Capítulo 53 - Alasca

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O dia seguinte foi diferente. Eu não conseguia sair da minha cama, não conseguia comer, não conseguia falar, eu não sabia o que fazer. Em minhas mãos haviam a foto da minha primeira e única ultrassom.

A saudade parecia não ter fim, a irresponsabilidade caia sobre meus ombros. Eu simplesmente não estava bem, e eu odiava isso, porque ontem foi maravilhoso, eu estava feliz...

- Filha, tem um amigo seu querendo lhe ver - ouço minha mãe dizer atrás da porta.

Eu queria poder falar, mas não conseguia, eu estava triste e não queria ver ninguém. Ela continua batendo na porta durante um tempo, mas depois para. Ainda bem. Porque eu não queria ser uma megera com ela, estamos tentando manter um relacionamento saudável. Mas agora...

- Que feio, senhorita. Deixando um professor para o lado de fora - ouço a voz de Nathan dentro do carro, e pressiono a foto mais perto do peito.

Minha mãe tinha as chaves reservas.

Eu queria muito responde-lo, com um tom irônico e até debochado. Mas, eu não queria falar com ninguém, e nem queria ninguém aqui. Victória mandou tantas mensagens, Nathan também, Liam nem se fala. Mas só conseguia responder minha amiga, avisando que eu estava bem, e que era para curtir suas férias com os pais e Liam.

Sinto um lado da minha cama afundar, e logo percebo que ele se sentou ao meu lado. Pela primeira em meses, eu não chorei por ver aquela foto, ou ler a carta deixada por ele. Apenas, senti saudades, uma saudade que doía. Mas que ao mesmo tempo...

- Como está? - ele pergunta, levantando da cama e vindo até mim. Seus olhos ficam me olhando durante muito tempo, ele parecia estar pensando no que dizer.

Eu não conseguia olha-lo, como sempre fazia. E era estranho porque...

- Vim ver como você está - ele diz, se sentando no chão, mas sem tirar os olhos de mim – Não respondeu minhas mensagens e Victória disse que você não estava bem.

Ah, Nathan. Você disse que eu era complicada, e eu disse que não, mas agora, estou vendo que estava certo. É difícil entender.

Eu não sabia o que falar para ele, mas em algum lugar onde minha felicidade estava, meu peito e meu coração bateram mais forte quando ouvi sua voz. Então, apenas me movo um pouco para o meio da cama, querendo que ele deitasse ali.

Queria que ele me fizesse rir. Quero que ele diga coisas legais e como odeia banana. Mas ao mesmo tempo, gosta do cheiro de torta de banana com canela. Quero que diga que vai ficar tudo bem e que estará lá quando eu precisar. Mas, eu também quero estar lá quando ele precisar, e para isso, eu preciso estar bem.

Nathan parece entender o recado, e levanta do chão se deitando ao meu lado. Minhas mãos ainda seguravam aquela foto, e quando ele se deita na mesma posição que eu, sinto vontade de sorrir.

- O que está segurando? - ele pergunta, arruando uma meche de meu cabelo que já estava grande, acho que vou querer cortar de novo.

Eu mostro o ultrassom para ele, e o mesmo pega a foto de minhas mãos. Seus olhos pareciam estar brilhando ao olhar aquela sementinha que estava dentro de mim.

- Qual era o nome dele? - o mesmo pergunta me devolvendo a foto.

- Ravi... – digo em sussurro.

O nome que eu nunca irei cansar de ouvir. Significava Sol.

- Nome lindo - ele diz, olhando para mim.

Concordo com a cabeça e o mesmo dá uma risadinha.

- Saudades? - ele pergunta, chegando mais perto de mim.

Be Free - você vive em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora