Capítulo 22 - Alasca

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Quando minhas energias se esgotam, meu corpo fica frágil e vou me deitando lentamente no chão. Lágrimas descem de meus olhos, como se fossem culposas por tudo isso, vidros estavam jogados e quebrados por todo quarto, e fotos estavam espalhadas. Pego a camiseta que estava no chão, e cheiro a mesma. Não era possível. Seu cheiro tinha ficado mais forte, e eu podia sentir seu toque. Não podia ser mentira.

Minhas mãos estavam com um pouco de sangue, já que eu havia apoiado em cacos de vidro. Eu não sabia o que fazer, falar, agir, nada. É como se não tivesse restado nada para dar as pessoas, não tenho forças para dar a mim mesma.

Engraçado é que não acreditam em mim. E enquanto estou aqui, ele pode estar dormindo em um lugar perigoso, já que não pode voltar agora.

Meu corpo, ainda com dificuldade, consegue se apoiar na cama, e então apoio minhas costas na cama. Minha cabeça doía, e meu corpo não estava querendo se movimentar, minha mente a mil, e meu coração a zero.

Meus olhos andam por todo o quarto, até que vejo uma foto caída embaixo do tapete. Minhas mãos vão até ela, e a pegam. Quando vejo que era uma foto nossas, meus olhos se desviam rapidamente, como se entrassem em choque.

Mas minha mente... me vem aquele dia, o dia da foto. Foi quando estávamos na cafeteria, e eu pedi uma foto com ele, ele perguntou porque, e eu disse, seus olhos são bonitos, o mesmo riu e disse não, mas eu insisti, então tirei o celular do bolso e, quando ele virou, eu tirei a foto. A foto ficou linda até, eu sorrindo e bagunçando seus cabelos, enquanto seus olhos se reviravam. É uma foto linda, mas que me faz sentir sensações péssimas.

Foi a foto que ele colocou no trabalho. E como ele conseguiu essa foto? Ah, nem eu mesma sei, mas eu acho que ele deve ter gostado.

Com tantos pensamentos rodeando minha cabeça, começo ouvir vozes vindo do corredor, e logo sei que eram minha mãe e Victória.

- Olá, senhora Léia - ouço Victória, falar.

- Oi, você sabe onde está à Alasca? - a mesma pergunta, e logo fico tensa, pensando que ela falaria o que aconteceu.

- Si-sim, ela chegou cansada da psicóloga, e foi logo dormir, sabe como é né, a gravidez - sua voz parecia tensa, e a mesma havia gaguejado.

- Não, não sei, porque quando eu estava gravida, eu estava trabalhando, não dormindo pelos cantos - quando ouço minha dizer isso, sinto uma raiva muito grande, e minha vontade era de gritar com ela. Sei que não estou sendo a melhor mãe do mundo, mas estou tentando.

Então a conversa para, e percebo que alguém desce as escadas. E logo depois, batem na porta, eu não sabia se era minha mãe ou Victória, mas como não disseram nada, sabia que era Victória, se fosse minha mãe, estaria gritando. Vou até a porta, e por um segundo penso em abri-la, mas desisto logo em seguida.

Eu sei que fui escrota com Victória, mas eu sei que não estou ficando louca, apenas preciso que ela acredite em mim, e que ele volte para eu.

Quando finalmente meu corpo sai de seu transe, me levanto devagar e me apoiando na cama. E quando olhos por todo quarto, vejo o estrago que fiz. Começo a juntar os cacos e pego uma vassoura que fica na varanda do meu quarto, junto tudo dentro de um saco plástico e deixo no pé da porta. Tiro os lençóis da cama, e deixo na porta para levar a lavanderia depois, coloco lençóis novos e começo a juntar as fotos que estavam espalhadas. Coloco todas em cima da minha mesinha, e jogo as molduras quebradas fora. Pego nossa foto do chão, e coloco-a em cima da cama, junto com sua camiseta. As folhas de seu trabalho são juntadas do chão, e organizadas na pasta, guardo-as e colocando-as na gaveta.

Com um pouco do quarto já arrumado, vou para o banheiro tomar um banho e refrescar a cabeça. Começo tirando minha calça e logo em seguida minhas meias, fico só com a calcinha e o sutiã.

Be Free - você vive em mimWhere stories live. Discover now