Capítulo 43 - Alasca

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Abril. Se passaram um mês desde que as visitas começaram. Algumas coisas estão voltando ao normal, e está ficando cada vez mais fácil viver sem ele. Victória e Liam brigaram tanto neste período de tempo, que faltei bater na cara dos dois, parecem crianças e, isso é cansativo. Eles parecem estar se entendendo, mas nenhum dos dois pediu desculpas.

Arthur ainda não acordou, mas eu espalhei fotos dele, com meu número de telefone e o endereço do hospital caso alguém saiba de alguma coisa. Ou até mesmo a família dele o ache. Meus pais voltaram a ser marido e mulher e, agora dormem no mesmo quarto. Minha mãe está mais tolerável, mas não quer dizer que tenho alguma consideração a ela. Depois daquela conversa no quarto mês passado, tenho tentado ficar longe de Nathan o máximo possível. Ele me deixa com sensações estranhas, mas ao mesmo tempo uma felicidade enorme. Me faz rir, mas também me faz sentir a culpa em meu peito. Mas, nessas últimas semanas a dor está indo embora, não é tão constante como antes.

Entro na sala de descanso e, logo pego uma xícara de café.

- Olá, senhorita Alasca. Como você está? - meu corpo rapidamente se arrepia, ao sentir sua boca e sua voz em minhas orelhas.

- O-oi professor. Eu estou bem e, o senhor? - digo formalmente, e me afasto de seu alcance, indo pegar o café.

- Que bom. Eu estou bem, mas paremos com essa formalidade - ele diz, e dá um sorriso sem vergonha.

- Tanto faz. Você sabe onde está Victória? Eu estava procurando ela - pergunto, e me sento no sofá para tomar meu café.

- Não sei. Mas me diga, porque está fugindo de mim? - ele pergunta e, se senta do outro lado do sofá.

- Não estou fugindo de ninguém, professor. Apenas mantendo nossas posições como aluna e professor - digo e, tomo um pouco do meu café.

- Alasca, estamos na faculdade, ninguém liga se aluno e professor estiverem juntos, somos adultos - ele diz e, olha para mim.

- Falando assim, parece até que você se envolveu com suas professoras na faculdade – falo com um pouco de vergonha.

- Você é esperta, mas não. Foi meu amigo e, eles estão felizes juntos - ele diz e sorri, como se estivesse feliz pelo amigo.

- Entendi. Preciso ir, até professor - digo e, me levanto rapidamente deixando o a xícara em cima da mesa em minha frente. Mas antes que eu pudesse sair, Nathan segura meus braços e me encosta na mesa. Seus olhos vão direto aos meus seios por causa da regata, ele tenta fingir que não viu mas é perceptível seu constrangimento com aquilo. Pelo menos eu sei que ele não é um safado.

- Está com medo, do que você pode fazer, quando está comigo? - ele pergunta e, começa me olhar o que me faz levar meus olhos ao chão. Tento sair der repente, mas o mesmo põe as mãos sobre a mesa, me deixando no meio de seus braços, sem escapatória.

- Não fale bobagens, professor - digo, sem conseguir olha-lo. O mesmo pega meu queixo e, ergue até nossos olhos se encontrarem. Ah não, de novo não. Minha respiração se acelera e meus olhos ficam desesperados para que pudesse olhar para outro lugar que não fosse aqueles olhos.

- Eu não irei fazer nada que você não quiser - ele diz e, aproxima nossas bocas. Eu estava com medo e, não sabia o que falar ou fazer. Se ele se mexesse um pouco mais, nossas bocas se tocariam e eu não saberia o que fazer depois daquilo.

- Ala, eu estava... - no instante que ouço a voz de Victória e a porta se abrindo, nos separamos e eu fico em choque com o que estava prestes a acontecer. Me viro para a porta e vejo Liam parado lá também. Seu olhar de decepção era nítido e, Victória parecia feliz. Era perceptível minha falta de ar, pelo simples fato de meu pulmão estar subindo e descendo freneticamente. Quando Liam me olhava, era como se o irmão de Cásper tivesse me pego triando o irmão dele.

