Capítulo 25 - Alasca

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Perda. O que você já perdeu durante a sua vida? Seja ela muito curta, ou longa demais. Todos nós perdemos durante esse curto tempo de vida. Mas também ganhamos, e isso nos faz... humano, talvez.

Meus olhos se abrem pouco a pouco. O Sol já estava radiante, e olhando pelo relógio, ainda eram dez horas da manhã. Nem acredito que consegui dormir por mais de duas horas. Meu corpo não está totalmente acordado, mas o suficiente parar passar o dia em pé.

Levanto da cama, e vou para o banheiro. Lavo meu rosto, e escovo meus dentes. Escuto um barulho vindo da minha janela, mas deixo passar. Mas quando volto...

- Cásper!! - dou um grito, quando vejo o mesmo parado ao lado da cama.

- Oi - ele diz.

- O que está fazendo aqui? - pergunto, enquanto saio do banheiro.

- Precisamos conversar - ele diz, e senta na cama.

- Claro, claro - digo rapidamente, e me sento ao seu lado.

- Eu pensei em um nome para o nosso filho - o mesmo diz, sem esboçar nenhuma reação.

- Sério? Qual? - pergunto um pouco ansiosa.

- Ravi - quando ele diz aquele nome, um grande sorriso toma conta de meu rosto.

- Cás... é lindo esse nome - digo a ele.

- Sim, e quero que coloque este nome em nosso filho - o mesmo diz, e não olha em meus olhos.

- Ravi Tunner Scoot - digo, e toco em seu rosto.

- Não, Ravi Tunner - ele diz, e tira minhas mãos de seu rosto.

- Que? Como assim? E o seu nome, Cás...

- Eu não vou estar aqui para isso, Alasca - quando aquelas palavras saem de sua boca, meu coração para pôr um segundo parou de bater.

- Q-que, como assim. Não vai estar aqui? - pergunto, um pouco confusa.

- Alasca, por favor... - o mesmo se vira para me olhar, e pega em meu rosto, mas eu o interrompo.

- Fala logo - digo, com medo da resposta que ele dará.

- Ala, por favor... acorda, isso aqui não é real, isso aqui é tudo coisa da sua cabeça - ele diz isso, ainda segurando meu rosto.

Como assim? Ele...

- Você disse que era verdade - digo com os olhos, prontos para chorar.

- Ala, não sou eu, isso é tudo a sua cabeça. Sua cabeça está criando coisas que não existem - ele diz isso, e cada vez mais me sinto usada.

- Como você teve coragem... - digo a ele.

- Coragem de...

- De mentir para mim, me usar... - digo isso, tirando suas mãos de meu rosto.

- Alasca, eu nunca feria isso... - Cásper tenta terminar de falar, mas eu o interrompo.

- Eu con-consigo sentir sua pele, seu cheiro, seu toque Cás - digo desesperada.

- Ala, para... para - ele tenta encostar nossas testas, mas me levanto rapidamente.

- Diga a verdade! - aumento meu tom de voz, para falar com ele.

- Não tem verdade, Ala - ele diz, como se nada tivesse acontecendo.

- Diga a verdade!!! - grito com ele.

- Você não está bem, e estar me vendo, me tocando, me sentindo é uma prova real disso!! - ele grita de volta.

- Ah, então é isso. Você não quer ter um bebê, e então quer me fazer, acreditar nisso para você poder ir embora - digo sarcástica.

- Ala...

- Cala a sua boca - digo, tentando me acalmar.

- Só quero que fique bem - ele diz isso, se levantando.

- Não! Você não quer! E agora, eu não quero Cás - digo a ele, com uma voz chorosa.

Começo sentir dores na minha barriga, e pânico toma conta. Mas deixo isso de lado, e volto a falar com ele.

- Ala, eu vou sumir, ir embora da sua mente. Eu só peço para que você fique bem - Cásper diz essas palavras, e consigo ver seus olhos lacrimejarem.

O mesmo passa por mim, enquanto minhas pernas não saem do lugar. É igual aos pesadelos que tenho. Mas agora, não vou deixar ele ir embora.

- Não! Você não vai! - digo, conseguindo me mexer e segurar sua mão.

- Sim, eu vou. Alasca, isso não é real, para com isso!!

- Cala a boca!! Cala a porcaria da sua boca!! - digo, e empurro ele, o mesmo nem reage, e bate na porta, que estava sendo fechada por uma cômoda.

- Você precisa reagir caralho! Para com isso agora porra! Eu disse a você na porcaria daquela carta, que era para seguir em frente!! - ele grita três vezes mais alto que eu, e aponta o dedo na minha cara.

- Eu passei noites, dias, meses, semanas, horas, tentando seguir em frente Cásper!! Eu fiz tudo isso por você, e por Ravi!! Mas não adiantou, eu sempre irei amar você!! E se você acha que é fácil, vá embora daqui. Você não merece um pingo do que passei para estar aqui com você!!

Digo tudo isso gritando, e a dor que eu sentia piorava cada vez mais.

- Você... você me fez ser uma pessoa melhor, querendo ou não!! Mas me abandonou, me deixou sem respostas! E agora vem me dizer, que eu estou ficando maluca!! - grito mais e mais com ele.

- Eu preciso ir embora, para que você não continua assim. É só você deixar... - ele diz calmamente.

- Não, não. Eu já deixei vo-você... - antes de eu conseguir terminar de falar, meus joelhos vão direto ao chão. E uma forte onda de dor começa em minha barriga.

- Adeus Alasca... - ele se vira novamente para porta, e tira a cômoda que estava segurando-a.

- Aii... Cásper, ai!! - não conseguia dizer nada, a dor era absurda, e isso me assustava.

- Alasca... não tenta, me deixe ir... - ele diz cada vez mais baixo.

- Canta par mim, você cantou pra mim, canta de novo - digo, já chorando.

- Você saberá quando cantar de novo... - ele diz isso, e sai do quarto.

- Não!! - grito a ele.

Me levanto do chão, mesmo com toda a dor que eu estava sentindo. Saio do quarto, e vejo mesmo indo até as escadas. Minhas pernas não conseguiam ficar em pé, então fui me apoiando nas paredes.

Parecia uma eternidade, mas quando finalmente chego perto do corrimão, grito para ele:

- Fica!! Fica comigo Cásper!! - o mesmo continua andando.

Então quando me apoio em dos corrimões...

E aí, que acontece a perda... A única coisa que te mantinha vivo. Hoje é a coisa que te mataria, com apenas um olhar... 

- Ajuda...

Eu não sentia mais nada naquele momento, apenas conseguia sentir algo descendo por minhas pernas, e pouco a pouco, minha visão ia escurecendo... 

Be Free - você vive em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora