Alexander Lightwood

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Quatro vezes por semana. Por quatro dias eu tenho que deixar meu confortável mundinho de sonhos e lembranças e ir até aquele maldito hospital no centro da cidade. Os médicos estão abismados com a minha melhora e dizem que se eu continuar assim, eu estarei correndo em um campo de futebol em menos de seis meses. Me dizem que eu poderei voltar a vida que tinha antes do acidente, dizem que eu terei uma vida normal e que eu terei motivos para voltar a sorrir. Coitados.... Eles não fazem a mínima ideia do que eu guardo dentro do meu coração. Eu vendi a minha alma para o diabo e ser feliz não faz parte do contrato que eu assinei.

Volto para meu apartamento depois de um dia longo de fisioterapia. Tomo um banho e me tranco no quarto. Escondido em meio aos arquivos eu encontro a foto do Magnus. A minha última lembrança. Ela me tirou tudo, essa é a última lembrança que me resta, a última prova de que um dia eu fui feliz.

Tomo meus remédios e acabo adormecendo abraçado com o aparelho. Horas depois sou despertado pelo seu toque. Olho no visor. Era Isabelle. Ela simplesmente não conseguia aceitar meus motivos para ter ido embora e ter deixado o Magnus. Estava sempre tentando me convencer a dizer a verdade, mas eu não podia. Manter segredo fazia parte do acordo. Maryse o tinha em suas mãos.

Desligo o aparelho e volto a dormir. Remédios. Não sei o que faria sem eles.

No meio da noite volto a acordar, mas dessa vez não foi culpa do barulho do celular e sim por causa de um pesadelo. Magnus estava escorregando para um abismo e ele não tinha forças para segura-lo.

Tomou outro banho e voltou a mirar a foto do homem que amava. Sentia tanta falta. Tanta falta da sua voz, do seu cheiro, do seu toque, dos seus olhos o mirando com carinho. Magnus. Você não faz ideia do tamanho do amor que eu sinto por você.

Acordou no meio da tarde e haviam cerca de vinte ligações perdidas de Isabelle. Mesmo com o coração cheio de saudades ele teve que ignorá-las. Não se comunicar com ninguém era a nova regra imposta pela sua carcereira.

Uma semana desde que as ligações começaram. Isabelle era incansável em suas ligações e isso o estava deixando ainda mais deprimido. Regras. Não descumpra as regras se não a única pessoa prejudicada será o seu amado Magnus.

Começo de mais uma semana. Uma um longo dia de fisioterapia seguida de uma noite olhando a foto do Magnus até adormecer. Pego meu casaco a abro a porta.

- O que você está fazendo aqui?

Sentiu seu rosto queimando. Havia acabado de levar uma bofetada.

- Você está ficando maluca? – Perguntou levando a mão até o rosto.

- O único maluco aqui é você. – Respondeu Isabelle socando o peito do irmão. – Como você pode fazer isso com o Magnus. Você era tudo para ele, Alexander.

Isabelle estava descontrolada. O xingava e o socava sem nenhuma cerimônia.

- Sem você ele desmoronou. – Deixou de soca-lo e sentou-se no chão aos prantos.

- Do que você está falando? – Seu coração ficou apertado.

- Ele perdeu a vontade de viver. – Chorou como nunca havia chorado antes. – Ele tentou se matar na semana passada.

- Não pode ser. – Disse perdendo o controle das suas pernas e se juntando a Isabelle no chão.

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Havia aceitado o acordo achando que seria a melhor opção. Não conseguia vê-lo trancando. Magnus era livre e a prisão seria a morte para ele. Aceitou o acordo acreditando que seria o melhor para ele. Só agora ele pode ver o quanto estava errado.

- O que aconteceu com ele? – Pergunto ao seu médico.

- Isso acontece quando uma pessoa deprimida entra em estado catatônico. Seu amigo se escondeu dentro da sua própria mente e não está disposto a sair. Nós tentamos de tudo, mas ele não responde a nenhum dos tratamentos que foi submetido.

- Mas ele reconhece as pessoas?

- Ele é uma casca oca até onde sabemos.

Agradeceu ao médico e foi até Magnus que estava entretido olhando para uma flor.

Acariciou seus cabelos, mas ele continuou mirando aquele pequeno objeto em suas mãos.

- Meu amor! – Tentou chamar a sua atenção, mas ele sequer virou os olhos para buscar o dono daquela voz.

Sentou-se no chão e apoiou sua cabeça no colo de Magnus. Estava esperando que ele acariciasse os seus cabelos como sempre fazia. Magnus adorava seus cabeços. Mas ele continuou com o olhar distante segurando a sua pequena flor do campo.

- Eu pensei que estava fazendo o melhor para você, mas eu estava enganado. – Chorou lembrando-se da burrice que havia feito... – Eu pensei que você ficaria melhor sem mim e meus problemas, mas eu estava errado. Eu só estava tentando te proteger, mas acabei ferrando ainda mais com a sua vida. Eu sinto muito, meu amor.

Ficou longos minutos esperando um afago que não vinha. A flor era mais importante para ele.

- Foi a minha mãe, ela quem fez a denúncia. – Voltou a chorar. – Ela me disse que você iria apodrecer na cadeia caso eu não o deixasse.


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Sinto muito se deixei vocês triste ou até mesmo irritados comigo, mas quando eu idealizei essa história eu fiz um pequeno cronograma dos acontecimentos e infelizmente chegou na parte desagradável.

Desculpem qualquer coisa e um grande beijo no coração.

PS: Quem viu a segunda temporada de Shadowhunters na terça pela Netflix? Eu quase tive um treco com o Alec pedindo desculpas para o Magnus. Morrendo de curiosidade para ver o primeiro encontro deles.  

Nosso céu Particular ( Malec )Where stories live. Discover now