Be Free - você vive em mim

Capítulo 5 - Alasca

Após uma boa-noite de sono depois de dias sem dormi, acordo com barulho de panelas batendo, e tenho quase a certeza que é minha mãe. Levanto e vou direto para o banheiro tomar um banho, envio uma mensagem para Victória avisando para virem me buscar e deixo o celular em cima da cama.

Saio do banheiro e visto uma roupa confortável, olho para o espelho e observo atentamente minha barriga, vou fazer quatro meses em fevereiro, o tempo passa voando. Preciso marcar uma ultrassom para esta semana. Desço as escadas e vou para a cozinha procurar algo para comer, mas me deparo com a minha mãe e meu pai sentados à mesa, como se fossemos uma família feliz. O que está bem longe de acontecer.

- Bom dia querida - diz minha mãe comendo um pedaço de mamão.

- Oi - digo rigorosamente.

- Bom dia filha - meu pai diz logo em seguida.

- Bom dia pai - digo ao mesmo. Vou até o armário e pego uma barrinha de cereal, encho meu copo com suco de manga e como em pé mesmo.

- Não quer sentar conosco? - pergunta minha mãe.

- Não, não somos uma família para isso, e você é falsa demais - digo isso e saio da cozinha, pego minha bolsa que estava no sofá, e vou em direção a porta.

- Volte aqui Alasca! - ouço a voz da minha mãe, antes mesmo de chegar a porta.

- Não briguem de novo, pelo amor de deus! - dia meu pai vindo logo em seguida atrás de nós.

- Não quero brigar, apenas estou indo para a faculdade - digo a ele.

- Não Alasca, você vai me ouvir porque sou sua mãe! - diz ela não deixando meu pai falar.

- Não! Você não é! Você deixou de ser minha mãe, quando não ficou ao meu lado e escolheu ficar ao lado de um maluco! Você quis isso - grito em sua cara.

- Benjamin era perfeito para você Alasca! Ele tinha família, amigos, dinheiro, ele era bom! - grita a mesma.

- Esquece dinheiro, esquece reputação! Você me abandonou quando eu mais precisei, nunca me apoiou em nada, e ainda ameaçou tirar meu filho! - digo com lágrimas nos olhos.

- Porque toda mãe faria isso Alasca! Eu só quero seu bem garota, igual seu pai, e enquanto você amar aquele bastardo, eu não irei lhe apoiar em absolutamente nada! - diz a mesma chegando mais perto de mim.

- Saia! Você não vai encostar em mim, nem no meu filho, e você vai embora desta casa! - grito por fim. Meu pai não disse nada, apenas fazia não com a cabeça.

- Não vou embora Alasca, se esta criança nascer você vai precisar de ajuda, precisa terminar a faculdade esqueceu? Ah, claro que esqueceu, só fica pensando no tal de Cásper e esquece que sua vida continua, você esqueceu de viver no instante que conheceu ele - a mesma vira as costas e sobe as escadas. Olho para o meu pai, e o mesmo vai em direção as escadas, provavelmente para falar com ela, mas antes dele subir, o mesmo diz:

- Alasca - olho para ele e espero terminar sua frase – Não pare sua vida – dizendo isso, o mesmo sobe as escadas. Mas eu o impeço, dizendo:

- Não! Não estou parando minha vida pai, apenas tentando encontrar um novo sentido para ela, já que eu perdi tudo naquele maldito riacho - digo com a voz tremula.

- Eu sei, mas você precisa viver – o mesmo avisa.

- Eu darei um jeito, eu sempre dou - digo, e me afasto indo para fora.

Ar puro, é o que eu preciso para poder conseguir lidar com tudo isso. O ano mal começou e já está uma bagunça, uma bagunça que precisa se resolver logo para eu descansar. Ano passado eu estaria vindo para cá, estaria conhecendo Victória, Liam... Ele.

Tantas pessoas que eu poderia ter conhecido, e foi logo ele, foi ele que gritou comigo naquele restaurante, foi com ele minhas brigas, tudo foi ele. O destino pode nos quebrar em tantos pedaços, que precisamos nos reconstruir de novo, e tentar não nos quebrar novamente. E as vezes nem achamos todas as pecinhas, e com isso vivemos quebrados.

As pessoas dizem "Siga o seu coração", mas se seu coração está em milhões de pedaços, qual pedaço seguir? Eu preciso tanto desta resposta, é uma resposta que só amando para saber, tanto a mim mesma, como outra pessoa. Mas não consigo. Amor é algo tão forte, doloroso, destruidor, avassalador, e tão puro, que o medo de machuca-lo e ele nos machucar mil vezes mais forte, é algo para dar medo.

Amar é tão difícil assim Alasca? Diga a si mesma. É tão difícil seguir em frente sem ele? É isso que preciso saber, antes que seja tarde demais.