- Desculpa - digo olhando para o chão. Rapidamente eu saio correndo daquela sala pequena, antes que eu morresse de falta de ar. Ouço Victória gritar meu nome, mas ignoro totalmente. Começo a correr até chegar fora do hospital e finalmente poder respirar. Mas antes mesmo de eu dar meu segundo suspiro ouço Liam me chamar.

- Alasca!! - finjo que não ouço e, volto a respirar. Mas é um curto período de tempo até ele chegar até mim – Alasca!! - ele grita, atrás de mim. Eu me viro rapidamente e falo:

- Liam, por favor me escuta - tento falar com ele. Mas o mesmo não deixou e me interrompeu.

- Não!! Cala a boca!! - Liam grita pra mim, tentando entender o que aconteceu. Seus olhos eram como janelas trancadas para a chuva, mas agora, estavam abertas e a chuva inundou seus olhos, fazendo lágrimas caírem – Você não faria isso com ele, não, não faria - ele diz rindo de desespero e, passando suas mãos pelas têmporas em sinal de desorientação.

- Liam, me escuta. Eu não sabia como reagir aquilo, era algo novo e eu não esperava que acontecesse tão cedo. Eu tentei ficar longe dele, eu juro que tentei, mas, aconteceu aquilo - digo, com a voz embargada e prestes a chorar.

- O que?! Vocês estão nisso desde que ele entrou aqui? Alasca?! - ele grita na minha direção – Porra, não faz nem um ano desde da morte do Cásper e, você já acha que está apaixonada?! - ele pergunta, incrédulo.

- Não!! Não!! Eu estou dia a após dia, tentando vencer esse luto que eu demorei a sentir. Eu ainda amo ele, eu amo muito. Mas o sentimento que eu tenho pelo Nathan é diferente, é como se eu pudesse ver a minha felicidade. Ele queria me ver feliz!! - grito, tentando fazer ele entender.

- Mas não com a porra de um desconhecido!! Ele é irmão da Victória!! - ele grita mais. Seu olhar era tão profundo, que eu não aguentaria brigar com ele.

- Eu sei! Eu sei! Mas não foi minha intenção querer... manchar a história dele - digo, em um tom de voz baixo.

- Você é uma traidora!! - ele grita. No mesmo instante lágrimas começam a descer de meu rosto e, se transformarem em soluços de desespero.

- Não Liam!! Não, para com isso!! - imploro para ele parar de falar aquelas coisas. Minhas mãos pressionavam meu peito para ver se a dor do desespero parava, mas era tudo em vão.

- Ele era meu irmão!! Você traiu ele, Alasca!! - Liam grita e, no mesmo instante que levanto a cabeça vejo Victória e Nathan a poucos metros de distância. Merda.

- Liam por favor!! - grito em desespero – Eu só quero poder ser feliz novamente, é pedir muito!! - grito de volta.

No momento em que os gritos se sessam Liam cai de joelhos e, começa a chorar. Ele tem razão em certo ponto, mas não sei se está certo e, isso me apavora. Olho para Victória, como quem pedisse para me ajudar, ela vem correndo até nós e, no momento em que abraça Liam, seu choro começa a se tornar apenas soluços. Eu não queria ter que colocar ela nessa situação, mas se ela está aqui, é porque ela se preocupa.

- Liam... - tento falar com ele, agora está mais calmo. Mas não é isso que acontece...

- VAI EMBORA!! SAI DAQUI!! - ele grita o mais alto que pode. Victória olha para ele espantada e depois olha pra mim. Eu fiz tudo errado.

Então eu levanto do chão e, saio andando de volta para o hospital voltando para o quarto, de onde eu nunca deveria ter saído. Nathan me olha a cada passo que eu dou e, fico mais arrependida do que eu fiz, ou pelo menos do que ia fazer. Quando estou quase passando por ele, ele pega em meu pulso e me faz olha-lo. A vergonha que eu estava era incomparável.

- Alasca... - ele tenta falar comigo, mas eu interrompo-o.

- Não! Não fala comigo! Isso é culpa sua, somente sua!! Fica longe de mim e, fica longe da minha vida - digo a ele, e aponto o dedo em sua cara. E logo depois, saindo de sua frente. 

Be Free - você vive em mimWhere stories live. Discover now