Capítulo 51 - Alasca

16 5 0
                                    

O fim de semana havia chegado ao fim, e não consegui pregar o olho. Meus pais haviam chegado em casa, e me ofereceram ajuda para subir as escadas, mas eu recusei, eles perguntaram se eu estava bem, mas apenas fiz sim, com a cabeça. Do que adiantaria dizer não, nada mudaria.

O esforço para subir aquelas escadas era, de outro mundo. Cada passo naquele degrau, uma parte minha embora. E mesmo que eu quisesse, nada vai voltar ao normal, nada depois dele foi igual.

Minha vida havia ido embora no dia em que li aquela carta, que agora, estava em minhas mãos. "Tudo que tivemos levarei comigo para sempre, a onde eu estiver seu coração sempre baterá com o meu, em um só ritmo, em uma só alma. Minhas lágrimas neste momento não valeram de nada, você merece muito mais do que lágrimas de dor e tristeza. Você merece lágrimas de alegria e amor. E eu não posso lhe dar isso"

Não... suas lágrimas valiam o mundo, porque foram derramadas sobre aquele maldito rio. Eu nunca deveria ter ficado com outra pessoa, nunca deveria ter abandonado você. Eu acho que eu nunca deveria ter vindo pra cá, nunca deveria ter atrapalhado sua vida e, agora, agora somos dois fodidos. Duas vidas malditas, duas vidas arruinadas.

Minhas bochechas ardiam quando as lágrimas se chocavam contra minha pele. O horário de ir a faculdade já havia chegado, mas eu não conseguiria... não conseguiria levantar dessa cama e enfrentar o mundo lá fora. Desde de sua morte, eu fingi estar bem, disse a todos que estavam bem. Mas eu não estava, eu estava querendo morrer, gritar, pedir socorro, eu queria apenas que me dissessem que mentira...

As lágrimas encharcavam a carta em minha mão. Minha pele estava fria pela janela aberta e o frio que vinha dela...

- Alasca...

Quando olho para a porta... não conseguia acreditar que ele tinha vindo. Nathan estava com um olhar preocupado e parecia assustado ao me ver naquele estado.

Como ele tinha conseguido entrar aqui? Como ele tinha...

- Alasca - ele entra rapidamente, fechando a porta. Seus passos são rápidos quando me abraçam. E choro com mais força, me agarrando novamente em sua blusa.

- Vai embora!! - grito com ele, pelo menos tento, já que minha voz estava rouca.

- Não! - ele me faz olhar para ele – Não vai me afastar de novo! Não vai! - ele grita de volta, me segurando pelo rosto.

Meus olhos pareciam assustados, e minha mãos não conseguiam soltar sua roupa. Nathan estava tão... informal, não estava com suas blusas sociais, nem com suas calças jeans. E sim de moletom, como se tivesse corrido para cá. Eu não conseguia entender...

- Ele foi embora - digo, caindo em choro novamente.

Minha voz era de desespero, meus soluços pediam para que eu tentasse parar de chorar. Mas não dá...

- Eu sinto muito - ele diz, deitando comigo em seus braços. Suas mãos me trouxeram para mais perto, e eu conseguia ouvir as batidas de seu coração.

- Eu preciso contar... - digo soluçando, enquanto levanto minha cabeça para olha-lo – Preciso contar a verdade - digo em desespero.

- Não precisa... - ele pede, acariciando minha pele.

- Precisa sim! - digo, batendo em seu peito.

Nathan concorda com a cabeça, e me pões deitada em seu peito novamente. Agarro seu moletom e, começo:

- Cásper. O nome dele era Cásper Scoot. Ele... ele foi a pessoa que eu mais amei na minha vida, em todos esses anos, ele foi o único que fez meu coração acelerar. E quando finalmente decidi ficar com ele, quando percebi que ele me fazia bem, estando ou não inteiro... ele se matou - digo chorando mais e mais. Meus gritos eram abafados por sua roupa, mas eu queria poder gritar mais e mais.

Be Free - você vive em mimWhere stories live. Discover now