Entre o Céu e a Terra

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Sinto a sua rejeição e nada posso fazer a respeito. Eu com meus medos tolos e as minhas mentiras haviam colocado um ponto final naquela linda história de amor que tinha tudo para dar certo. Meu coração está em frangalhos e a única coisa que eu quero é sentir o abraço apertado de Magnus e a sua voz me dizendo que eles iriam conseguir superar esse obstáculo colocado pelo destino para testar o amor dos dois, mas essas palavras não saíram da boca do seu amado, Magnus o havia perdoado, mas não estava disposto a dar uma segunda chance para o amor que havia entre os dois.

Tento argumentar, fazê-lo mudar de ideia, mas não existiam palavras o suficiente para demonstrar o quanto eu estava arrependido. Então deixou que o tempo faça o seu trabalho. Pensou que a distância seria um bom aliado. O tempo tiraria a venda de seus olhos e lhe mostraria que seu amor era verdadeiro e que ele estava realmente arrependido.

Despeço-me com um leve beijo em seus lábios e pego o caminho de volta. Ficaria esperando pacientemente até que ele revolva me dar uma segunda chance.

Pegou a estrada que dava para a cidade, mas seus reflexos não eram tão bons. Desde que comecei essa maratona atrás de Magnus, não havia comido, bebido, dormido e muito menos descansado. Meu corpo não conseguia respostar rapidamente aos estímulos que meu cérebro lhe dava. Quando me deu conta, já havia silo lançado para fora do carro.

Sinto quando meu corpo é jogado em cima de algumas pedras, sinto o sangue em minha boca e posso ouvir o som dos meus ossos sendo quebrados. Eu iria morrer sem ter o perdão da única pessoa que eu já havia amado de verdade.

- Aqui é muito bonito não acha? – Não estava mais ensanguentado em uma estrada qualquer. Não sentia mais o gosto de sangue e muito menos a dor dos ossos quebrados. Estava em uma ilha com águas cristalinas e areias tão brancas quanto a neve.

- Sim. – Respondi em extasse. A alguns segundos atrás estava sentindo uma dor excruciante e agora estava em paz. Não sentia mais a dor dos seus ossos quebrados, não sentia a dor do seu coração partido. A única coisa que sentia era a brisa vinda do horizonte e uma paz a muito tempo desconhecida.

- Você se lembra do que aconteceu? – Perguntou a mulher de longos cabelos loiros e grandes olhos azuis.

- Eu estava dirigindo e quando me dei conta, já estava caído no chão.

- Eu sinto muito por ser eu quem tenha que lhe dar essa notícia, mas...

- Eu estou morto. – Conclui sem deixar que ela terminasse seu raciocínio.

- Não. – Disse sorrindo. – Você está na fronteira entre a vida e a morte e cabe a você decidir qual caminho vai tomar. – Pegou minha mão e fez com que eu a acompanhasse em uma caminhada. – Você sabe quem eu sou, Alexander?

- Um anjo?

- Não um anjo qualquer, eu sou seu anjo. – Voltou a sorrir e sempre que ela abria um sorriso, era como se o seu coração sorrisse junto. – Ti vi nascer e vi quando você deu seus primeiros passos. Você era uma criança tão pura e com um coração tão grande. Eu adorava observar o jeito que você cuidava da natureza, você a respeitava tanto quanto eu a respeito. – Abaixou a cabeça e seu sorriso perdeu um pouco do seu brilho. – Mas o tempo foi passando e aquela criança sonhadora e carinhosa foi se tornando um homem amargo e sem perspectiva de felicidade. Chorei quando você aceitou se casar sem amor e tentei interceder junto ao criador, mas ele me disse que o nosso trabalho era cuidar e não interferir no que já estava escrito no livro da vida. – Parou e voltou seus olhos para a areia entre seus dedos. – Você se tornaria uma versão masculina da sua mãe e eu não podia fazer nada para impedir. – Abriu um de seus sorrisos que não tinha somente o dom de iluminar seu rosto como também o céu sobre as suas cabeças. - Mas então o Magnus apareceu e tudo mudou, aquela era a sua chance de começar a ser feliz.

- Aí eu estraguei tudo não foi?

- Infelizmente sim. – Respondeu voltando seus olhos para os meus. – Mas eu não vim aqui para falar sobre o amor de vocês. O meu trabalho é te apresentar as suas devidas opções. – Segurou ainda mais forte a minha mão. - Você pode se juntar a mim no paraíso e eu te prometo que para onde nós iremos, você não vai mais se preocupar com a rejeição dos seus pais e muito menos por um amor não correspondido. Lá não existe fome, não existe guerra e muito menos tristeza. Essa é a sua chance de conquistar a felicidade que sempre almejou conquistar em vida.

- Mas e seu eu decidir ficar?

- Você vai ter que aguentar o que o destino preparou para você.

Em um piscar de olhos me viu dentro de um quarto todo branco. Estava ao lado do meu corpo inerte cheio de hematomas e ligado por aparelhos que faziam barulhos distintos.

- Você está em coma a quase um mês.

- Um mês? – Pergunto não acreditando no que ela dizia. Eles tinham tido no máximo vinte minutos de conversa desde o acidente. Não poderia ter passado tento tempo assim.

- O tempo é diferente do outro lado Alexander. – Disse soltando de minha mão e indo ao encontro do meu corpo adormecido. – Você teve uma perfuração no fígado e várias lesões internas, os médicos acham que se você sobreviver, vai precisar usar uma cadeira de rodas pelo resto da sua vida.

- Eu vou ficar invalido?

- É isso o que te espera caso você decida ficar.

Sinto uma forte dor percorrendo o meu corpo, a mesma dor excruciante que senti logo após o acidente.

- O que está acontecendo comigo?

- Essa é a dor que seu corpo está sentindo nesse momento e será essa a dor que você vai sentir caso decida ficar. Eu sinto muito, mas o meu trabalho é te mostrar as consequências de suas escolhas.

Penso em minha família: Mas que família? Minha mãe havia me dito que preferia me ver morto do que ao lado de outro homem e provavelmente o meu pai compartilha da mesma opinião. Penso em minha irmã mais nova, mas Isabelle andava sempre tão dopada que provavelmente nem repararia que eu não estava mais ali. Penso em Jace, esse sim sentiria a minha perda, mas ele já estava tão acostumado a viver sem mim. Pensou em Magnus, e foi quando penso nele que tomo a minha decisão. Magnus merecia ser feliz e qual a felicidade que ele teria ao lado de um homem pela metade?

- Vamos. – Digo tomando uma decisão. – Não tenho mais nada para fazer aqui. 


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Desculpem a demora na postagem, mas infelizmente a minha vida está de cabeça para baixo. Estou aos poucos colocando as coisas em ordem e tudo vai ficar numa buena como sempre. *-*

Não se preocupem com o próximo capitulo porque ele já está todo planejado aqui na minha cabecinha de vento e amanhã mesmo eu começo a colocar minhas ideias no papel. 

"Se alguém já lhe deu a mão não pediu mais nada em troca. Pense bem, pois é um dia especial "

Um GRANDE beijo no coração! 

Nosso céu Particular ( Malec )Onde histórias criam vida. Descubra agora