O Cacto e o Balão

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Depois de um longo dia escutando que eu sou velha demais para acampar com o grupo de jovens da igreja, eu ainda tenho que receber visitas depois das dez horas da noite. Será que esse povo não tem um pingo de educação? Lá se viu aparecer sem ser convidado na casa de uma velha senhora no meio da noite? Eu já cansei de dizer que depois das dez é a minha hora especial. É a hora em que eu bebo a meu conhaque de maça verde e assisto o programa do Ratinho. Droga! Logo na quarta-feira. Eu vou acabar perdendo o resultado do exame de DNA.

Deixo meu copo na mesinha de centro e caminho até a porta torcendo para que não seja nenhum problema. Depois que o Magnus saiu do transe eu preciso de pelo menos uma semana sem problemas.

Olho pelo olho mágico antes de abrir a porta. Alexander Lightwood. Lá se foi o meu programa. Porque aquele menino sempre tinha que aparecer com problemas na hora em que o Ratinho iria entregar o resultado do exame de DNA?

Assim que abro a porta sou surpreendida por um abraço repleto de lágrimas. Alexander se lançou em meus braços e chorava igual a uma criança. Olho para o seu carro estacionado na calçada e constado que ele estava sozinho. Minhas pernas tremem só de imaginar o que poderia ter acontecido para ele estar daquele jeito no meio da noite.

- O que aconteceu? – Pergunto apreensiva. – Aconteceu alguma coisa o Magnus?

- Ele está bem. – Respondeu entre soluções. – Eu acabei de sair do funeral do meu pai. – Me abraçou mais forte. – Ele morreu ontem à noite e eu estou desesperado sem saber o que fazer.

Pobre Alexander. Ele é um menino tão bom. Não merece sofrer uma perde como aquela logo agora que ele finalmente havia colocado a sua vida no eixo. Aquele menino precisava de um banho de sal grosso. É muita falta de sorte para uma pessoa só.

- Entre. – Pedi ainda o abraçando. Não queria solta-lo naquele momento tão difícil. – Eu vou te preparar um chá de camomila e você me explica o que aconteceu com o Robert.

O levei até a sozinha e o deixei sentado na bancada enquanto fervia a água para preparar o chá.

- O que aconteceu? – Pergunto enquanto coloco os saquinhos de chá dentro da xicara. – Nós almoçamos a alguns dias e ele me parecia bem de saúde.

- Ele foi atropelado na frente de casa. – Disse voltando a chorar.

Corri para abraça-lo. Eu mais do que ninguém sabia exatamente o que ele estava sentindo. Quando eu recebi a notícia de que meu pai havia falecido foi como se eu perdesse o meu chão e uma parte de mim fosse embora para nunca mais voltar. Meu pai era um homem carinho e presente. Era o meu herói e a pessoa mais importante na minha vida. Perde-lo foi uma dor difícil de descrever. Uma dor difícil de superar. Eu sabia exatamente o que aquele menino estava sentindo naquele momento porque a alguns anos eu estive em seu lugar.

- Eu sinto muito. – O abracei ainda mais forte e deixei que ele chorasse. Chorar era bom para acalmar o coração. Chorar era bom para lavar a alma. – Eu quero que você saiba que eu te amo e que vou estar ao seu lado para o que for preciso. – Digo o que diz meu coração. Alexander era um menino muito especial que havia conquistado um lugar muito importante na minha vida e no meu coração. – Eu te amo muito meu netinho dos olhos verdes.

- Você realmente me ama? – Perguntou meio sem graça.

- Claro que sim. – Lhe dou um beijo na testa.

- Eu também te amo e é por isso que eu vim até aqui. – Secou as lagrimas com a manga da jaqueta. – Eu preciso da sua ajuda.

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Nosso céu Particular ( Malec )Where stories live. Discover now