Capítulo 58 - Alasca

11 4 0
                                    

Nathan.

O que ele estava fazendo ali? Ele não estava na casa dos pais? Não iria terminar as férias lá? Me viro para trás, com dificuldades de vê-lo, já que a chuva estava cada vez mais forte, e isso fazia eu fechar meus olhos com força.

Mas pude ver seu moletom molhado, seu cabelo estava maior do que da última vez que vi.

- O que está fazendo aqui? - ele pergunta, se aproximando.

- Eu que pergunto. Não era para estar na casa dos seus pais?

- Mudança de planos - ele diz, me olhando – O que faz aqui?

- Não lhe interessa, professor - digo sem perceber a ignorância na voz.

- Não me chame assim, sabe...

- Não, eu não sei - falo por cima dele.

Nathan olhou para os lados e andou mais alguns passos até chegar bem perto de mim. Podia ver seus lábios tremendo por causa do frio. Suas mãos estavam no bolso do moletom azul marinho, e a chuva atrapalhava olhar diretamente para os seus olhos.

- Precisamos conversar - ele diz suspirando.

- Conversar sobre o que? Eu ser enxotada da sua casa, ou você falar na minha cara, o erro que foi dormir comigo? - pergunto, com determinação, e dessa vez eu vou querer respostas claras.

- Teve um motivo - ele diz.

- E não acha que tenho direito de saber? Porque eu fui sincera com você... em tudo!

- É difícil pra mim, Ala - ele diz, passando as mãos na cabeça.

- Então me diga! Nathan eu não posso ficar adivinhando as coisas que você pensa! - aumento novamente o tom de voz com ele.

- EU NÃO QUERO MACHUCAR VOCÊ! - ele grita.

Meus olhos se abrem com velocidade ao ouvir ele dizendo aquilo.

- Como assim? - pergunto, encolhendo o corpo.

- Eu não sou o que você quer! Não sou ele - ele grita, apontando para si mesmo - Alasca! Não posso pegar o lugar dele assim!

- Nathan...

- Você não está pronta! – ele grita.

- Quem disse isso a você?! - grito de volta – Quem disse a você que eu não estou pronta?! Quem disse que eu quero alguém igual a ele?! - grito com raiva.

- Eu não sei! Eu não sei! - ele grita, esfregando as mãos no rosto.

- Pois saiba - digo respirando fundo – Saiba, que eu estava aqui pensando sobre os meus sentimentos por você. Saiba que eu estava pensando em como dizer a você que eu o quero!

Nathan me encarou com surpresa ao ouvir minhas palavras. Até eu fiquei surpresa com o que disse, não era bem assim que pretendia contar, mas foi melhor que nada.

- Você...

- Eu gosto de você - digo rapidamente – Gosto de você, desde quando tentou me beijar. Eu queria, queria muito, mas ainda não estava pronta. Mas, agora, eu sei que ele queria me ver feliz.

- Alasca...

- Deixa eu terminar - chego, mais perto dele, e levo minhas mãos ao se rosto – E você me faz feliz, Nathan, você me faz dar risada. Você. Me. Faz. Feliz. Deixa eu tentar.

Nathan ficou me olhando durante muito tempo, muito tempo mesmo, eu já estava quase desistindo. A chuva parecia não querer parar, e eu estava com medo de sua resposta, seja ela qual fosse.

- Diga alguma coisa - imploro – Qualquer coisa.

- Quando vi você pela primeira vez, achei que fosse uma garota na qual desistia fácil do que acreditava, pelo simples motivo de tirar sarro com a minha cara. Ver você brigando com Constança, achei que seria por algo banal. Mas não era, você estava defendendo alguém que amava, defendendo o seu filho, estava sendo corajosa. Ver você se dedicar ao voluntário no hospital, a família de Arthur, você é uma mulher incrível, Alasca. E, eu gosto de você, gosto de tudo em você - Nathan dá uma risada e abaixa a cabeça – Acho que gosto de você desde sempre, só precisei de tempo para perceber eu acho.

- Mas, você...

- Aquilo teve um motivo, um motivo razoável. Eu precisava que me dissesse que me queria, precisava que falasse com todas as letras. Sabe por que? - ele pergunta, levantando seu olhar.

Faço que não com a cabeça.

- Porque não queria que pensasse que eu queria ocupar o lugar dele.

- Nunca pensaria isso - digo, negando com a cabeça – Nunca quis que você igual a ele, claro que já pensei em como vocês são diferentes - abaixo a cabeça – Mas não mudaria nada em você, nada mesmo. Não ache que quero estar com você por não ter ele. Quero estar com você porque você me faz feliz, me faz querer levantar da cama. Você deu cor a minha vida - digo, abraçando-o.

Nathan apenas me abraça mais forte, e consigo sentir o seu cheiro. Morango. Que produtos esse cidadão usava para ter um cheiro tão doce. Nossa diferença de altura era perceptível, eu conseguia ouvir as batidas de seu coração acelerado.

- Eu também gosto de você - ele diz, beijando minha bochecha, minha testa, meu nariz, minha boca.

- Eu quero tentar - digo, querendo chorar. Era uma sensação tão boa, uma sensação que a muito tempo eu não experimentava – Mas, quero que saiba que ainda estou voltando a ser quem eu era.

- Eu vou ajudar você, e seja qual for a sua escolha, eu vou estar ao seu lado - ele diz, e começa me beijar. 

Be Free - você vive em mimWhere stories live. Discover now