Capítulo 8 - Alasca

21 8 0
                                    

Seus paços pareciam carros em congestionamento, lentos e incertos. Minha melhor amiga acaba de ter seu coração partido em milhões de pedaços, e não posso falar nada sobre mim, tenho que ajuda-la. Pontadas em minha barriga começam a dar sinais, mas deixo passar. A mesma chega até mim, e rapidamente me levanto abraçando-a. Suas lágrimas era de partir o coração e isso era horrível.

- Me desculpe - digo chorando e abraçando-a fortemente. A mesma não dizia nada, apenas chorava e me abraçava.

- Está tudo bem - Victória diz chorando. Não consigo dizer mais nada, só abraça-la, já que ela fazia e ainda faz muita coisa por mim.

- Você quer ir lá para casa? - pergunto a mesma. Ela concorda com a cabeça e assim seguimos. Pedimos um táxi, e fomos em direção a minha casa. Espero que minha mãe não esteja lá.

Durante a viagem, ficamos em silencio. Acho que tudo que tínhamos que falar, colocamos em nossas lágrimas, talvez precisássemos gritar ou simplesmente deitar e ver filmes e se empanturrar de besteiras.

Ao chegarmos, descemos do carro, e vamos direto abrir a porta.

- Ala - Victória me chama.

- Sim - digo deixando a bolsa em cima do sofá.

- Em qual grupo você ficou? Nosso professor enrolou e não disse - a mesma ressalta.

- Vic, não precisamos falar disso, podemos fazer algo para comer e conversar - digo sendo sincera.

- Não, Ala. Você disse que se acontecesse eu apenas seguiria em frente, e vou fazer isso. Foi boom enquanto durou e só quero esquecer - diz a mesma enxugando suas lágrimas.

- Ele disse o que a você? - pergunto com medo do mesmo ter mentindo.

- Ele está conversando com outra pessoa, e que eu não quero nada sério. E como assim sabe? Eu nunca disse isso. E além de que ele gritou com você, ele não tem esse direito - a mesma diz andando de um lado para o outro.

- Ele estava certo em certa parte, mas isso não importa. Só quero você bem, e saiba que qualquer decisão que você tomar eu estarei junto a você - digo isso, e a abraço rapidamente.

- Eu estarei aqui também, para qualquer coisa - diz a mesma – Mas agora me diga. Qual a turma? - Victória pergunta enquanto nos separamos.

- Jornalismo!! - digo tentando parecer animada, mesmo com dores e pontadas cada vez mais fortes em minha barriga.

- Ah!! Sabia! - diz a mesma pulando.

- Bom, já que vamos ficar bem. Vamos nos planejar e ver os hospitais disponíveis. Espero que tenham alguns, bem distantes - digo a ela. Na verdade, um por cento de meu coração acredita que ele possa estar em algum hospital. Mas os outros noventa e nove, dizem que são paranoias para que eu não siga em frente.

-Conheço alguns bem legais, e se pedirem para fazermos algum trabalho, sobre essas visitas? - Victória pergunta.

- Podemos fazer uma matéria, com fotos e um mino jornal. Podemos ver isso depois - digo por fim.

- Boa ideia. Agora, vamos comer que estou morrendo de fome, além de que, quem tem o coração partido come em dobro – a mesma tenta ser engraçada, mas falha miseravelmente – Desculpa, não deveria ter falado isso.

- Tudo bem Vic, você está certa - digo a ela. Vamos em direção a cozinha preparar algo para comer, e por fim percebo que meus pais não estão em casa, já que não desceram e nem fizeram barulho.

Após fazermos brigadeiro, pedir pizza, fomos para a sala de cinema que meu pai insistiu por, e que agora percebo que foi por uma boa causa.

- Vamos ver o que? - Vic pergunta, enquanto coloca as comidas na mesinha ao lado da cadeira.

- Podemos ver filmes de comédia romântica, nós choramos e rimos ao mesmo tempo - diz Victória.

- Tudo bem, vamos por algum - digo e começo a procurar algum filme interessante, e quando finalmente achamos um, e começamos assistir e não dissemos mais nada.

Chegou uma hora que eu não estava mais prestando atenção no filme, e sim pensando nos possíveis hospitais que poderíamos ir visitar.

Talvez o medo de nunca mais encontra-lo, seja um indicio deste acontecimento. Talvez eu apenas fique sabendo que seu corpo foi devorado por larvas e bichinhos nojentos. Talvez seu corpo tenha sido enterrado, já que não sabiam onde leva-lo. Mas talvez, ele esteja em um desses hospitais... deitado, sem memória, em coma, ou talvez se recuperando. São teorias que precisam ser ditas e esclarecidas, porque caso forem mentiras e paranoias da minha cabeça, eu não vou conseguir seguir em frente.

Meus olhos focam em uma tela enorme, mas não percebo nada naquela cena. Eu só vejo aquele dia... o dia vinte e três de novembro de dois mil e vinte. A chuva caindo sobre meus cabelos, a ventania levando minha vida, pessoas correndo para lá e para cá, policias e bombeiros. Minha garganta se fechando e não me deixando respirar. Tudo isso contribuiu para que eu chegasse aqui. O trauma. O trauma de ir aquele lugar, encontra-lo novamente, mas desta vez não se lembrar de mim, e começar a gritar meu nome freneticamente.

Eu não sei o que acontecendo este ano, simplesmente preciso... esquecer. Eu preciso que ele me diga, uma só palavra, é só do que preciso. 

Be Free - você vive em mimWhere stories live. Discover now