chão - pergunta Victória, com uma expressão preocupada.

- Certeza - digo a mesma, e dou-lhe um sorriso.

- Então ok, você quer comer ou podemos ver os hospitais - a mesma me faz uma pergunta.

- Podemos ver os hospitais - digo a ela.

- Tudo bem, vou pegar a lista que está na minha mochila - Victória diz, e sai para pegar sua mochila.

Olho por todo o quarto, e vejo que não tem nada fora do lugar, mas ainda estou com a camiseta dele, e a foto está caída no chão. Nossa foto. Foi real, foi tudo real. Ainda posso sentir seus lábios nos meus, e até mesmo seu cheiro em meu corpo.

- Voltei - ouço Victória dizer, enquanto entra no quarto – Não sabia que havia tantos hospitais com pessoas em coma - a mesma faz uma observação.

- Acho que tem muitos Vic, só precisamos ter cuidado nos que vamos escolher - digo esperançosa.

- Ala, você ainda acha que Cásper pode estar em coma? - Victória me pergunta.

Eu não podia falar que ele estava vivo, andando, e que até veio aqui.

- Tenho, seu corpo não foi achado, nada comprova que ele morreu - digo enquanto vejo os hospitais nos papéis que Victória trouxe.

- Sabe de uma coisa? Eu também acho que ele está vivo, e por isso precisamos escolher estes hospitais com toda atenção e amor do mundo - quando Victória diz aquelas palavras, sei que ela está do meu lado, e não achará que estou ficando doida quando eu falar que Cásper veio aqui.

- Você é minha melhor amiga, Victória - digo olhando-a com admiração.

- Você também é minha melhor amiga, Alasca - a mesma diz, e me abraça.

- Prometa nunca ir embora - digo a ela.

- Eu prometo não ir embora, se você prometer nunca desistir de si mesma - diz ela, ainda com a gente abraçadas.

- Eu prometo. 

Nos separamos, e começamos a ver os hospitais disponíveis nas regiões mais distantes. Vimos vários, mas nenhum me chamou a atenção.

- Vic, não gostei de nenhum - digo desanimada.

- Calma Ala, vamos encontrar algum que chame sua atenção - Victória diz a mim.

- Tudo bem, vamos continuar então - digo, voltando a ler os formulários.

A noite chega, e nó ainda estávamos lendo formulários.

- Acha melhor parar? Temo uma semana para decidir ainda - a mesma me diz.

- Acho, pode os continuar amanhã - digo a ela, e começo arrumar os que nós já havíamos lido.

- Vamos jantar? Estou morrendo de fome - diz a mesma.

- Vic, está é sua casa agora, você pode comer, tomar banho fazer o que quiser aqui, você é minha irmã agora - aviso a mesma, enquanto me levanto para guardar os papéis.

- Tem certeza... - antes mesmo, da mesma terminar de falar, digo:

- Tenho, e ai de você que não ache isso, né cásperzinho? - digo falando com a minha barriga.

O mesmo chuta, em sinal de aprovação.

- Viu, ele até chutou - digo animada.

- Tudo bem - Victória dá risada.

- Agora me diga, como foi pegar suas coisas lá na de Liam? - pergunto a ela.

- Bom, ele não estava lá, parecia ter saído para algum lugar, os pais dele não gostaram nem um pouco da decisão dele. Mas não posso fazer nada Ala, então peguei minhas malas, e vim para cá - diz a mesma.

- Você está bem mesmo, né? - pergunto para ter certeza.

- Sim, podemos ser amigos, vida que segue - diz a mesma sorrindo.

- Ok então. Mas, antes de irmos comer, vou lhe apresentar seu quarto novo - digo animada.

- Um quarto só para mim? - ela pergunta, ainda surpresa.

- Claro, tem quarto de sobra aqui - digo a ela.

Levo ela até a porta ao lado da minha, e destranco a porta.

- Seja-bem-vinda! - grito para ela... 

Be Free - você vive em mimWhere stories live. Discover now