Capítulo 42 - Alasca

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Hoje é o segundo dia aqui no hospital, por enquanto está tudo tranquilo. Ainda estou com Arthur e, até agora a família dele não foi achada. Minhas fotos estão ficando de lado, já que eu preciso da permissão dele ou da família para mostrar a imagem dele, mas enquanto isso estou fazendo alguns textos para as fotos e, tirando fotos do hospital e, horários de folga. Victória pegou um caso de uma moça que sofreu ataque cardíaco e, precisou de muitas cirurgias e, agora está esperando um transplante, eu já fui lá e a moça é muito simpática. Liam pegou um caso de doença mental, ele está gostando muito, não entendi porque ele ficou tão interessado neste caso, Victória disse que me contaria se ele deixasse, mas ela não vai falar com ele tão cedo. Nathan, o nosso "guia" está por toda parte e vive me irritando, ele é bem carismático quando quer, mas sabe ser irritante quando não necessita. As vezes ficamos nos olhando por minutos e, não entendo o motivo.

- Está calor hoje. Quer que eu abra as janelas? – pergunto ao homem, adormecido em minha frente. Não obtenho resposta, mas eu as abro para que ele possa sentir que estou conversando com ele. Abro as janelas e, logo depois me sento ao seu lado pegando sua mão – Eu estava pensando e, que tal eu tentar achar sua família? - no mesmo instante, sinto minha mão sendo apertada e meu coração se acelera. Mas logo lembro do que a enfermeira disse.

- Arthur, acorde. Por favor - digo ainda com suas mãos tocando as minhas.

- Com licença - quando ouço a porta abrir, levo um susto, mas logo me acalmo. Era o Nathan – Posso entrar? – ele pergunta, já entrando e fechando a porta.

- Já entrou mesmo - digo sem olha-lo.

- Era para não dar tempo de você me expulsar - ele diz rindo, o que me faz rir junto a ele. A sensação é estranha, mas muito boa.

- O que está fazendo aqui? - pergunto a ele, tirando as mãos de Arthur e, as deixando em cima de seu corpo.

- Sou professor, Alasca. Meu dever é ver o que vocês estão fazendo - ele diz vindo até mim e, parando em minha frente.

- Um trabalho voluntário. Pode ir embora - digo olhando para seus olhos cor de mel. Seu corpo vai se aproximando mais e mais do meu, me fazendo prender todo ar que estava em meu pulmão. Naquele momento eu havia esquecido como se respira. Porque ele estava tão perto de mim? Ele estava me testando? Era alguma brincadeira de mau gosto?

- Você é muito atrevida - ele diz vindo até mim – Eu odeio, alunas atrevidas – ao dizer isso, ele dá uma risada.

Minha respiração estava acelerada e, eu estava com um aperto no coração. No mesmo instante o homem que estava naquela cama não era mais Arthur e, sim Cásper. Ele estava muito machucado e seus olhos olhavam para mim, como se tivessem pedindo socorro. Eu não estava mais maluca, achando que ele ainda estava vivo. Mas eu ainda tinha um pouco de luto dentro de mim, e sabia que não estava pronta para algum relacionamento. Era como se eu estivesse manchando a alma dele, a história dele, nossa história.

Mas todos esses pensamentos foram embora quando ele para de vir até mim e, e se vira para sentar-se ao sofá. Na mesma hora um grande alivio toma conta de mim e, então volto a respirar normalmente. Que filho da mãe.

- Estava com medo? - ele diz, dando risada.

- Você é um professor, apesar de tudo. Não podíamos nem estar tendo essa conversa - digo, e volto a olhar para Arthur, cubro ele um pouco mais e, me sento ao seu lado.

- Alasca, isso é a faculdade. Alunos e professores se relacionam na faculdade, são adultos, não crianças - ele diz, seriamente.

- Falando assim, parece até que já se relacionou com suas professoras na faculdade - digo, com um pouco de vergonha.

- Você é esperta, mais não. Um amigo meu, ele está com ela até hoje - ele diz, e parecia feliz pelo amigo.

- Entendi.

- Porque escolheu este caso? - ele pergunta. Seu tom de voz parecia curioso, e tenho certeza de que ele havia perguntado isso para meus amigos também.

- Você perguntou isso para Victória e Liam também? - pergunto a ele.

- Sim, mas foi só por curiosidade mesmo - ele diz.

Aqueles olhos me olhando me deixavam desconfortável, eles pareciam ver a minha alma. Eu já havia visto aquele olhar antes, mas no tempo que eram tão iguais eram diferentes ao mesmo tempo. Cásper me olhava como se eu fosse a única mulher da vida dele, a única que ele amou... mas Nathan, me olha como se eu fosse, mais uma, mas ao mesmo tempo a única que ele olhou desse jeito.

Eu poderia contar a ele o porquê eu escolhi justo este caso, mas ele olharia para mim com outros olhos, assim como todos olharam quando eu voltei para a faculdade. Ele não sabe de nada, não sabe quem é Cásper, não sabe do meu aborto, não sabe de nada. E não tem porque ficar contando isso a ele, seria mais alguém sabendo. E eu não quero isso.

- Eu não sei, apenas gostei e peguei o formulário - digo a ele. O mesmo percebe na mesma hora que estou mentindo.

- Não irei insistir. Mas saiba que você tem meu apoio - ele diz e me manda um de seus melhores sorrisos.

- Em qual dentista você vai? - pergunto e, dou risada. No mesmo instante ele começa a rir também, não sei porque, mas aquilo foi um dos momentos mais felizes que tive em tantos meses de tristeza.

- Você é perfeita - ele solta enquanto ri. No mesmo instante paro de rir e, fico com um pouco de vergonha.

- Não exagere. Apenas elogiei seu sorriso - digo sarcasticamente.

- Então posso elogiar seu cabelo? Que aliás, é muito lindo - ele diz e, no mesmo instante minhas bochechas parecem corar.

- Claro que pode. Cortei ele faz uns dias – digo e olho para Arthur.

- Interessante - ele diz e, começa, olhar para mim fixamente. Era impressionante a paz que seus olhos traziam, mas faltava algo neles, algo que eu não conseguia achar.

- Acho melhor você ir embora - digo ao mesmo.

- Não gostou da minha presença? - ele pergunta, ironicamente.

- Quero voltar a olhar minhas fotos - digo uma desculpa fajuta.

- Isso é uma desculpa fajuta - merda – É só dizer, que eu me retiro.

- Então saia - digo, curta e grossa.

- Então ok. Até senhorita Alasca - ele diz, se levantando e batendo a porta.

- Até, professor - digo, após a porta ser fechada. 

Be Free - você vive em mimWhere stories live. Discover now