Capítulo 37 - Victória

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- Não temos que fazer isso, Liam - digo, enquanto guardava meus materiais.

- Fazer o que, Victória? Sermos amigos? - ele diz, e pega minha mochila para que eu não possa guardar o resto das coisas.

- Amigos? Não é porque estamos fazendo trabalho juntos e saindo com a minha amiga, que somos amigos Liam. Deixamos de ser alguma coisa no dia em que resolvemos entrar nisso - digo, com uma cara nada boa. Pego minha mochila de suas mãos, e termino de guardar meus livros.

- Vic, por favor, eu te peço só isso. Vamos voltar com a nossa amizade, Alasca está melhorando e agora podemos voltar ao normal - ele diz, e pega em meu rosto. Como costume, fecho meus olhos e sinto seu toque em minha pele. Mas quando percebo o que estou fazendo, me afasto.

- Alasca é minha amiga Liam. Você gritou com ela, brigou com ela, só porque segundo você, ela sabia das coisas do meu passado - digo, tentando não aumentar meu tom de voz.

- Você sabe que estávamos vivendo momentos difíceis, ela não estava bem. Mas agora, estamos bem, nós podemos tentar de novo, sei lá - ele diz, tentando me convencer.

- Tentar de novo? Liam! Liam ouve o que você está falando, Liam! - digo indignada.

- Sim. Você pode me contar tudo que quiser, e podemos sim, tentar de novo - ele diz, nem um pouco nervoso.

- Cala sua boca. Você quer saber o tudo sobre mim? Meu passado, o que eu passei. E para isso acontecer, você quer ficar comigo? - digo, ainda sem acreditar.

- Eu te contei tudo. Vic, te contei meus piores... - antes do mesmo terminar, e o interrompo.

- Para! Para com isso! Você contou porque estava pronto! Eu não estou, Liam!! Entenda! - aumento meu tom de voz.

- Não grita, Vic. Por favor. Eu só estou pedindo uma chance - ele diz, e segura minhas mãos.

- Você gritou para a faculdade inteira que não me amava. Estou mentindo? Estou mentindo Liam? Fala para mim, me diz o porquê disso. Quer me humilhar? É isso? Quer que eu vá correndo até seus pés e peça desculpas? É isso que quer? - digo com a voz embargada.

- Porra Victória. Você disse isso primeiro, dizendo que não queria nada sério comigo! - ele grita.

- Você não me deixou explicar nada! Apenas tirou conclusões precipitadas e incertas! - grito de volta.

Olho em seus olhos e, o mesmo não diz nada. Então ponho minha mochila nas costas, e saio do auditório. Desço as escadas, e tento andar o mais rápido possível, para sair daquela lanchonete.

- Victória, espera!! - ouço Liam gritar. Muitas pessoas me olham e se voltam para ele.

- O que você quer!! - grito para ele.

- Você vai me escutar, porra!! - ele grita. Quando vejo que ele estava tentando mandar em mim, eu ando até ele, e ele até mim. E fico cara a cara com ele.

- Grita comigo de novo, que eu meto a mão na sua cara - digo baixo. Todos estavam a olhar para nós dois. E quando meus olhos chegam em Constança, a minha raiva sobe quando aquele sorriso de gente mal caráter vem ao seu rosto.

- Vou gritar sim!! Porque é assim que a gente faz com as putas do ensino médio!! - ele grita. E quando percebo as palavras que foram ditas a mim, meu peito se enche de dor. E então eu percebo tudo. A pessoa que estava no banheiro naquela vez, era Constança ela com certeza disse as coisas para Liam de um jeito totalmente distorcido. E disse para ele que eu era uma puta, sendo que foi ela que dormiu com meu namorado.

Olho para ela, e meus olhos se enchem de água. Eu não acredito que ele acreditou nisso.

- O que você disse? - pergunto, sem olhar em seus olhos. Já que eles só conseguiam olhar para uma só pessoa. Constança.

- A Constança me disse que você dormiu com o namorado dela!! Eram melhores amigas! Ela ouviu você falar com a Alasca sobre mim. Você não quer um relacionamento comigo, você que não me ama Victória. Então não peça que eu a ame também, apesar de ser muito difícil!! Não se faça de inocente, porque você não é!! - ele grita, mais e mais.

A humilhação que ele estava me fazendo passar era demais, sei que muitos ali sabiam da verdade, mas não abririam a boca para falar alguma coisa. Constança vem andando como uma puta de carteirinha até nós.

- Conta a ela Liam - ela diz, quando chega ao seu lado. Eu não conseguia falar nenhuma palavra, nada saia. Liam fica pálido, mas volta a olhar para mim.

- Constança, não - ele implora a ele.

- Sim, Liam. Diz a puta que dormiu com meu namorado, que a gente transou a noite toda - quando aquelas palavras saíram de sua boca. Eu havia deixado um pedaço de dignidade no lixo. Ele não podia ter feito aquilo, não podia...

- É verdade - ele diz, mas seus olhos não conseguem olhar os meus. Covarde.

- Victória, aprenda a não ser uma puta - ela continua falando.

Eu olho para aqueles olhos, que um dia tanto amei, e fico me perguntando "Por quê? ".

- Você me traiu, Victória? Fez a mesma coisa que fez com a sua amiga? - ele pergunta, diretamente a mim.

Eu olho para ele novamente, e me fico me fazendo tantas perguntas. Que com certeza não teriam respostas.

- Me fala, Victória!! - ele grita, novamente. Minha cabeça começa a fazer que não, não, não. Mas em vez de tentar me explicar, eu saio dali correndo antes que eu vomitasse.

Eu tento achar alguma lixeira, mas todas estavam longe demais. Eu precisava vomitar, era muita coisa para um dia só. Corro, corro, até a mais próxima, e quando sinto que vou vomitar, jogo tudo na lixeira. Era horrível o modo como meu estomago não ficava quieto.

- Victória!! - vejo Liam, correndo até mim.

Naquele momento eu só queria minha amiga. Alasca. Ele chega até mim, e me olha com olhos preocupados, mas a única coisa que consigo sentir é nojo dele.

- Você está bem? - ele pergunta. Pego um pouco de álcool, e passo nas mãos para tirar o mau cheiro. 

- Vamos para o carro. Alasca me mandou mensagem, está em frente a psicóloga - digo, saio andando.

- Victória, precisamos conversar - ele diz, e pega em meu braço. No mesmo instante, minha mão vai em sua cara, fazendo um estralo forte e, pelo visto doloroso. Suas mãos vão ao rosto, mas o mesmo não faz nada. 

- Não toca em mim. Você vai me levar até ela, e vamos agir como se nada tivesse acontecido. Eu não quero ficar mais um segundo com você. Esquece o trabalho, esquece dupla, esquece "amigos" - faço aspas com os dedos – Esquece a gente. Não quero falar com você, só se alguém estiver morrendo - olho mas uma vez para ele, e saio andando até seu carro. 

Be Free - você vive em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora