Capítulo 2 - Alasca

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Meus passos são lentos e pesados, a grama molhada sobre meus pés trazem uma sensação de chuva. Não consigo enxergar nada com está neblina, só ouço meus passos e a chuva que cai sobre mim.

O medo constante de que algo vá acontecer, é inevitável. E como todas as vezes isso acontece, começo ouvir passos a minha frente, como se tivesse fazendo o mesmo caminho que eu. Ao passar algumas árvores, vejo um homem de frente para aquele rio, o mesmo estava entrando cada vez mais, a água já cobria seus pés, e o mesmo parecia não se importar. Sua respiração estava pesada, qualquer conseguiria ouvi-la e suas lágrimas caiam involuntariamente.

Em suas mãos havia um papel branco, onde se podia ver algumas palavras.

- Moço, está chovendo muito! – grito ao mesmo que parece não me ouvir – Moço, você está me ouvindo! – grito novamente.

- Alasca... – ao ouvir meu nome saindo da boca de um desconhecido, minha respiração acelera, e sinto minhas mãos, ficarem, mais geladas.

- Como sabe meu nome! – grito novamente. E quando o desconhecido olha para trás... – CÁSPER! – minha respiração se acelera, e começo a sorrir como nunca sorri em toda minha vida.

- ALASCA! – grita o mesmo, que parecia não ver ali. Como ele não está me ouvindo? Isto não é um sonho...

- CÁPSER AQUI! – tento sair correndo em sua direção, mas meus pés não se mexem. O mesmo olha em meus olhos e parece não se lembrar de mim. Seu olhar estava triste e cansado, seus olhos roxos indicavam que não dormia fazia tempo, e estava magro, suas tatuagens não pareciam tão intimidadoras como antes, estavam sem vida...

- Eu sinto muito Alasca... – o mesmo diz olhando o papel em sua mão... Ele pega-o e joga contra o vento, que leva a carta para bem longe, em meio aquela chuva. Suas roupas molhadas, eram as mesmas de sempre... As mesmas que daquele dia.

- Cásper não! – grito em sua direção. O mesmo se vira para o rio, e se joga no mesmo... A mesma cena, se repetindo em minha cabeça... – NÃO!! – o desespero toma conta do meu corpo novamente, e finalmente meus pés saem do lugar que estavam. Corro até o rio e pulo no mesmo tentando acha-lo, mas rapidamente lembro que não consigo nadar... O desespero aumenta e sinto que estou afundando, meu vestido branco e molhado, atrapalhando minha visão em baixo d'água, e seu cheiro vindo em minha memória. Abro os olhos rapidamente e vejo seu corpo sendo levado pela correnteza – Não!! Não por favor!!...

- Alasca acorde!! – ouço gritos, e mais gritos chamando pelo meu nome, e instantaneamente meu corpo é impulsionado para frente. Minha respiração ofegante, meu peito descendo e subindo rapidamente, e meus cabelos suados, me fazem perceber que tudo foi um pesadelo – Minha filha, você está bem? – pergunta meu pai, se sentando ao meu lado da cama.

- Foi horrível... – minhas lágrimas desciam descontroladamente. Eu não aguentava mais, sinto meu bebê chutando minha barriga rapidamente. Meu deus...

- Calma meu amor, isso vai passar... Xiuu... – encosto minha cabeça no colo de meu pai, e fecho os olhos para tentar dormir, nem que seja um pouco.

E com o tempo, meus olhos vão se fechando, até o sono me tomar por completo.

Meus olhos vão se abrindo lentamente, até se depararem com a luz do sol que vinha em minha direção. Olho para o outro lado da cama, e vejo que não havia ninguém, todas as manhãs eram assim. Coloco minha mão em minha barriga, e logo uma pessoinha chuta minha barriga.

- Logo de manhã? – me questiono com um sorriso no rosto. E logo depois, ele chuta de novo. Ainda estou na dúvida se é um menino, sinto que será um, mas se for uma menina eu vou amar também.

Be Free - você vive em mimDonde viven las historias. Descúbrelo ahora